Enquanto os países ricos e os em desenvolvimento travam uma verdadeira batalha para chegarem a um acordo climático, embora esteja claro que o resultado, por melhor que seja, não será suficiente para enfrentar a mudança climática, o presidente do México, Felipe Calderán, assumiu o discurso verde na manhã de domingo (05/12), ao inaugurar um evento paralelo à COP-16, o “Green Solutions”. Para uma plateia de executivos do setor privado, Calderán afirmou que é “falso o dilema entre desenvolvimento econômico e combate ao aquecimento global”.
Anfitrião da conferência, Calderán ainda defendeu a aprovação do “Mecanismo de Emissões por Desmatamento e Degradação” (Redd), sistema que define preços para manter a floresta em pé que muito interessa ao Brasil porque cria alternativas de financiamento. O Redd tem tudo para ser aprovado durante a COP-16, além de ser, segundo as palavras de Calderán, um “negócio rentável”.
Calderán foi a grande estrela da abertura oficial do evento Green Solutions ao defender que as tecnologias ecologicamente amigáveis podem ajudar a reduzir as desigualdades e atingir a base da “pirâmide social”. Ele citou como exemplo uma recente política pública adotada em governo, que foi a promoção da modernização dos fornos das pequenas vendas de tortilla, que, por serem antigas, aumentavam as emissões de gases de efeito estufa e ainda reduzia o ganho dos pequenos comerciantes.
Nem a ausência do famoso e convincente porta-voz do aquecimento global, o ex-vice-presidente do governo Bill Clinton, Al Gore, não chegou a comprometer o evento. Seu nome constava da programação oficial, mas Al Gore não compareceu. Era uníssono entre os palestrantes na abertura do Green Solutions, que está cada vez mais difícil os Estados Unidos assinarem um compromisso na COP-16.
Em meio a exemplos verdes que já comecam a ser pensados pelo setor privado, o presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) , o indiano Rajendra Pachauri, aproveitou para dar um puxão de orelha nos empresários ao admitir seu espanto com o elevado gasto mundial com publicidade, algo em torno de US$ 600 milhões este ano, podendo chegar a US$ 2 bilhões em 2020: “Se pagam tanto para vender seus produtos, porque não separam uma pequena porcentagem para investir em tecnologia limpas?”
A expectativa de Pachauri é que o setor privado não fique de braços cruzados esperando acordos internacionais, que podem inclusive não ser fechados durante a COP-16. Alternativas já comecam a ser pensadas e muitas delas estão sendo apresentadas no evento Green Solutions. A expectativa do governo mexicano é que o encontro paralelo à COP-16 seja um espaço para fechar negócios e que o México venha a receber, nos próximos cinco anos, investimentos verdes que somem US$ 500 milhoes.
No dia de hoje (08/12), último dia do encontro, o presidente da Ericsson para América Latina, Sérgio Quiroga, deverá anunciar um acordo internacional, batizado de “Acordo de Guadalaja”, que está sendo costurado há alguns meses entre as empresas de tecnologia mundiais. O setor, que é hoje esponsável por 2% das emissões globais de gás carbônico, pretende chegar a 2020 contribuindo com uma redução de 15% nas emissões de gases de efeito estufa.
O diretor-presidente da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em ingles), Nobuo Tanaka, defendeu o fim dos subsídios a indústria de petróleo.
Fonte: Liana Melo/O Globo.