Experiência de Marca

Desunidos, perdemos mais uma. Somos só executores?

Não bastasse a “covardia” que fazem alguns clientes que NÃO PAGAM por nossa criação, por nossas ideias, a gente agora passou a ser executor de brilhantes ideias de agências de publicidade que, embora as tendo, não sabem como executá-las, e/ou nem querem, por conta do trabalho.

Publicado originalmente em 13/11/12.

Eu nem queria escrever esse texto. Sei que muita gente vai criticar dizendo que é choro de perdedor, papo de quem não se conforma com o óbvio, que isso faz parte do jogo…

É, é verdade. Talvez seja isso mesmo. Mas, poxa vida, a gente se esforça, briga, luta, grita, se expõe na esperança de que o nosso mercado seja tão integrado, tão unido quanto são as Agências do mercado publicitário e de Design, e, no entanto, acho que a ideia de “bellow”, de que somos fornecedores, tornou-se uma cômoda opção para alguns.

Não bastasse a “covardia” que fazem alguns clientes que NÃO PAGAM por nossa criação, por nossas ideias (isso porque o mercado publicitário, dono de contas, sabe muito bem onde e como cobrar pela ideia), a gente agora passou a ser executor de brilhantes ideias de Agências de Publicidade que, embora as tendo, não sabem como executá-las (algumas, claro), e/ou nem querem, por conta do trabalho (e eu já vi esse filme no passado.).

Estamos voltando a afundar na linha? Estamos vendendo ao cliente a ideia que já imperou e, pelo jeito, volta com força, que sabemos fazer, produzir, mas criar e inovar, não? Parece que sim.

Neste final de semana, estive fazendo parte do Júri do Festival da ABP. Na verdade, as inscrições e a escolha do Júri ficou a cargo da AMPRO Rio. Tamara Araújo, nossa Diretora Adjunta, coordenou com brilhantismo todo processo, em especial a votação das peças, tendo a Carol Monteiro, Assistente da Regional, seu braço direito nas inscrições e separação das peças por categoria.

Desde o início, apenas Agências de Publicidade inscreviam-se no prêmio Promo e elas me sinalizam isso com temor. Nenhum problema, pois sabemos que muitas Agências de Publicidade fazem Ação Promocional sozinhas ou coadjuvadas por Agências Promo parceiras ou terceirizadas. O problema é que não havia inscrição de Agências 100% Promo mesmo.

A ABP mandou dois e-mails com nossa lista de Agências Promo no Rio, nós mandamos três e-mails, eu mesmo liguei para algumas pedindo inscrições de cases e trabalhos geniais que conheço para Diretores e amigos e… nada.

Apenas cinco Agências Promo inscritas proporcionaram o que eu imaginava. De um total de quase sessenta peças inscritas, em quatro categorias, nenhum ouro foi concedido a uma Agência 100% Promo, o Grand Prix e a Agência do Ano foram ganhos por uma brilhante Agência de… Publicidade.

Não estou aqui questionando o resultado. Quando votamos, não sabíamos para que Agência ia nosso voto. Votamos com isenção e ética na criatividade, na inovação, na produção e no trabalho que víamos. Escolhemos o que havia de melhor dentre o que recebemos.

Falo da inércia, da omissão. Vivemos reclamando do espaço que perdemos, da intromissão das Agências de Publicidade nos clientes a dizer que fazem o que nós fazemos, do comportamento do cliente que não nos trata como estratégicos, da falta de oportunidade para mostramos o quão somos inovadores e criativos, mas não aprendemos ainda a fazer o Marketing de nós mesmos, como tão bem fazem as Agências de Publicidade. Não entendemos que os prêmios ainda são, sim senhor, uma maneira de nos colocarmos frente ao mercado de Comunicação e ao cliente, na busca do espaço e da oportunidade.

E não me venham com historinhas que no Globes ou no Colunistas o pessoal se inscreve, porque é só ver que mesmo neles, cada vez mais as Agências de Publicidade mostram ao que vieram.

É isso. Perdemos mais uma. Que seja a última. Espero que, no ano que vem, no Globes em especial, em Cannes, no Colunistas e na ABP, os nomes das Agências Promo sejam os mais ouvidos quando apresentados o ouro, o grand prix e a Agência do Ano, porque, se não, outra linha surgirá a dividir-nos. E eu não vou ficar embaixo de nada, nem de ninguém, como criativo, irei pra onde a criação e a inovação me chamarem.