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Celacanto provoca maremoto. Agir também

Um dos erros mais comuns em momentos de crise é a teimosia, a apatia e a falta de coragem para seguir os instintos.

Um dos erros mais comuns em momentos de crise é a teimosia, a apatia e a falta de coragem para seguir os instintos.

A teimosia é acompanhada quase sempre de empáfia ou ideia errada de que se sabe tudo, que não há erros sendo cometidos, que a culpa dos problemas que, porventura, se esteja passando são dos outros e de outros fatores.

O teimoso não reavalia suas atitudes, não muda suas atitudes. Uma vez que a culpa dos erros é do outro (para ele), ele aguarda que os outros mudem, mesmo que os outros não mudem, e ele não sabe, porque seguem suas ordens ou seus passos, porque se mudarem o teimoso os demite ou reclama das péssimas ideias.

A apatia é doença. Tem a ver com a falta de sonho e vontade. O apático fica pensando: “De que adianta? Por que tentar? Por que fazer? Por que sonhar? Não vai dar em nada.”

O apático é um chato. E um perigo. Ele contamina as pessoas como um vírus.

Daí, a falta de coragem para seguir o instinto. O que se consegue, muitas vezes, é perder oportunidades de mudança.

Instinto é coisa forte. Vem, vem e se você não for apático ou teimoso, vai segui-lo. Uns com certo comedimento, ok. Outros com muita criatividade. Outros ainda com certa irresponsabilidade que, quase sempre, se for parada e controlada, pode gerar grandes profissionais, momentos ou empresas.

Em momentos de crise, é bom seguir o instinto.

Isso, porque teimosia provoca cegueira, assim como “Celacanto Provoca maremoto!*”.

Celacanto Imagem 1

Quem tem menos de 35 ou 40 anos de idade, talvez não lembre dessa frase, mas, em 1977, essa estranha e intrigante frase, sob a forma de um grafite começou a aparecer nos muros de Ipanema, no Rio de Janeiro.

Ninguém sabia do que se tratava, e, com o passar do tempo, a frase foi pipocando em outros lugares, e, do Rio, chegou à América do Norte e Europa. Mas seu significado e propósito continuavam um mistério.

Alguns julgavam tratar-se de uma campanha publicitária, um teaser imbatível, outros de uma ação maravilhosa a ser implementada na defesa do mar e do meio ambiente, outros mais, se apropriaram da autoria – já que ninguém sabia do que se tratava – para ganhar notoriedade.

Mas o mistério acabou. O autor da frase é o jornalista carioca Carlos Alberto Teixeira. E a origem de tudo tem a ver com o seriado National Kid, dos anos 60, e uma propaganda dos produtos National, atual Panasonic, que em um de seus episódios tratava sobre os seres abissais, e um deles era o peixe chamado celacanto.

National Kid Imagem 2

O Dr. Sanada, um dos personagens maléficos da trama, dizia: “Celacanto provoca maremoto”. Mas o bicho não provocava nada, quem provocava era um submarino chamado Guilton, que tinha uma boca com uma lâmina dentro, uma viagem completa.

A onda começou quando Carlos Alberto tinha 17 anos de idade, e, com o Celacanto na cabeça, pegou o giz e encheu a sala de aula com tal frase na parede, no quadro-negro, no chão, no teto. Ele ensinou alguns amigos a fazer a pichação “Celacanto Provova Maremoto”, para que houvesse um estilo próprio do grafismo.

O grande up do Celacanto foi quando a galera começou a usar spray. Aí, a equipe chegou a totalizar 25 pessoas, com gente pichando, inicialmente em Ipanema, Leblon e Copacabana até em Washington e em Paris. Um trabalho feito na madrugada, na Zona Sul do Rio, um região de gente “cabeça”, que começou a se perguntar: Ah, Celacanto, o que será isso?

A ideia infantil, o esmero artístico, levaram o Celacanto para o mundo. Virou teaser pra tudo em sua época, ideia para se criar empresa, mote publicitário, frase da moda… E o que ganhou seu autor?

O pai de Carlos trabalhava no Jornal do Brasil e uma das repórteres procurava descobrir o que era o Celacanto. O pai chegou pra Carlos e disse: Carlos, não é uma hora boa para você aparecer? Aí você passa a ser domínio público, é visto como uma figura interessante, e, quem sabe, escapa dessa multa, caso te peguem numa dessas aí de noite.

Carlos topou. A repórter foi em sua casa, tirou fotos e publicou a entrevista com nome, idade, o que ele fazia e tudo o mais. Virou celebridade, fez alguns trabalhos até ser chamado para fazer seu famoso grafite – isso aí, pichar o Celacanto – no cenário do programa da Angélica na antiga TV Manchete. Para isso, ele podia cobrar o que quisesse, pois queriam a pichação original. E Carlos passou o dia pichando para câmeras e daí iniciou sua carreira de jornalista de sucesso.

Mas o que isso tem a ver com a gente?

Tem a ver com o instinto, com ser grande, com ousar, com criar, a partir do nada um caminho diferente para mudar o futuro.

Tem a ver que o Celacanto está provocando um maremoto no nosso mercado e a gente, ao procurar o peixe culpado, está esquecendo de olhar a nossa própria teimosia e apatia.

Deixando de pichar as paredes dos nossos instintos com algo que vem de tempos como eco na nossa cabeça dizendo: me picha, me picha, me picha.

Piche!, piche os muros dos seus sonhos com seu instinto. Quem sabe, a sala de sua agência ganhe uma frase assim.

Celacanto provoca mudanças!

*Dados sobre o Celacanto foram retirados de reportagem no site catalisando.com.