O anúncio dos grupos do torneio de futebol feminino nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando o Brasil enfrentará na primeira fase as seleções da China, Zâmbia e Holanda, não é visto no mundo esportivo apenas como uma nova oportunidade de buscar o ouro, ainda inédito para as brasileiras.
A grande movimentação de torcedores, patrocinadores, imprensa e até do mercado global de transferências em torno da modalidade confirma a ascensão das mulheres no futebol nos últimos anos – o que demonstra o seu imenso potencial não apenas em termos de monetização, mas também pelo que isto representa na busca pela igualdade de gênero.
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Mesmo em meio à pandemia, o futebol feminino continua registrando avanços importantes no Brasil e no mundo.
Balanço divulgado pela Fifa em fevereiro aponta que as transferências internacionais de jogadoras no início do ano, embora tenham se mantido praticamente estáveis em números absolutos, movimentaram mais de US$ 310 mil, ou cerca de R$ 1,68 milhão na cotação atual.

Esse montante é 60% acima do registrado na janela de transferências do começo de 2020.
A Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019, realizada na França e que sagrou o tetracampeonato dos EUA, já havia comprovado essa tendência ao registrar uma audiência recorde de 993 milhões de telespectadores na TV e outras 482 milhões de pessoas que acompanharam o torneio pelas plataformas digitais, de acordo com dados da consultoria Deloitte.
A audiência média global, de 17,3 milhões de telespectadores por partida, representou mais do que o dobro da que havia sido registrada na Copa do Mundo feminina de 2015, realizada no Canadá, quando houve 8,4 milhões de telespectadores por jogo.
A final do mundial feminino de 2019, com a vitória dos EUA sobre a Holanda por 2 a 0, em Lyon, teve uma audiência 22% superior à final do torneio masculino de 2018, que coroou o bicampeonato da França com vitória por 4 a 2 sobre a Croácia, em Moscou.
A próxima edição da Copa do Mundo feminina será realizada em 2023 na Austrália e na Nova Zelândia – e a expectativa é de que a audiência global da modalidade cresça ainda mais.
Segundo a Deloitte, o crescimento dos esportes femininos em todo o mundo pode entregar aos patrocinadores uma melhor relação custo-benefício do que os seus equivalentes masculinos.
A maior facilidade de fechar negócios e a esperada curva de crescimento mais íngreme nos próximos anos são outros pontos que também contam a favor das modalidades praticadas pelas mulheres, aponta a consultoria.
Perspectiva nacional
No Brasil, a maior adesão dos clubes ao futebol feminino e o crescimento de competições como Campeonato Paulista, Campeonato Carioca e Brasileirão das séries A1 e A2 hoje conquistam mais atenção do público.
O crescente potencial de geração de receita das equipes femininas e a atração de marcas renomadas ajudam a explicar esse movimento.
Foi justamente com o apoio de novos acordos de patrocínio que alguns clubes não só retomaram a prática da modalidade feminina como ainda conquistaram resultados dentro de campo.
O Botafogo, por exemplo, firmou em dezembro de 2020 um contrato com Centrum, marca da GSK Consumer Healthcare, resultando no primeiro acordo da história do clube para patrocinar simultaneamente as equipes masculina e feminina de futebol.
O contrato, válido até o fim de 2021, foi fechado depois que o glorioso retomou o futebol feminino em 2019, após alguns anos de inatividade.
Já com o apoio do novo patrocinador, o elenco feminino do Botafogo conquistou em janeiro o acesso à elite nacional, após o vice-campeonato do Campeonato Brasileiro Feminino Série A2 de 2020 (encerrado em 2021, por conta da pandemia), e levantou em março a taça do Campeonato Carioca Feminino da temporada 2020/2021.
O acordo entre Botafogo e Centrum não se limita à exposição da marca nos uniformes e também deu origem ao projeto Botafogo Seguro – cujo propósito é proporcionar maior segurança para os atletas e todos os profissionais envolvidos na realização do futebol durante a pandemia.
Além disso, o Nilton Santos se tornou o primeiro estádio do pais a adotar protocolos específicos de segurança.
A iniciativa também contempla o incentivo e a valorização do futebol feminino, que sofreu grande impacto pela COVID-19.
O objetivo é assumir o compromisso de valorizar e investir na retomada dessa categoria como uma das ações de combate aos efeitos da pandemia, incentivando a presença da mulher no esporte.
Homenagem às atletas
A perspectiva é de que a evolução do futebol feminino continue atraindo o interesse de mais marcas interessadas em explorar a crescente visibilidade da categoria – além de gerar mais reconhecimento da modalidade.
Um exemplo disso aconteceu no começo de abril, quando as jogadoras do Botafogo receberam placas especiais para celebrar a conquista do Campeonato Carioca 2020/2021.
A homenagem, uma iniciativa do clube em parceria com a marca Centrum, foi feita para as 28 atletas que integram o elenco campeão, além do técnico Glaucio Carvalho e da coordenadora de futebol feminino Rose de Sá.