Live Marketing

Saímos. Quando voltaremos?

Depois de um ano de pandemia, o cenário ainda é incerto para o mercado de live marketing.


Um ano de pandemia se passou, e o mercado de live marketing teve que se transformar completamente. Até há alguns meses, estávamos em um ritmo de “retorno”. 

Inclusive, realizamos a Expo Retomada que contou com grandes nomes do setor, trazendo insigths poderosos. Mas de lá para cá, a situação ainda se mostra sem uma data certa para realmente voltarmos.

Muitas cidades voltaram para o lockdown, e, com a vacinação ainda caminhando em passos lentos, não há como prever um retorno seguro. 

No entanto, o mercado continua a sofrer com os constantes golpes causados por essa crise.

Contudo,-mesmo com um cenário que ainda é incerto, muita gente do mercado está com boas expectativas para 2021, mas já sabendo que, provavelmente, tudo só “voltará ao normal” em 2022.

Segundo Dilma Campos, CEO da Outra Praia, 2020 foi um ano “desastroso”, levando em conta que até março a agência já havia batido suas metas. Mas há expectativa para que haja uma retomada, desde que algumas medidas sejam tomadas.

Dilma-Campos, CEO da Outra Praia (Foto: Divulgação).

“Somente iremos retomar uma parte deste nosso mercado ao final de 2022. Esta recuperação depende de todos sermos vacinados. Sem a vacina acho muito difícil retomarmos o nosso segmento que depende do que mais sentimos falta hoje, aglomeração de pessoas.”, afirmou a executiva.

Durante esse um ano de pandemia a Outra Praia se associou ao Grupo de Agências Independentes (Grais), e pretende continuar com a parceria mesmo após o fim da pandemia. 

Além disso, a empresa também teve que fazer uma redução e reestruturação da equipe, passando a operar em novo formato.

Foi graças a essa visão “fora da caixa” que a agência conseguiu não apenas se manter em 2020, mas também realizar grandes ações, como um shooting para Havaianas à distância.

“Aprendemos a olhar para o futuro sabendo que somos capazes de desenvolver muitas coisas em um tempo que julgávamos impossível.”, afirmou a executiva.

Aprendizados de 2020

Falando em aprendizado, apesar de 2020 ter sido desafiador, ele também foi de muito aprendizado. Vimos os eventos on-line ascenderem com força total.

As empresas de live streaming tiveram um crescimento de 500% na receita. Inclusive, essa foi uma das estratégias da Atenas.

“Foram mais de 40 lives em 2020, que também tinham em seu core a responsabilidade social: Milhões de reais foram doados aos trabalhadores do meio artístico que sofreram com a limitação dos eventos presenciais.”, explicou Denise Garrido, sócia-diretora da Atenas.

Denise-Garrido, sócia-diretora da Atenas (Foto: Divulgação).

Na categoria de lives artísticas realizadas pelas agências do “live marketing “tradicional”  a Atenas se destacou. Além das lives já citadas anteriormente, a agência foi responsável por criar  “Encontros Tropicais, Iza Convida”  para a cerveja Devassa dando sequencia com Varanda Tropical no Carnaval 2021.

Respeitando o isolamento social, a agência apostou na realização de shows feitos em várias varandas em bairros de Salvador. As atrações foram transmitidas por meio de canais digitais e contaram com personalidades como Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Didá, Margareth Menezes, Larissa Luz, Olodum, Banda Eva e Carlinhos Brown.

“Novos projetos surgiram e novas formas de executá-los foram colocados em prática, graças ao espírito inquieto da nossa equipe, que sempre entrega o melhor de si.”, celebrou Denise.

Entre as grandes performances neste novo formato de fazer eventos on-line como alternativa para as ativações presenciais o destaque fica mesmo para EAÍ?.

“Por termos realizado nosso primeiro evento on-line no final de março de 2020 e terminado o ano com mais de 70 eventos entregues, ganhamos experiência. Isso somado a esse poder de renovação e vontade de fazer melhor sempre, nos traz um diferencial que o mercado já reconhece.”, explicou Paulo Farnese, sócio-fundador da EAÍ?

Paulo-Farnese, sócio-fundador da EAÍ? (Foto: Divulgação). 

“Além disso, a agência também teve que transformar a convenção da Havaianas em uma edição on-line, o que foi um grande exercício de criatividade e inovação. Afinal de contas, o tempo era curto, e o evento tem uma grande relevância dentro da marca.”

“Costumo brincar que a Havaianas é nossa madrinha no novo mundo dos eventos, foi quem nos impulsionou para a inovação.”, finalizou o executivo. 

Outro grande aprendizado desse um ano de pandemia foi a força das parcerias. A união de agências foi fundamental para o mercado de live marketing sobreviver.

Esses 12 meses mostraram que o famoso ditado “A união faz a força” realmente é verdadeiro. Tanto que boa parte das empresas se uniu por meio de iniciativas, projetos e collabs.

“O legado que esta pandemia nos deixou foi que é essencial somar forças, criamos aqui na agência diversos collabs e todos com resultados excelentes mediante o cenário não favorável.”, afirmou Fernando Nunes, head Operacional da #BePrime.

Reestruturações inevitáveis

Com todos os baques de 2020, a queda nos resultados foi inevitável. A grande maioria das agências teve que se reestruturar para conseguir se adequar ao cenário, evitando maiores prejuízos.

“Sim, antes do Covid-19 já estávamos revendo o modelo de negócio, mas só por conta da pandemia, reduzimos cerca de 30% de nosso time.”, contou Ronaldo Bias Ferreira Jr., sócio-diretor da um.a Diversidade Criativa.

Ronaldo-Bias Ferreira Jr., sócio-diretor da um.a Diversidade Criativa (Foto: Divulgação).

No entanto, o executivo explica que essa reestruturação foi feita de maneira gradual, o que possibilitou que o time continuasse diverso. 

Além disso, foi essa reestruturação que garantiu que clientes e projetos fossem resgatados, trazendo mais demanda para agência. Mas não há como negar que não foram todos os profissionais que puderam ser realocados. 

Outra agência que também teve que passar por uma reestruturação foi a Hype. Mas, o foco dela foi, principalmente, atender às novas demandas que surgiram no mercado.

“Com a mudança de escopo dos eventos para o formato digital/híbrido, tivemos de diversificar o perfil de profissionais da agência.”, afirmou Alessandro Ortali, diretor da Hype.

Alessandro-Ortali, diretor da Hype (Foto: Reprodução).

Um ano para se reinventar

O ano de 2020 não foi apenas de perdas. Na verdade, muitas empresas conseguiram se reinventar, experimentando novas formas de levar experiências até os clientes.

Uma das estratégias mais utilizadas, levando em conta a necessidade de isolamento social, foi a realização de lives.

“Fizemos dezenas de lives para os clientes, algumas bem legais com participação de mixologistas, baristas e entregando box bem completos na casa dos clientes, no Brasil todo.”, explicou Fernando Nunes, head Operacional da #BePrime.

“Também fizemos um evento híbrido com 60 participantes presenciais e uma plataforma para 7.000 espectadores, contamos com o Marcio Garcia como MC e stand up do Diogo Portugal. Foi um belo evento.”, complementou o executivo.  

A Hype também conseguir criar grandes cases em 2020, mesmo com todas as questões restritivas. Um deles foi o lançamento do Nivus, que foi feito em um estúdio localizado dentro da Volkswagen.

Além disso, também foi realizado o Audi Sky Experience, que exigiu uma verdadeira força tarefa para garantir o sucesso do evento de lançamento, mas, também, a segurança dos participantes.

“Hoje, estamos completamente adaptados aos eventos on-line, ao streaming, aos novos métodos, às novas tecnologias… e isso já é um grande legado. Particularmente, aprendemos – e jamais esqueceremos – que podemos transformar perdas em oportunidades, ou seja, não perdemos, ganhamos.”, complementou Alessandro.

Outro destaque desse um ano foi a ACUCA, que, além de realizar a Convenção de Vendas da Nivea, também foi responsável pela campanha de comunicação da ação no ponto de venda da marca, onde na compra de um sabonete pelo consumidor, a Nivea doava outro para os Amigos do Bem.

“2020 foi um ano extremamente desafiador, praticamente congelaram os eventos, o que gerou muita instabilidade para o setor. Fomos obrigados a repensar o modelo de negócio e buscar alternativas e novos caminhos para conseguir continuar trabalhando.”, explicou Hebert Lacava, CEO da agência de live marketing ACUCA.  

Hebert-Lacava, CEO da agência de live marketing ACUCA (Foto: Divulgação).

O que esperar dos próximos meses?

Com um cenário ainda tão instável, pode parecer difícil enxergar uma luz no fim do túnel. Mas se teve uma coisa que aprendemos com esse um ano de pandemia, é que temos a capacidade de nos adaptar.

Nosso mercado é inovador, e está sempre à frente do seu tempo. E por mais que os desafios sejam grandes, podemos vislumbrar dias melhores.

Segundo Ronaldo Bias, o mercado de live marketing nunca mais será o mesmo. O que não representa algo ruim.

“Hoje, os clientes perceberam que com o evento virtual ou híbrido, eles conseguem fazer mais com menos – e não vão mais querer abrir mão disto, e, de nossa parte, estes novos modelos, e as novas soluções que estamos criando, têm alavancado as margens de lucro dos projetos.”, afirmou o executivo.

Já para Fernando Nunes, da #BePrime, ainda será necessário um bom tempo para a retomada. Depois que esse período passar, é preciso ter em mente que o mercado não será mais o mesmo, uma vez que a pandemia trouxe novas realidades e alternativas.

 Fernando-Nunes, head Operacional da #BePrime (Foto: Divulgação). 

A verdade é que nossa retomada ainda será gradativa. Mais do que nunca o mercado precisa se unir, para garantir que o setor possa voltar a todo vapor, quando o cenário estiver seguro.

“Unir forças em momentos de crise para que possamos atravessar esse momento duro, é sem dúvida uma excelente saída e deve permanecer.”, salientou Paulo Farnese.

Não sabemos ao certo o que 2021 guarda para nós, e há muitos fatores que estão fora do controle do mercado.

No entanto, podemos controlar nossa união. Ninguém irá vencer a crise sozinho. É necessário união, inovação e esperança!