Experiência de Marca

5 reflexões criativas de brand experience a partir do Carnaval da Sapucaí

Fui pelo segundo ano a convite de algumas marcas e camarotes vivenciar esse espetáculo, e saí dessa experiência com alguns insights e reflexões criativas que podem ser aplicadas às experiências de marcas.


O-Carnaval de 2023 da Sapucaí, mais conhecido como “O Maior Espetáculo do Planeta” não tem esse nome à toa, pois trata-se do maior evento do mundo. Pra começar que ele já acontece em cima de uma avenida que por si só já é um evento a parte, A Avenida do Samba, inaugurada em 1984 e assinada pelo saudoso arquiteto Oscar Niemeyer

A estrutura do sambódromo, construída com pré-moldados de concreto, possui 700 metros e capacidade para aproximadamente 90.000 espectadores. Fui pelo segundo ano a convite de algumas marcas e camarotes vivenciar esse espetáculo, e saí dessa experiência com alguns insights e reflexões criativas que podem ser aplicadas às experiências de marcas.

1. O Poder do Storytelling – Ideias Fortes são Ideias com um Storyteling Potente

Storytelling é a arte de contar histórias para engajar uma audiência, e é exatamente o que acontece nos enredos das Escolas de Samba na Sapucaí. Nas escolas de Samba o fio condutor de todas as entregas e ações que acontecem em cada um das Escolas é o Storyteling, ele que une todas as alegorias que juntas têm mais força do que quando vistas separadamente. 

Todo Storyteling tem um fechamento, mas nem sempre precisa ser um final feliz. A solução da sua história deve envolver todos os acontecimentos, providenciar um contexto em torno dos personagens e dos conflitos, e no caso do Brand Storyteling entregar para audiência da marca um call-to-action em formato de experiência que conecte toda a história.

2. Seja Audacioso na entrega das Experiências

Existem milhares de experiências de marca acontecendo todo mês no Brasil, a melhor forma de se diferenciar e realmente chamar atenção é extrapolar os seus próprios limites criativos e ter audácia para desenvolver propostas que vão além do esperado. Essa reflexão me veio a partir do momento que vi a alegoria que fazia referência ao Deus Baco pela Vila Isabel, o carro retratava a festa do deus Baco, com vários casais homo e heteronormativos bebendo vinho em uma festa da uva, como na Grécia Antiga. 

Já seria suficientemente chocante para boa parte das pessoas o carro com casais e trisais, aparentemente bêbados, se beijando e se acariciam celebrando o amor livre na Sapucaí, mas como o Paulo Barros foi além? Não bastavam as pessoas estarem bêbadas, os carros alegóricos também estavam e se movimentavam como se fossem mais uma pessoa da festa da uva da Vila Isabel. Essa audácia que ganha tamanha repercussão, a ousadia combinada com a criatividade geram experiências inimagináveis.

3. Arte como ferramenta e meio

Sou uma completa defensora da arte como inspiração, meio e ferramenta para projetos de marcas, e na Sapucaí pude ter um exemplo claro de quando a experiência e a arte se misturam de tal maneira que é impossível separá-las. 

Um exemplo é o Seu Jorge da Vila Isabel. Trata-se de uma enorme escultura de arte contemporânea, que logo após o desfile das Campeãs será levada para Miami, onde será exposta como uma peça de arte, imortalizando a alegoria e o desfile da escola de Samba. A obra é assinada pelo artista Alex Salvador, que fez trabalhos para o Festival de Parintins, no Amazonas, e já colaborou com escolas como Mocidade e Portela.

4. O tecnológico nem sempre é o mais inovador

Tendemos a achar que quanto mais tecnologia e inovação digital trazemos para as experiências, mais inovadoras elas são, mas esquecemos que o diferencial muitas vezes pode estar no tradicional, principalmente quando precisamos de uma essência verdadeira da marca e/ou produto em Brand Experience. ‘Pelos cantos do Sertão’ é o nome da comissão de frente da Imperatriz, e foi um retrato vivo do efeito da tradicionalidade em meio a uma experiência para milhares de pessoas, pois a comissão foi apresentada através de um teatro, uma das mais primeiras formas de arte do mundo. 

A comissão sintetizava o enredo com doses de humor e picardia. Uma espécie de teatro mambembe, que é uma criação teatral a partir de elementos da comédia de costumes e do circo-teatro. O teatro “Mambembe” surgiu no século XII, idade média, na Europa, quando artistas – atores, malabaristas, cantores, etc. – fugindo da repressão da igreja começaram a viajar em carroças apresentando seus espetáculos, e eram chamados de “Saltimbancos” (do italiano “Saltare in banco”).

5. A música Conecta

Mais uma vez, citaremos a escola campeã de 2023 como uma referência e inspiração, coincidência? Ao contrário do que se esperava, a Imperatriz Leopoldinense não entrou na avenida com um samba, e sim com um forró, e terminou aplaudida em seu desfile. 

A bateria da Escola de Samba do Mestre Lolo foi reforçada com triângulos e zabumbas, trazendo uma musicalidade pautada pela nordestinidade, misturando forró, xote, xaxado e conectando as mais de 120 mil pessoas da Sapucaí que, ao fim do desfile, cantavam o refrão calorosamente. Além de uma merecida nota máxima, musicistas, críticos, artistas e compositores atestaram em artigos e matérias o que quem estava na Sapucaí sentiu: o poder de conexão de uma boa música