Experiência de Marca

Todo mundo é produtor. E agora?

Nem vou discorrer quanto a empresa de eventos e casamentos da novela das seis, muito menos dos outros em novelas anteriores. Vou me ater a duas coisas para mostrar um problema.

Parece que viramos os caras da vez. O problema é o que os caras pensam que esses caras são.

Parodiando a Val Coelho, que tem uma belíssima palestra onde fala de um fato, inconteste: essa é uma praia das mulheres. Isso mesmo, a produção parece feita sob medida para as meninas e sua polivalência de ações. Ninguém melhor que as mulheres para dar conta de dezenas de coisas ao mesmo tempo e ainda ficarem no salto.

No entanto, a mídia parece ter escolhido os homens como protagonistas – e péssimos, diga-se de passagem – para nos representar.

eventosNem vou discorrer quanto a empresa de eventos e casamentos da novela das seis, muito menos dos outros em novelas anteriores. Vou me ater a duas coisas para mostrar um problema.

Na novela das nove, o nosso lindo representante (o lindo é por conta das meninas produtoras) da nossa profissão é um cafetão, agora meio arrependido, que diz produzir eventos.

Talvez, na novela das dez, coloquem nossas 'Verdades Secretas' numa lista rosa e a nossa profissão como a dos caras facilitadores de orgias.

Parece, definitivamente, que a percepção insuflada pelos clientes, e aceita por muitas agências, de que somos “mulheres de malandro”, “esparros bonitinhos”, “empregados que só dizem sim” (daí ficamos meio rosa mesmo) e “carregadores de pianos” ganhou força para autores, diretores e até o jornalismo.

Em crime acontecido no final de semana aqui no Rio de Janeiro, o assassino, com diversas passagens pela polícia, se autointitula produtor de eventos e esse título parece ter ganho mais espaço do que a motivação do crime ou de sua ficha criminal que, por si só, já o descaracteriza como profissional de eventos.

Não se pode admitir que um PROFISSIONAL DE EVENTOS – com letra maiúscula mesmo – possa ser desequilibrado, sem escrúpulos e sem ética. Pensem: quem passa por situações onde a frieza da decisão, a tranquilidade e a objetividade tem que ser características marcantes e que têm como única finalidade ver pessoas felizes, não pode perder a cabeça (se drogar nem pensar) e “acabar com a festa”. Sua missão, e foco, ao contrário, é fazê-la não parar, já que o show não pode parar.

Ah, e se você discorda porque conhece algum produtor que faz diferente disso, lamento informá-lo que você não está diante de um profissional de eventos, está diante de um dos muitos enganadores que “ fazem festas” e se dizem produtores.

Pior, esses caras ou vão acabar com seu negócio, ou vão acabar com você ou alguém mais, ou vão acabar com um de seus eventos, Deus sabe lá de que forma, com seu desequilíbrio e despreparo.

Por isso, tantos casos absurdos de falhas e acidentes em eventos, onde os “produtores” se consideram convidados e não profissionais.

Não temos quem nos defenda disso a não ser nós mesmos.

Não se pode admitir que um cara surja num evento como runner e no evento seguinte seja coordenador de alguma coisa (nem mesmo de grades), como aconteceu, e a Val e o André Emerick falam no Curso de Formação de Profissionais em Live Marketing.

Se a juniorização do cliente já é um caos, imagine o que dizer de juniorização na produção. Os caras vão aprender errando? É isso mesmo? Como reclamar do cliente se a gente coloca nas mãos de meninos presunçosos o comando de eventos que, para o cliente, são fundamentais?

E como falar depois que o cliente é ruim? Quem é ruim?

Enfim, viramos a bola da vez, mas a bola parece murcha se somos comparados à escória, a gente festeira e sem responsabilidade, a fomentadores de orgias e de garotas fáceis.

Não somos esses profissionais. Somos gente que executa com brilhantismo uma ação ou evento que advém de um briefing de um cliente, que resume um problema seu de comunicação.

Criamos e planejamos nos mínimos detalhes e entregamos nas mãos de magos profissionais a sua execução.briefingEsses profissionais não são crianças, não são irresponsáveis, não são assassinos e marginais, não são aprendizes, não são covardes nem despreparados, são PRODUTORES, nome sagrado para quem escolher entregar a clientes sonhos, aspirações e soluções.

Sem eles, não temos mercado, sem eles não temos respeito.

Por favor, vergonha na cara e atitude. Se não podemos ter criativos de primeira por conta do momento e colocamos finalizadores para os clientes que criam, se não podemos ter planners que realmente planejem, ok. A gente pode até considerar que o cliente assim o quer.

Mas não ter produtores de verdade… Aí, meus amigos, as verdades secretas que podem eclodir podem nos levar a um final nada feliz.