MICE

Setor de viagens corporativas perdeu R$ 100 bi em dois anos de pandemia

Apesar do crescimento de 46% em 2021, faturamento ainda é 47,6% menor que em 2019, aponta levantamento inédito

O segundo dia do Lacte17, o mais importante encontro de gestão de eventos e viagens corporativas da América Latina, a FecomercioSP e a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas, Alagev, lançaram o indicador Levantamento de Viagens Corporativas (LVC).

No LVC é possível entender a perda potencial de faturamento, trazendo a realidade do setor e enfatizando a necessidade de apoio a ele como objetivo de preservação das empresas e dos empregos. Esse estudo compara o desempenho do segmento com a série histórica iniciada em 2011, faturamento de viagens de negócios, mês a mês, de dezembro de 2020 a 2021, e também destaca a tendência para 2022, já considerando a chegada da Ômicron neste início de ano. 

“O estudo apresenta dados relevantes para analisar a retomada do turismo e verificar os próximos passos do mercado. Nos meses seguintes teremos um crescimento mais sólido, mas ainda enfrentaremos problemas da pandemia, economia com inflação e juros elevados. Acredito que, juntos, conseguiremos reconstruir uma categoria mais transparente, igualitária e estruturada”, comenta Giovana Jannuzzelli, diretora executiva da Alagev.

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De acordo com a pesquisa, no ano passado o setor faturou R$ 48,6 bilhões, o que representa crescimento de 46% em relação a 2020. Esse resultado positivo só foi possível por uma conjunção de fatores. O primeiro é que a vacinação avançou e atingiu um percentual importante da população. Depois, as empresas mostraram que estavam preparadas para que houvesse uma reabertura segura, dando condições para a realização de viagens e eventos e, com isso, movimentando toda a cadeia de alimentação, hospedagem e transporte, entre outros.

Apesar do dado favorável, o levantamento ressalta que a comparação foi realizada sobre uma base extremamente baixa, em termos históricos. Em 2020, sobretudo entre março e setembro, o mercado ficou “paralisado” por conta da Covid-19. Desta forma, o faturamento daquele ano foi R$ 33,3 bilhões, representando queda de 64,1% em relação a 2019.

Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP e Giovana Jannuzzelli, diretora executiva da Alagev apresentam indicadores 
Crédito da foto: Caio Gallucci

Ao realizar a comparação de 2021 contra o ano pré-pandemia, a queda foi de 47,6%, e estima-se uma perda potencial equivalente a mais de um ano de faturamento em condições normais, ou seja, cerca de R$ 100 bilhões.

“Embora esses contratempos da Ômicron e a Guerra da Ucrânia, o setor de viagens corporativas deve ter um ótimo desempenho em 2022, dada a demanda reprimida desses dois anos de pandemia e a volta gradual da normalidade. Evidentemente, haverá um novo perfil de viagens corporativas com mais critérios na autorização das empresas, mas não amenizará o potencial de recuperação do segmento. São dados inéditos que foram tratados por meio de pesquisas do IBGE, ou seja, informações oficiais e de receitas das empresas do mercado de viagens corporativas”, destaca Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP