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SPFW: Diversidade de corpos e tecnologia deram o tom do evento

Nesta edição 'phygital', com desfiles presenciais e digitais, marcas mostraram que estão cada vez mais focadas em aproximar o consumidor final das coleções.

Diversidade, tecnologia, universo dos games e uma moda que misturou conforto e glamour foram os grandes destaques da 52ª edição da São Paulo Fashion Week, que chegou ao fim no domingo (21). 

Intitulado “Regeneração”, o evento foi realizado de forma física e virtual, com desfiles presenciais no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Ibirapuera.

Leia também: Santander leva o estilo do Free Fire à SPFW.

Na maioria das apresentações, seja digital ou física, um dos grandes destaques foi a presença de modelos com corpos diversos, de todos os tamanhos, cores e gêneros, que transformaram a passarela em um Brasil mais realista, como conta Thaís Carla, ativista contra a gordofobia e que experimentou, pela primeira vez, pisar na passarela de uma semana de moda.

Modelos-desfilam criações da grife João Pimenta durante o terceiro dia da SPFW (Foto: Vinicius Nunes/Agência F8/Estadão Conteúdo).

“Me senti em um Brasil real. As pessoas vivem em uma bolha e não entendem que existem milhares de tipo de pessoas: gordas menores, maiores, muito magras, não tão magras, negras, com vitiligo, cadeirantes. Uma infinidade de belezas. O Brasil é isso, é diverso. Eu me senti feliz porque é assim que a gente é. Todos lá nos sentimos reis e rainhas.”, contou à CNN.

Quem levou Thaís, ex bailarina da cantora Anitta, para o desfile foram Céu e Junior Rocha, irmãos e criadores da Meninos Rei, marca que nasceu em Salvador e que fez sua estreia fisicamente no evento.

Rafaella Santos (Foto: Andy Santana/Futura Press/Estadão Conteúdo).

Ela conta que sentiu uma energia muito diferente de tudo que já viveu, e salienta a força que um casting mais heterogêneo tem em uma semana de moda.

“Acho incrível essa diversidade, temos que vivenciar mais isso. Eu esperava muito que essa mudança acontecesse.”, comemora Rafaella.

Para Dani Rudz, especialista em moda e mercado plus size, acredita que a moda brasileira esteja passando por uma ‘verdadeira democratização’ mas ainda falta um caminho longo a ser percorrido para que a diversidade esteja realmente inserida neste universo.

A especialista ainda destaca que, enquanto nos bastidores, entre o staff e frequentadores existe uma diversidade e variedade grande de corpos diversos, de numerações de manequim desde o 44 até o 62, o espaço na passarela precisa crescer e muito.

Games e conceito phygital

Um dos assuntos mais comentados desde o anúncio das marcas da 52ª edição da semana de moda de São Paulo foi, sem dúvida, a mistura de realidade e ficção na passarela. 

Em uma parceria do stylist Daniel Ueda e o estilista Alexandre Herchcovitch, os fãs do jogo Free Fire e o grande público assistiram a um desfile de 20 skins (aparência dos personagens) personalizados.

“Aproximar diversas culturas de consumo e comportamento por meio das roupas é uma função social e essa interação também acontece no universo dos games. Nas referências, o destaque ficou para as cores vibrantes, tons de neon e inspirações utilitárias e esportivas. Jaquetas de nylon, cintos e suspensórios dão o tom dessa moda que mescla real e virtual. Um trabalho incrível feito pela dupla.”, elogia Grund.

Por conta das restrições de público durante os desfiles, algumas marcas optaram por trazer as tendências de forma híbrida entre o digital e o físico, que ficou conhecida como phygital. 

João Pimenta conhece bem esse “novo normal” – essa foi a terceira vez que ele realizou um desfile virtual. Para ele, o melhor dessa modalidade é poder dirigir o olhar da plateia para onde ele deseja que seja o foco.