A alegria e o orgulho dos moradores de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, de receber o Papa Francisco durante os eventos da Jornada Mundial da Juventude, em julho, se misturam à preocupação de como será a vida no bairro nos três dias em que o bairro será palco de missa e da Via Sacra.
Eles lamentam não terem sido consultados para colaborar e apresentar sugestões para a logística dos eventos, de modo a não atrapalhar a vida no bairro.
Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira (15/05), o prefeito Eduardo Paes anunciou que o esquema de fechamento de Copacabana vai seguir os modelos adotados em outros eventos na praia.
Para a missa de abertura da JMJ, no dia 23/07, a prefeitura vai usar o esquema dos shows na praia. Já para a Missa da Acolhida e a Via Crúcis, nos dias 25 e 26/07, será adotado o esquema do réveillon. O planejamento ainda não está concluído.
Presidente da Sociedade dos Amigos de Copacabana (SAC) e do Conselho Comunitário de Copacabana e Leme (criado pela Secretaria estadual de Segurança Pública), Horácio Magalhães, diz que os moradores estão apreensivos com a falta de informações sobre os esquemas de trânsito, transportes e segurança do bairro.
“Não fomos consultados para nada. Não somos contra a visita do Papa. Ao contrário, nos sentimos honrados. Tanto que estamos pensando até numa forma de homenageá-lo. Mas os moradores não podem ser sacrificados por planejamentos equivocados, que não levam em conta a opinião de quem mais entende da vida do bairro: o morador”, explicou Magalhães.
O presidente da SAC lembra que, por exemplo, os moradores já se fizeram ouvir quando da realização da Parada Gay, em Copacabana. E em reuniões com os organizadores do evento e com a Prefeitura do Rio, conseguiram chegar a um consenso para o evento que reúnem público de mais de um milhão de pessoas.
Magalhães lembra que ficou acordado que em vez de 20 trios elétricos, apenas 13 desfilariam, assim como foi estabelecido horários para testes de som, decoração dos trios e término do evento.
Mais do que isso, os moradores conseguiram que as áreas ao redor de tapumes da orla fossem iluminadas e fossem instaladas torres de policiamento da PM em pontos estratégicos para evitar roubos, furtos e algum tipo de má conduta.
Segundo Magalhães, os moradores temem que o planejamento para os eventos da JMJ acabem por cercear o direito de ir e vir, como aconteceu no show de Roberto Carlos, realizado na praia, em 2010.