Mídia

Nova logomarca do Itaú gera controvérsias no mercado

Uma simples zoação do banco mineiro no X desencadeou um debate acalorado sobre propriedade intelectual. Entenda toda a polêmica


Anos atrás seria impensável zoar publicamente de uma grande ação de marketing protagonizada por uma das maiores instituições financeiras do país. Mas os tempos mudaram e o Itaú Unibanco está passando por um constrangimento do tamanho da campanha de lançamento da sua nova logomarca alusiva ao centenário.

Após lançar nesta quinta-feira (7) a nova marca onde sai o azul de fundo e as letras em amarelo para entrar uma tipologia branca sobre o laranja, o Itaú foi parar no Trending Topics do X (ex-twitter). Tudo porque muita gente viu várias semelhanças entre a nova marca da empresa centenária e o logotipo do Inter, banco digital com sede em Belo Horizonte fundado em 1994. 

O próprio Inter, em suas redes sociais, ironizou a situação, sem citar o concorrente usando um meme e a frase “Pode copiar, só não faz igual”. Confira: 

Até aí tudo bem, um banco pequeno, comparado ao itaú, aproveitando a onda.

Mas a reação do gigante mostrou que o banco acusou golpe e que as mentes do marketing não previram isso. 

Então, a marca que coloca a modernidade como umdos seus atributos preferiu responder em uma nota sisuda e tradicional para imprensa, destacando que o seu novo projeto de design de marca recorreu ao histórico da identidade visual e que a cor laranja foi introduzida no logo na década de 1970.

“O Itaú Unibanco esclarece que seu novo projeto de design recorreu à história: do tupi-guarani, Itaú significa pedra preta. Na nova paleta cromática, o laranja tem sua relevância histórica destacada com mais protagonismo. Tons de azul ganham vida para identificar os segmentos Uniclass e Personnalité, enquanto Itaú BBA e Private se apropriam ainda mais dos tons escuros. O símbolo, que representa a pedra, foi lapidado e se apresenta em uma forma mais orgânica e fluida.”, disse.

O banco também complementou que “a essência da marca Itaú foi construída ao longo de décadas e com o brilhantismo de grandes nomes, como Aloízio Magalhães, nos anos 60; Francesc Petit, que introduziu a pedra ao logo do Itaú e o laranja na identidade, nos anos 70; e Alexandre Wollner, que destacou o laranja em nossas agências, nos anos 80, e sistematizou a marca com consistência e escala. Eles permaneceram como inspirações para que o novo projeto tornasse a marca mais humanizada, orgânica e contemporânea.”

O site Midia e Marketing do Uol foi umas das trincheiras escolhidas pelo banco.

Na matéria Itaú e Inter: ‘nenhuma marca tem a propriedade exclusiva sobre uma cor’ o jornalista Renato Pezzoti recolheu depoimento de diversos especialistas que saíram em defesa do gigante bancário, o que tornou a história ainda mais estranha porque o Inter fez apenas uma brincadeira. Ninguém reclamou propriedade de cor ou layout, pelo menos até agora. 

Certamente o banco vai acertar o rumo mas não se pode negar que entrou no centenário com o pé esquerdo.

 

Entenda a estratégia de lançamento do Itaú 

O banco deu um importante passo em sua jornada de transformação e preparação para seu próximo centenário. Com o objetivo de fortalecer seu papel na vida e na história de cada cliente, investidor e colaborador, o banco abriu as comemorações pelo seu aniversário de 100 anos com o lançamento de uma nova expressão de marca e um novo conceito institucional, o Feito de Futuro, que convida as pessoas a refletir sobre o tempo, legado e longevidade.

“A vida dos nossos clientes está sempre em movimento e o Itaú evolui junto com eles. Temos promovido uma intensa agenda de transformação no nosso negócio e na forma de entregar mais valor. Chegou o momento da nossa marca refletir tudo isso”, destaca Eduardo Tracanella, diretor de Marketing do Itaú Unibanco.

O Itaú vem evoluindo para atender a cada perfil de cliente com base em suas necessidades, processo viabilizado por investimentos em plataformas modernas de tecnologia em nuvem, inteligência artificial e o desenvolvimento de talentos. Tudo pensado para entregar a melhor experiência digital e o melhor atendimento humano especializado. 

