Experiência de Marca

Talento incomoda

Seja qual for o talento que você tenha, e entenda que talento é inato e portanto algo que emerge de sua alma, as pessoas ao seu redor vão fazer de tudo para que você o perca.

Essa é uma frase recorrente. Você já deve tê-la ouvido mil vezes. Se não ouviu, saiba que ela é uma das maiores verdades do mundo. Seja qual for o talento que você tenha, e entenda que talento é inato e portanto algo que emerge de sua alma, as pessoas ao seu redor vão fazer de tudo para que você o perca.

Isso mesmo. Desde pequenos, a maioria de nossos talentos se perde na mediocridade, no bulling, nas imposições e pressões, nas mentiras e ilações contra eles, nas regras e convenções tolas que não entendem talentos.

talento

Nas salas de aula, quando se destacam (os talentos), são chamados de nerds, CDFs – isso era antigamente e eu não posso explicar as letras aqui, puxa-sacos e FDP (essa todo mundo conhece) -, pela simples razão de se destacarem dos demais, medíocres (na média) por certo, que não se conformam de ter expostas suas fraquezas (foram ali para estudar, mas fazem tudo, menos isso).

No trabalho, o problema não é menor. Ser bom e talentoso no que se faz é um ultraje ao bando de incompetentes e “coça-sacos” que existe na maioria das empresas (sejam elas de qualquer tipo). Pior mesmo se o seu chefe for o medíocre-mor, aí “lascou” de vez, como se diz no Nordeste.

Talento parece ao medíocre ofensa, o intimida. Ele precisa do lugar comum, de quem não questione nada, de quem ache que nada precisa ser diferente do que é. Simples assim.

Medíocres são comodistas, acomodados, batedores de ponto, são da política do quanto menos melhor, do “deu a hora”, foi, que se dane deixar o trabalho e a ideia melhor.

Eles são um perigo para o talento. Mas eles são maioria no Brasil.

Isso talvez explique nossa mediocridade em tudo. Nossa pouco vontade de mudar, mesmo quando a gente sabe que precisa. Isso talvez explique os argumentos idiotas dos medíocres na tentativa de nos fazer ver o que ninguém lúcido vê: Que o que é não é, que ninguém é culpado de nada. que as coisas são como são. Entendeu? Não! Ninguém entende. Mas ninguém faz nada. Só lê os jornais. E o pior é que eles conseguem, porque nos falta lucidez também.

O talento de Paulo Barros, outrora o de Joãozinho Trinta, incomoda carnavalescos e diretores medíocres, como o dirigente da Unidos da Tijuca que disse que “fez” Paulo Barros (caramba, e olha que a outra interpretação possível da frase, de duplo sentido, também não tem a menor chance).

O talento de Patch Adams, o Doutor Sorriso, incomodou médicos medíocres que, hoje, usam seus métodos como se os tivessem criado, mas não dizem que seus nomes estavam na lista dos que não queriam que ele se formasse.

Os talentos de Paulo Freire e Rubens Alves incomodou todos os pedagogos medíocres de plantão. Combatidos e colocados na categoria dos “inventores de pedagogia” educavam como ninguém qualquer um, mas tinham como opositores caras que você não lembra o nome e que encheram o saco deles.

Talentosos produtores de primeira linha como a Valeria Coelho, Maira Furlanete, Mariana Pessoa, Guilherme Yshikawa, Marcio Altieza, Sheila Arandas e tantos outros pelo País se veem ante medíocres produtores que primam pela facilidade, sem check lists, sem preparo, sem atenção, sem força, sem talento, sem a menor ideia real do que fazem. Normalmente, estão mais dispostos a serem participantes – quando não convidados – do evento do que profissionais de produção.

São sanguessugas dos talentos, pois tendem a criar problemas para os talentosos e a escondê-los do cliente. Os pressionam na vã tentativa do erro e quando seus acertos e posições ganham luz eles a puxam para si, como se medíocres pudessem se auto-iluminar.

O que dizer de Dil Mota, Debora Tenca, Alina Brault, Marcio Formiga, e da minha galera de criação então?

Aqui, na criação, o talento incomoda acima do nível.

Incomoda donos de agência de live marketing, atendimentos, produtores, criativos e clientes medíocres. Aqueles que já nos olham de lado quando chegamos, que perguntam em off ao atendimento ou dono se vamos “inventar” muito.

Nem viram, mas não gostaram. O cérebro de medíocres normalmente é atrofiado para tudo que não for… o mesmo, o conhecido, o de sempre, o do custo etc. A inovação pedida fica por conta daquilo que ele viu na última feira de, de, de… de onde mesmo?

Isso é inovação. A inovação do já feito, do repetido, do dominado. Medíocre não gosta de surpresa. Incomoda. Medíocre não gosta do talento.

Mesmo na natureza, onde nada se cria tudo se copia, caberá sempre ao talento a mudança. Porque, sob um novo olhar da imagem em foco, uma nova tinta que corre a tela, na combinação melódica inesperada, um traço curvo ao invés do reto, no texto que renova as palavras e no conceito que espelha um desejo eles é que farão a diferença.

Não se deixe incomodar. Incomode. Faça a diferença. Ou passe na vida despercebido como o cara que, mediocremente, passou no fundo da cena.

Viva o talento! Vivam os talentosos! E que a mediocridade continue a nos proporcionar maus momentos, porque, no final, o talento sempre vai desmascarar sua farsa e criar um novo momento de brilho.

Aos medíocres, um beijo!