Experiência de Marca

CR7: uma aula de marketing esportivo

Os que ainda não entendem bem o que é marketing esportivo podem tomar uma boa lição com a transferência de Cristiano Ronaldo para a Juventus.

Os que ainda não entendem bem o que é marketing esportivo podem tomar uma boa lição com a transferência de Cristiano Ronaldo para a Juventus.

Em apenas 24 horas após a apresentação de CR7, “La Vecchia Signora” ganhou uma valorização de marca calculada em 200 milhões de dólares. Também em 24 horas a Juve vendeu 520 mil camisetas com o nome do português nas costas.

Em termos comparativo, em todo o ano passado, a Juventus vendeu pouco mais de 800 mil camisas, número que deverá ser superado com tranquilidade, após a chegada de CR7.

Traduzido em grana (e levando em conta que uma camiseta oficial custa em torno de 65 Euros), o faturamento só em camiseta com o número 7 e o nome de Cristiano rendeu 33,8 milhões de Euros, algo em torno de 140 milhões de Reais.

Como o clube fica com um percentual entre 5% e 20% do valor da mercadoria, só nesse dia e apenas com a venda de camisetas de CR7, a Juventus embolsou entre R$ 6 milhões e R$ 28 milhões de Reais. Olhando só esses pequenos números iniciais dá pra ver que está mais que justificada a “loucura” de pagar 117 milhões de Euros (uns R$ 500 milhões) por um atleta de 33 anos de idade. Até porque não é um atleta qualquer.

CR7 é uma máquina no campo e no marketing. Basta comparar a venda das camisetas: enquanto ele vendeu 520 mil no primeiro dia, Neymar vendeu dez mil nas primeiras 24 horas de PSG – e chegou a 120 mil no primeiro mês. O números de Neymar já eram considerados extraordinários. O que dizer dos de Cristiano?

A chegada do português coloca a Juventus em um novo patamar, no esportivo e no financeiro. Não falta quem agora se ofereça para La Vecchia Signora, pela possibilidade de estar ao lado de CR7. E o torcedor responde: já estão esgotados todos os carnês – os ingressos antecipados – para os jogos da Juve em casa. E olha que os valores foram majorados em 30%. Nesse item, o clube italiano deve arrecadar outros 30 milhões de Euros – quase R$ 130 milhões.

Tudo fruto de um planejamento, tanto no que cabe ao time quanto à Liga italiana e ao jogador. Sim, porque Cristiano é uma marca forte, bem administrada e que rende frutos na forma de gols e de Euros. Muitos gols. E muitos, muitos Euros.

Futebol brasileiro perde valor de marca

O Brasil ainda segue uma marca importante no futebol mundial. Mas muito em função de seus craques, sem relação com a organização do futebol brasileiro. Basta lembrar, entre as três mais caras transações do futebol mundial, duas são de brasileiros – Neymar e Coutinho; o outro é Mbappé, seguido de CR7. Em compensação, o campeonato brasileiro não tem valor significativo no mercado internacional.

O calendário é horrível, a desorganização ainda é muito presente e os escândalos – entre dirigentes metidos em corrupção ou entre torcedores que se engalfinham feitos selvagens – se repetem. Para ficar num comparativo com o mercado latino, o campeonato argentino é muito mais valorizado como competição que o Brasileirão. Perdemos para pelo menos uma dezena de ligas europeias e começamos a perder até para asiáticos.

O fenômeno CR7 bem poderia ensinar aos dirigentes brasileiros o que é marketing esportivo. É muito mais que pirotecnia. É planejamento, desenvolvimento de marca e entrega de produto de qualidade.