“Em seus quase 100 anos de história, o Itaú busca ser um banco ainda mais próximo, ágil e pronto para oferecer o que cada cliente precisa, em cada momento da sua vida”, acrescenta Tracanella.

Há 100 anos, Feito de Futuro

Entre fusões e aquisições, o Itaú Unibanco construiu um legado de solidez, sem esquecer de seus valores essenciais, como a cultura de inovação e a capacidade de se transformar. O banco foi pioneiro em inúmeras iniciativas consideradas revolucionárias para a época e que se tornariam padrão para a indústria, como o lançamento do primeiro caixa eletrônico, em 1983, passando pelo primeiro app bancário, cartões com chip e, mais recentemente, o uso da computação quântica e da inteligência artificial, que permitem uma visão integrada do cliente e a oferta customizada de soluções financeiras.

A história da instituição teve início em 1924, época em que João Moreira Salles recebeu a patente de banco para a Casa Moreira Salles no estado de Minas Gerais. Em 1943, em São Paulo, Alfredo Egydio de Souza Aranha fundou o Banco Central de Crédito, que mais tarde se tornaria o Itaú. Em 2008, essas duas instituições se fundiram e deram origem ao atual Itaú Unibanco, o maior banco e a marca mais valiosa do Brasil e da América Latina.

Permanecer contemporâneo, comemorando o passado enquanto molda o futuro foi a reflexão que deu origem ao novo posicionamento ‘Feito de Futuro’. 

“Ser feito de futuro é ter capacidade de perpassar os tempos e permanecer relevante, se reinventando. Esse movimento é um convite para que todos se inspirem e valorizem o tempo, a longevidade e o legado que cada um constrói em suas vidas”, destacou Thaiza Akemi, superintendente de Marketing do Itaú Unibanco.

A nova marca: essência escrita em pedra

O novo projeto de design recorreu à história: do tupi-guarani, Itaú significa pedra preta. O novo sistema de identidade visual renova não apenas a marca institucional, mas também a expressão de todos os segmentos e perfis do banco. Na nova paleta cromática, o laranja tem sua relevância histórica destacada com mais protagonismo. Tons de azul ganham vida para identificar os segmentos Uniclass e Personnalité, enquanto Itaú BBA e Private se apropriam ainda mais dos tons escuros. O símbolo, que representa a pedra, foi lapidado e se apresenta em uma forma mais orgânica e fluida.

Foram 22 meses de trabalho, mais de 70 estudos de cores, cerca de 100 estudos tipográficos e outros tantos de logotipia, que reavaliaram forma, cor, fontes, grafismos e expressões. Tudo realizado pelo time interno de branding em parceria com especialistas. A americana Pentagram foi escolhida para consultoria estratégica, sob a liderança de Michael Bierut, um dos mais renomados designers da atualidade. Fabio Haag completou a equipe multidisciplinar, com seu olhar refinado para a tipografia.

O desafio foi respeitar um legado tão sólido, mas sem perder a capacidade de ousar. 

“Nossa essência foi construída ao longo de décadas e com o brilhantismo de grandes nomes, como Aloízio Magalhães, nos anos 60; Francesc Petit, que introduziu a pedra ao logo do Itaú e o laranja na identidade, nos anos 70; e Alexandre Wollner, que destacou o laranja em nossas agências, nos anos 80, e sistematizou a marca com consistência e escala. Eles permaneceram como inspirações para que o novo projeto tornasse a marca mais humanizada, orgânica e contemporânea”, esclarece Clayton Caetano, superintendente de Design do Itaú Unibanco.

Para Tracanella, evoluir a marca mais valiosa do país é uma enorme responsabilidade, mas não havia momento mais apropriado para isso. 

Quando falamos de marca, estamos falando de cultura, de proposta de valor, de experiência, de narrativa e de expressão. Todas essas mudanças já estão acontecendo de dentro para fora do banco há alguns anos. Por isso, trazemos com todo esse movimento a consistência de quem está aqui há muito tempo, impactando de forma tangível a vida das pessoas, tendo nossa essência e os valores escritos em pedra”, conclui o executivo.

Fotos: Divulgação