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Eventos: Indutores da economia ou de aglomerações?

Setor enfrenta visões distorcidas sobre o seu funcionamento e potencial.

Atividades artísticas, criativas e de espetáculos ao vivo lideram o ranking dos setores econômicos mais afetados pela pandemia. 

A lista foi elaborada pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia (Sepec/ME) com base na variação do faturamento do setor, segundo dados da Receita Federal.

Quase quinze meses depois do cancelamento e remanejamento de festas, eventos, congressos, seminários, e, principalmente, feiras de negócios o Governo lançou a Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), enquanto o Sebrae e as Associações, as empresas organizadoras de feiras e eventos e os consultores do setor vêm discutindo e criando alternativas para amenizar o impacto de tantos meses.

Entre-as alternativas estão: Isenção tributária, parcelamento de dívidas, facilidade para obtenção de crédito, entre outros. 

O Governo precisa enxergar o mercado de eventos como um alavancador de negócios. Os eventos B2B são indutores da economia e não indutores de aglomerações, e, essa visão, fará com que haja uma expansão do setor e não uma retração, como está acontecendo. 

Quando os três níveis governamentais enxergarem isso, a mudança se refletirá não só o setor de eventos, mas como também os restaurantes, hotéis, companhias aéreas e muito mais. Eventos B2B não geram aglomerações.

Os organizadores dos eventos B2C, como os grandes shows ao vivo por exemplo, que dependem das aglomerações, souberam readequar os seus calendários a partir das expectativas dos participantes, e, por isso, se olharmos para fora, alguns países já possuem data definida para começar a retomada dos eventos, é o caso dos EUA que em agosto irá receber o Lollapalooza (B2C) em Chicago e as feiras de negócios (B2B) retornam em julho para Las Vegas. 

As pessoas terão que mostrar o documento de vacinação ou o teste para poder participar, mas os eventos irão ocorrer com força total. Podemos observar e aprender muito com o setor de eventos internacionais e fazer a nossa retomada da melhor forma possível, e esperamos que isso ocorra no 2º semestre.

Com mais de 30 anos de atuação no entretenimento ao vivo (B2C) e eventos corporativos com foco em negócios (B2B), acredito que o futuro para esse mercado está nos eventos híbridos (uma parcela dos participantes estará presencialmente no local e outra parcela acessará o evento virtualmente). 

O setor teve um grande aprendizado com a tecnologia que acelerou processos e fez com que organizadores e visitantes passassem a rever os seus projetos. 

Um dos problemas do setor de feiras é a queda de relevância de alguns eventos específicos, uma questão qualitativa mesmo que já vinha ocorrendo antes da pandemia. Agora na retomada tudo vai depender da postura do organizador do evento e do nível de inovação que existe naquele setor específico. Se for um tema relevante o evento será um sucesso.

Daqui em diante, os eventos híbridos se tornarão mandatórios e as pessoas vão poder escolher em qual formato querem acompanhar o evento, físico ou virtual, e os organizadores precisam aproveitar para observar que está acontecendo uma grande mudança de hábitos dos participantes de eventos e não ficar parados esperando organizar eventos exatamente iguais a antes do início da pandemia. 

Um ponto importante que não podemos deixar de avaliar é que várias empresas experimentaram eventos totalmente virtuais e outros formatos on-line durante a pandemia, e, nestes casos, o cálculo do ROI é mais visível. 

Os organizadores de feiras de negócio precisam esquecer a quantidade de visitantes como a principal argumentação de vendas. Agora, o foco tem que ser na qualidade dos visitantes e na comprovação do ROI. Aqueles que não entenderem esta dinâmica vão fechar as portas.

 

Foto: Reprodução.