Eventos

Especialistas descartam a realização de grandes shows até o início de 2022

Em 2020, o setor deixou de arrecadar R$ 90 bilhões, e só deve ser totalmente retomado com a vacinação em massa.

O último grande evento no país antes do confinamento foi realizado há um ano. Era o show dos Backstreet Boys, no Rio de Janeiro. 

Dois dias antes, a OMS decretava pandemia por causa do Covid-19. A banda encerraria a turnê em São Paulo, no domingo seguinte, mas a apresentação acabou cancelada. 

Confira as últimas novidades sobre live marketing aqui.

O melhor do entretenimento está aqui.

A estudante Beatriz Oliveira lembra que o show no Rio naquela sexta-feira 13 já foi num clima bem diferente: “Eu só não fiquei mais desesperada, porque eu mesma já estava levando álcool gel, e eu vi, sim, poucas pessoas de máscara, mas vi. Eles (os Backstreet Boys) evitaram ao máximo ter contato muito próximo do público. Tanto que eles davam, assim, a mão, meio que davam só o dedo.”

Se 2021 começou com esperança porque finalmente temos vacina, o avanço desolador da pandemia foi um banho de água fria. O Rock in Rio – que já tinha até atrações como o Iron Maiden confirmadas – anunciou que vai ficar para o ano que vem. 

A-cantora americana Taylor Swift tinha remarcado um único show em São Paulo para esse ano, mas desistiu da turnê. Para a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi, a circulação do vírus precisa diminuir muito antes de uma retomada: “Os ambientes com muita gente próxima umas das outras, cantando e conversando, é um meio ideal para a transmissão do Covid. Então, sem perspectiva de shows em 2021, e o começo de 2022.”

A microbiologista do Instituto Questão de Ciência Natalia Pasternak lembra da importância da vacinação para a volta dos grandes eventos:

“Quando a gente conseguir uma vacinação em massa, com uma boa imunidade de rebanho – que se consegue com vacinas – e daí, diminuir a incidência da doença. Mas, infelizmente, esses espaços de entretenimento, como cinema, teatros e casas de show, vão ser os últimos a operar normalmente.”

De acordo com a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, cerca de 350 mil eventos deixaram de ser realizados em 2020, o que fez com que o setor deixasse de faturar cerca de R$ 90 bilhões. O cantor Leoni conta que o prejuízo financeiro foi bem grande.

“Eu vinha mesmo querendo dar uma diminuída nos shows, mas ficar impossibilitado de fazer o show foi muito complicado em termos financeiros, para mim, para a equipe, e tudo mais. Tenho, agora, essa ideia de um show novo para quando acabar.”

Para piorar essa espera, muitos fãs ainda precisam travar uma queda de braço com as empresas para ter de volta o dinheiro de eventos cancelados. É o caso do designer Tiago Ferreira. Ele e mais dois amigos tinham comprado ingresso em outubro de 2019 para o setor mais caro do show da Taylor Swift. Cada um gastou R$ 1 mil. 

“É muito injusto, porque a gente compra um determinado evento que não vai ser executado, e a empresa fica irredutível em relação ao estorno ou reembolso do valor. Ela deixa como crédito para um ano que, provavelmente, não vamos ter eventos. E o consumidor fica sem saber o que fazer. E é bem frustrante ter tudo cancelado. Parece que do ano passado para esse ano a gente não teve nenhum sinal de melhora.”, lamenta Tiago. 

Pela lei, a devolução do dinheiro não é obrigatória se a empresa garantir que o evento seja realizado em outra data ou se converter o valor pago em crédito. 

Em comunicado enviado aos fãs, a Tickets for Fun disse que entende a frustração, mas explicou que a regra ainda está valendo. Já secretária-geral da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB, Luciana Atheniense, garante que o consumidor pode, sim, pedir o dinheiro de volta.

“A disponibilidade de crédito não dá a garantir que ele vai usufruir daquele determinado evento nos mesmos termos em que ele havia contratado. Neste caso, se pode pleitear a rescisão contratual com direito a restituição da quantia, eventualmente, antecipada.”

Para a cantora Margareth Menezes, a saudades dos palcos é imensa, mas fica impossível pensar numa volta ainda esse ano: “Eu acho que essa ferramenta das lives, realmente, é o que nós temos para o momento. É o mais seguro para todos. Talvez o lançamento de algum disco, alguma coisa assim. Mas fazer show, realmente, não dá para pensar ainda. E, 2022, vamos ver como é que as coisas vão ficar.”

Pelo visto, 2021 vai ser mais um ano de muitas lives, de novo. 

Foto: Reprodução.