O cenário na América Latina está em plena transformação. Uma semana depois de Maurício Macri terminar com doze anos de 'kirchenerismo' nas urnas da Argentina; Nicolás Maduro também viu a Venezuela pedir mudança nas eleições locais.
No Brasil, uma manobra do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, colocou o mandato da presidente Dilma Rousseff em cheque com a aceitação de um pedido de impeachment para ser investigado pelos próximos meses.
O debate sobre o retorno dos conservadores e neoliberais, o que isso significa para o Mercosul e Unasul e para os projetos sociais dos países latinos; no ano em que o Fórum Social Mundial completará 15 anos, parece estar voltando às suas origens.
O Fórum Social Temático celebrando o aniversário do evento será realizado entre os dias 19 e 23 de janeiro de 2016, em Porto Alegre.
A cidade foi o berço do encontro que surgiu como contraponto aos Fóruns Econômicos de Davos, na Suíça, em 2001. No dia 5 de dezembro, uma reunião entre representantes de movimentos sociais e o membros do comitê organizador discutiu os últimos detalhes do evento.
Em 2016, as conferências e atividades do fórum serão realizadas no Parque Farroupilha, no Auditório Araújo Viana e no Largo Zumbi dos Palmares, enquanto o tradicional Acampamento da Juventude volta ao Parque Harmonia.
A caminhada de abertura, com a participação de convidados nacionais e internacionais, já teve seu trajeto definido: o grupo sairá do Largo Glênio Peres, vai seguir pela Borges de Medeiros e terminar no Largo Zumbi. A organização espera um público de 20 mil pessoas.
Entre os nomes já confirmados estão o sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos; os criadores do fórum, Oded Grajew e Chico Whitaker; o teólogo Leonardo Boff; o economista Ladislau Dowbor e a presidente do World Peace Council, Socorro Gomes.
A lista de convidados – que ainda estão para confirmar – inclui o ex presidente do Uruguai e senador José “Pepe” Mujica; o ex presidente Luis Inácio “Lula” da Silva; a ativista paquistanesa Malala Yousafzai; e o sociólogo espanhol Manuel Castells.
Segundo Mauri Cruz, membro do comitê organizador do Fórum e da Associação Brasileira de Organizações Não-governamentais (Abong), assim como nos anos anteriores, nesta edição o Fórum foi pensado com base em garantir diversidade de gênero, origem social e cultural entre os palestrantes.
“O debate que está sendo colocado é a necessidade de se rediscutir ‘um novo mundo possível’. As organizações e os movimentos buscam convidar pessoas que são críticas ao capitalismo, ao sistema que está aí, a inviabilidade desse sistema para a humanidade e apresentam propostas e sugestões, no sentido de outro mundo possível e necessário.”, explica Cruz.
Mauri lembra ainda que, como o fórum mantém sua essência auto-gestionária, mesas, conferências e outras atividades programadas vão acontecendo de acordo com a vontade do público presente.
“Nosso desafio agora é trazer essa juventude mundial, que está pedindo passagem, de ela enxergar no Fórum Social um espaço onde ela será bem acolhida e bem representada. Sua expressão não vai ser mediada por um governo ou por uma organização institucional.”, acrescenta o membro do cômite.