Live Marketing

Comunidade live marketing

O objetivo do artigo não é falar das encantadoras e contemporâneas lições da série Anne with an E, mas, sim, de um episódio específico.


Por que será que as vezes somos tão negligentes com certas coisas? Das mais simples às mais relevantes, criamos barreiras que não deveriam existir, não é mesmo? 

Negar alguma ajuda quando precisamos ou aceitar determinada crença… São inúmeras situações cotidianas.

Aqui vou para um exemplo banal, pois mais uma vez cito um insight de conteúdo vindo da telinha, mas se aprofundar a ótica é, ao mesmo tempo, absurdamente relevante e histórico em nossa sociedade.

Estou falando da série Anne with an E, da Netflix, e todo paralelo de empoderamento feminino existente em seu contexto. 

Diversas pessoas já haviam me falado sobre a famosa menina de Green Gables e sua história de longa data nos livros, mas confesso que, muito, mas muito infelizmente, eu me reservava ao direito de sempre postergar em assisti-la, por algum resquício de machismo tóxico existente em meu caráter. 

Ah, e como tenho orgulho em dizer que esse “olhar masculino” estava errado, de novo e de novo.

Tenho muitas mulheres inspiradoras ao meu redor, do escritório até dentro de casa, como uma engenheira incrível que me acompanhou na aventura de desbravar as histórias da pequena miss Anne Shirley-Cuthbert.

Mas, o objetivo do artigo não é falar das encantadoras e contemporâneas lições da série, mas, sim, de um episódio específico, que me fez refletir sobre um cenário tão antigo, para não dizer atemporal: feiras.

No episódio 6, da terceira temporada, praticamente, toda a trama se passa na feira do condado de Avonlea, com a presença da população em massa e as mais diferentes exposições, desde uma competição de bolos e vegetais gigantes, até uma ativação para voar em balão. Bem que já caberia alguma exposição de marca ali, hein?

A série retrata a década dos anos de 1890, e, então, pensei: “Nossa, como este Universo de pseudoencantamento do mundo das feiras já existe há tempos.”

Fui pesquisar um pouco sobre a origem, recaindo às mais antiguidades possíveis, aprendendo que desde o tempo medieval já eram realizadas as tais feiras livres – fenômeno sociocultural e econômico proveniente dos aglomerados de pessoas e barracas.

Obviamente, nestes contextos históricos, as feiras tinham caráter muito mais empreendedor por parte dos participantes, tais quais as feiras de rua que ainda vemos semanalmente, cumpridas quase que de forma religiosa, seja por quem vende ou por quem compra.

Ainda não existiam as feiras corporativas que estamos acostumados, com as grandes marcas globais e exposição de seus produtos, serviços e soluções, como, dentre tantas outras, duas icônicas que acontecem no Brasil e estão entre as maiores do mundo: Salão do Automóvel e Comic Com Experience – CCXP (isso sem considerar que podemos até colocar no mesmo cenário grandes festivais, como os de música e de inovação).

Arrisco dizer que, mesmo de forma inconsciente, devemos agradecer aos medievais lá atrás e também a comunidade de Avonlea, pois é a história que dá origem ao nosso mercado de live marketing.

Afinal, quer experiência mais “viva” do que uma feira?

Onde a energia pulsa, questões de mercados misturam-se com razão e emoção. São tantas escolhas, tantas possibilidades, que nossos olhos nem conseguem ver todas as cores.

Apenas fazendo um parêntese, live marketing é a área do marketing promocional que explora as experiências ao vivo, despertando algum tipo de emoção e interação. Mas, melhor que falar é mostrar, esse vídeo da CCXP 19 explica muito bem nosso universo:

Caso não consiga visualizar clique aqui.

E, então, surge uma tristeza, pois em ‘Era de Corona’ se tem um formato de evento que mais demorará para voltar a acontecer são aqueles, obviamente, com maior concentração de pessoas, e aí é onde moram os pavilhões das nossas grandes feiras de brand experience.

O problema agrava-se quando olhamos para uma discussão recente do mercado – para não dizer a última pré-quarentena -, quando nos deparamos com a notícia de que o tradicional Salão do Automóvel seria adiado para 2021, devido aos óbvios altos investimentos (dificilmente uma montadora de médio porte gasta menos do que R$3 milhões, entre contratação da cota de patrocínio e todos os demais serviços para criação do espaço e tangibilização de sua mensagem) e à uma visão de maior custo benefício ao organizar experiências próprias com seus clientes.

Isso tem muito sentido, pois, ao invés de entrar na “bagunça” de uma feira, vale mais a pena fomentar algo exclusivo para os já fãs da marca, criando mais empatia e conexão com eles.

Ou seja, o modelo de feiras do live marketing está, aparentemente, fadado ao fracasso.

Tomara que não! Espero que esteja (e acho que estou) errado, pois existem algumas racionalidades, e também algumas místicas, do mundo das feiras, estandes e afins nas quais nenhuma experiência se encaixa:

  1. Todos os mundos – “O mundo mais épico de todos o mundos”, como diz o slogan da Comic Con, são TODOS os mundos, do conhecido ao novo, do tradicional ou diferentão, do pequeno ao grande. Fazer só o seu mundo, é tão legal assim?
  2. Big Day – Não existe nada igual ao clima de uma grande feira, é tipo Copa do Mundo. Os maiores reunidos em um só lugar, a ansiedade, a surpresa, o impacto. Nada se compara a enfrentar corredores cheios, filas, mas, no final, tornar-se ainda mais fã e conectado com a marca, graças à uma experiência em que você pode tocar, ver e sentir.
  3. A grama do vizinho é sempre mais verde – Com respeito é que os concorrentes criam uma comunidade, gerando uma positiva competitividade. Seus clientes querem saber o que você e “eles” estão fazendo, mas você também quer saber o que eles estão fazendo e vice-versa.
  4. A fidelidade existe? – É muita inocência ainda acreditar que os clientes são fiéis até o fim em qualquer tipo de relação, então, nada melhor do que provar-se diante aos principais concorrentes, apresentando uma base de comparação prática e visível.
  5. Os recém-chegados – Mais difícil que conquistar é manter, como diz o ditado de vendas. Mas e se os novos não vierem? Em uma feira, você atinge ambos os públicos, às vezes até “sem querer, tropeçando no seu estande”.

Resumindo, feira é lugar de comunidade (desde a montagem, por sinal). Pessoas com opiniões e gostos distintos, reunindo-se com um objetivo em comum, aquele que guia sua tribo.

E, por falar em comunidade, somos a turma do Talk to More Than 1, ou melhor, a turma da TM1. Nós acreditamos que este viés de compartilhar é muito mais do que simplesmente criar experiências que engajem o público a postar uma foto. Nossa mentalidade traz uma característica de acelerar, mas acelerar juntos!

Compartilhar conhecimento é multiplicar resultados.

Assim, na semana passada, realizamos o Reboot, apresentando nossa ótica atual do mercado de experiências junto a grandes nomes. Ao longo de 2019 também entregamos dois relatórios, sobre macro tendências do Web Summit e da própria CCXP.

Seja na feira livre – desde os tempos medievais até aquela de domingo -, na experiência da Anne ou nas grandes exposições, o grande valor é o público, ou melhor, a comunidade que ele forma, assim como nossa Comunidade do Live Marketing, que ainda viverá grandes momentos, junta e a cada metro quadrado.

É dia de feira.

Caso não consiga visualizar clique aqui.