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Viagens corporativas movimentarão R$ 23 bi

O trânsito dos executivos e empresários em viagens de negócios por várias regiões brasileiras, que já representa mais da metade de toda a movimentação turística no País, vai aumentar este ano. A perspectiva é que o segmento de viagens corporativas ostente números graúdos no Brasil em 2011, e a projeção é que esta indústria cresça 8,5% e alcance em volume pouco mais de R$ 23 bilhões em receita.

O trânsito dos executivos e empresários em viagens de negócios por várias regiões brasileiras, que já representa mais da metade de toda a movimentação turística no País, vai aumentar este ano. A perspectiva é que o segmento de viagens corporativas ostente números graúdos no Brasil em 2011, e a projeção é que esta indústria cresça 8,5% e alcance em volume pouco mais de R$ 23 bilhões em receita.

Ano passado, o setor cresceu nada menos que 20,43% em relação a 2009, tendo movimentado então R$ 21,21 bilhões, aproximadamente. Se levar em conta o efeito multiplicador que tais viagens têm na economia, então obtém-se um valor expressivo sob qualquer parâmetro: R$ 40,09 bilhões é o montante que este efeito produziu no ano que passou. Isto considerando as receitas operacionais dos segmentos de transporte aéreo, hospedagem e locação de veículos. O valor em questão equivale a 56,67% de toda a movimentação turística no País.

Estes foram os dados apurados e apresentados ontem, com a 5ª pesquisa Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas (IEVC). Diante deles, os representantes do setor advogam: “chegou a hora de as viagens corporativas no Brasil pararem de ser eclipsadas pelo turismo de lazer e receberem da sociedade e do poder público a atenção a que fazem jus”, defendem.

Lactte

A pesquisa IEVC foi divulgada ontem em São Paulo durante o VI Encontro Latino-americano de Viagens Corporativas e Tecnologia, o Lactte, e foi encomendada pela Associação Brasileira dos Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Abgev), e pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp). Viviânne Martins, presidente da Abgev falou sobre os participantes da atividade: “A cadeia produtiva de viagens e eventos corporativos é composta por agências corporativas, clientes, hotéis, companhias aéreas, empresas de transporte, meios de pagamento, produtoras de eventos, locadoras de automóveis e fornecedoras de tecnologia especializada”, declarou ela.

A executiva ainda observa: “Por muito tempo, viagem corporativa era confundida com turismo. Ora, turismo é lazer, é algo lúdico; já o viajante profissional está a trabalho”. No Brasil, as viagens corporativas são isoladamente a maior fonte de receita das companhias de aviação – “na verdade, nós acabamos por subsidiar o preço das tarifas aéreas para o turismo de lazer”, avança Viviânne.

Mais que os EUA

A entidade que Viviânne preside é uma associação parceira da Global Business Travel Association (Gbta), a qual representa mundialmente a atividade. Presente ao Lactte estava, entre outros representantes da associação, Kevin Maguire, ex-presidente da entidade. “O setor de viagens corporativas crescerá bastante neste ano nos EUA, mas não tanto como crescerá no Brasil. O vigor da economia brasileira garantirá isso”, disse Kevin.

Para falar do vigor desse mercado no País, o professor dr. Hildemar Brasil, coordenador da pesquisa IEVC diz: “Em números exatos, apuramos que 35,92% da receita nacional com hospedagem vem das viagens e eventos corporativos. Já o transporte aéreo depende em nada menos que 52,96% do segmento”, declara ele. E há mais: a locação de veículos no Brasil é feita, em 6,35% dos casos, por viajantes corporativos.

Vale observar que, no já citado segmento aéreo nacional, R$ 11,23 bilhões em receita no ano que passou vieram das viagens profissionais, ao passo que no setor hoteleiro R$ 7,62 bilhões igualmente foram gerados por viagens corporativas no período.

Hildemar apresenta outro aspecto surpreendente da questão: o setor público brasileiro é uma das grandes alavancas da indústria nacional de viagens corporativas. Só em 2010 o governo federal gastou com as mesmas quase R$ 1,7 bilhão – o que representou um incremento de 30,86% em relação à 2009.

Atento a este índice, Francisco Leme, presidente da Abracorp, defende que temos expertise e tecnologia para fornecer ao Estado todos os serviços que ele necessita para o deslocamento de seus agentes. “A indústria brasileira de viagens corporativas pode e deve atender a esta demanda do poder público por este tipo de serviço, o que será benéfico a ambas as partes”.

Infraestrutura

Investir em tecnologia e aumentar o atendimento ao setor público foram duas bandeiras levantadas pelos presentes no encontro em São Paulo. O primeiro item, em especial, mereceu consideração especial dos palestrantes. Foi consenso entre todos que a tecnologia é o melhor instrumento disponível para proporcionar ao viajante profissional um tratamento diferenciado. Por sinal, várias empresas de softwares especiais para viagens corporativas, como a Benner Solution, a Lemontech e a Argo IT estavam presentes no Lactte. Viviânne frisa a especificidade do segmento: “O viajante corporativo tem necessidades diferentes dos turistas de lazer. Um atraso de voo, por exemplo, que afeta de maneira apenas marginal um turista, para um viajante corporativo pode ser desastroso”. O caminho aqui é o investimento em educação: “Precisamos capacitar mais os profissionais brasileiros que trabalham nesta área. Hoteleiros, taxistas e outros precisam saber se comunicar em inglês, por exemplo. Trata-se de uma necessidade”, defende ela.

As deficiências na infraestrutura nacional também criam problemas ao segmento. O viajante corporativo traz divisas para onde se desloca – e, não fosse por ele, novos negócios seriam muito mais difíceis de serem concretizados. É por isto que um profissional destes não deveria, na visão da Abgev e demais entidades, correr o risco de ficar parado em algum aeroporto, rodovia ou ferrovia por conta de uma infraestrutura falha.

“O Brasil recebe executivos de todas as partes do mundo que são recebidos como turistas, e não como viajantes corporativos com necessidades diferenciadas. Precisamos tornar o setor altamente profissional, para ajudar o País a crescer mais e mais”, finaliza ela.

Fonte: DCI Comércio