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Escolha da nova embaixadora da Ambev gera controvérsias

A Ambev declara que o intuito desse projeto nunca foi vincular a imagem da monja com algum produto ou incentivar o consumo.

Um dos principais nomes ligados ao budismo no Brasil, a Monja Coen, agora também é embaixadora da moderação. 

A informação foi divulgada na quinta-feira (12) pela Ambev, que também confirmou que a monja irá ajudar a cervejaria a falar sobre “Limites e autoconhecimento”, enquanto promove a saúde e os limites do corpo, sem abordar qualquer um dos produtos da companhia.

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A marca declara que a parceria “Quer estimular o consumo responsável por meio do autoconhecimento.”, algo que, em seu julgamento, é a chave para a moderação, e declara que tanto a cervejaria, quanto Coen, possuem em comum o objetivo de “Promover o equilíbrio e a moderação, tão necessários ao momento atual.”

Monja-Coen (Foto: Divulgação).

Apesar das boas intenções – e do fato de Coen ter confirmado a parceria há uma semana em live no seu perfil de Instagram, o anúncio não foi bem recebido pelo público nas redes sociais. 

No Twitter e no Instagram, usuários não demoraram a apontar como absurdo e fazer piada com o fato de uma monja, pessoa dedicada a alcançar e ajudar outros a encontrarem paz e equilíbrio, concordar em criar laços com uma fabricante de cerveja, um tipo de bebida que hoje é considerada uma droga depressora – ou seja, pode levar ao vício e desestabilizar o usuário.

“Não me parece que a Ambev esteja preocupada com moderação, autoconhecimento, e muito menos com equilíbrio na hora de consumir seus produtos já que avança em vários nichos do mercado.” escreve a antropóloga Hilaine Yaccoub em publicação para seu perfil de Instagram. 

Doutora em antropologia do consumo, Yaccoub ainda lembra que a companhia já é responsável por 20% do faturamento de cervejas e planeja investimentos em expansões para outras áreas do setor, incluindo vinhos e gin. 

“Daqui a pouco podemos ter padres sendo embaixadores de Rivotril! Será?” ironiza, ao lembrar que o consumo global de álcool cresceu no último ano por conta da pandemia.

Ambev comenta que “O intuito desse projeto nunca foi vincular a imagem da monja com algum produto nosso ou incentivar o consumo e que o objetivo é falar sobre consumo responsável por meio do autoconhecimento, que é chave pra moderação.”

A companhia ainda cita a meta firmada em 2020 para ajudar 2,5 milhões de brasileiros a reduzirem o consumo excessivo de álcool até o ano que vem e reforça que possui um “objetivo em comum” com Coen.