“Acumulo de parafernalha” ou “estratégia criativa para atrair a atenção do consumidor”? Quando pensamos nos eventos, sendo eles corporativos ou de entretenimento, as opiniões sobre a estratégia de live marketing ficam divididas.
A Gabriela Sterenberg, especialista em marketing e professora da ESPM, foi no ConaRH, aquele evento do incidente da Bradesco Seguros e, ao se deparar com uma espetacularização dos estandes, foi ao seu Linkedin questionar os seus colegas de profissão:
“Será que toda essa parafernália é realmente necessária? Ou estamos nos perdendo em meio ao brilho das luzes piscantes e esquecendo o que realmente importa? (…) Será que não seria mais inteligente focar no que as empresas realmente têm de melhor— soluções, serviços, produtos —em vez de queimar rios de dinheiro em um show de luzes e cores que, no final vai tudo para o lixo”.
A publicação, em que abordava o assunto com o seu olhar de especialista, trazia questionamentos que também englobavam as condições de trabalhos dos responsáveis pela montagem do espaço e a perda da verdadeira essência das feiras e eventos. Agora, o foco parece ser nas filas gigantes em troca de brindes.
Dessa forma, podemos refletir, essa estratégia de live marketing está prejudicando o formato dos das feiras e eventos? Ou será que são fatores necessários para chamar a atenção do público, indo de acordo com o comportamento da sociedade atual?
Equilíbrio: o grande desafio
“No caso especificamente de feiras, a superprodução de estandes traz à tona uma questão importante sobre o equilíbrio entre a forma e o conteúdo. Por um lado, os recursos visuais e tecnológicos são ferramentas poderosas para atrair e envolver o público, especialmente em um cenário onde a competição por atenção é cada vez mais acirrada“, diz Gabriela em entrevista para o Promoview.
Segundo Sterenberg, que leciona justamente sobre Estratégias de Relacionamento com Clientes, é necessário entender, antes de tudo, se os artifícios estão sendo usados para amplificar a mensagem da marca ou apenas criar algo passageiro.
“O live marketing, quando bem executado, tem o potencial de criar experiências memoráveis e significativas. Mas, ao exagerar na produção e priorizar elementos de impacto visual, há o risco de diluir a essência do que o evento deveria transmitir. Soluções inovadoras, serviços relevantes e produtos de qualidade devem ser o centro da experiência, e não apenas um pano de fundo para uma grande performance“, explica.
Hoje em dia, no cenário pós pandemia, o público busca conexões reais com marcas que se identifiquem e as experiências off-line são um bom caminho para estabelecer uma relação. Entretanto, é importante manter a autenticidade.
De acordo com Gabriela, “o grande desafio é encontrar o equilíbrio: utilizar os recursos de forma estratégica, para complementar e reforçar a mensagem central, e não para ofuscá-la. Se a superprodução não estiver alinhada com uma mensagem clara e soluções tangíveis, ela pode, sim, fazer com que os eventos percam suas verdadeiras essências“.
Mercado em transformação
Por outro lado, um dos 240 comentários foi o do Mateus Araujo, Head de Marketing e Branding na Wise, que pareceu discordar um pouco dessa ideia de exagero. O especialista em produção de eventos e branding acredita que esses novos fatores são algo positivo. “A percepção antiga de que feiras e eventos eram monótonos e cansativos está passando por uma verdadeira transformação”, comenta de inicio.
As ferramentas utilizadas para personalização, como o uso de inteligência artificial, também tornam a disputa ainda mais acirrada. Isso sem levar em conta as distrações externas, como o uso de celulares e outros dispositivos móveis, que também entram na concorrência.
Para o head, “as marcas precisam se destacar em meio a diversos estímulos. Cada participante que visita um estande é uma oportunidade valiosa para geração de leads, e em um ambiente competitivo, captar a atenção se torna um desafio constante. Um simples olhar para o celular pode fazer o participante perder o interesse no que está ao seu redor”.
Nesse contexto, Mateus entende que a utilização de mecanismos atrativos podem ser essenciais para as equipes de marketing. “O uso de elementos como telões de LED, brindes e atividades interativas não é um mero excesso, mas uma resposta direta à necessidade de atrair e manter a atenção do público. Esses recursos são estratégias essenciais para movimentar o estande e garantir o sucesso da marca no evento”, complementa.
Em resumo, o especialista em branding não acredita que o live marketing esteja fazendo com que os eventos percam a sua essência, como perguntando. E finaliza: “Os participantes de feiras como a Conarh estão lá por três motivos principais: assistir às palestras, conhecer soluções que podem ajudar suas empresas e fazer networking. O fato de um estande ser mais ou menos atrativo não interfere nos objetivos principais do evento, que são: a troca de conhecimento e a geração de negócios. A essência permanece intacta”.