Experiência de Marca

Resultados podem gerar uma série inédita para o Grenal

A rivalidade entre os torcedores de Grêmio e Internacional, da cidade de Porto Alegre (RS), não é novidade e ganha contorno internacional nesta semana.


A rivalidade entre os torcedores de Grêmio e Internacional, da cidade de Porto Alegre (RS), não é novidade para os adeptos do futebol e, pode ganhar mais uma vez, nos proximos dias, projeção internacional. Passando pelos seus adversários, Gremistas e colorados vão disputar em dois Grenais uma vaga nas quartas de final da Copa Santander Libertadores.
Porto Alegre está entre as tres cidades mundiais que tem dois clubes campeões de futebol pela FIFA. Grêmio e Internacional já disputaram duas finais mundiais cada ficando um  título para cada lado. Neste momento a certeza é de que apenas um deles vai ao mundial em 2011.
Não bastasse esta emoção em escala internacional, que deverá parar Porto Alegre por pelo menos 15 dias, a dupla Grenal disputa mais dois confrontos diretos pela final do Campeonato Gaucho 2011 começando no próximo domingo das Mães. Quais delas vão chorar?

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Comentário de Athos Ronaldo Miralha da Cunha

Um Gre-Nal, mesmo um despretensioso amistoso comemorativo ao Dia do Trabalho, mexe com o coração dos torcedores. Então, o que fará com as emoções dos gaúchos um Gre-Nal na Libertadores?
Na década de 1970, num jogo contra o Cruzeiro pelo brasileirão, o Internacional virou em três a dois nos minutos finais. Essa epopeia foi fatal para alguns torcedores. Teve gente que enfartou dentro do Beira-Rio.
Tenho um amigo gremista que não brinca com essas emoções, em dia de Gre-Nal ele sai com a família para passear pelos distritos da cidade. A aflição não permite sequer ficar em casa. Esse fanático torcedor busca no isolamento a solução contra a ansiedade.
Os últimos cinco minutos da decisão da Libertadores em 2006 fazem parte da minha mais esfuziante experiência no aspecto emocional. E a taquicardia mais inesquecível. Os segundos se arrastavam como tartarugas. O coração vai a mil, a gente perde o controle das ações e despeja uma dose de vodca goela abaixo.
– Te acalma, senão tu vai ter um troço – foi o que ouvi de minha mulher. Mas pouco adiantou. As atenções estavam no apito do árbitro. E a normalidade cardíaca só volta ao normal após o encerramento da partida. Aí tudo é festa na Presidente.
Como estamos em um momento histórico de escassas referências políticas – aliás, o descrédito é bem maior do que as referências – as atenções se voltam para o futebol. Assim, nossos ídolos são boleiros, que, na maioria das vezes, são apenas craques de futebol. Esses “heróis” têm pouco a oferecer. Nada além de chutar uma bola em direção ao gol ou uma firula desconcertante sobre o adversário. Mas estão mitificados nos estandartes das torcidas.
O Rio Grande do Sul tem um histórico de dualismo político/futebolístico. Um resultado adverso num jogo dessa magnitude pode gerar algumas reações exacerbadas por parte dos torcedores. Um Gre-Nal com esse grau de importância é um marco histórico equivalente ao 20 de setembro de 1835. Nesse dia, o Rio Grande vai parar. Um confronto com essa envergadura – por se tratar de uma das maiores rivalidades do futebol – colocará o Rio Grande na boca do mundo e o coração na boca dos gaúchos. E velas nos altares de tudo que é santo.
Se o Gre-Nal da Libertadores estiver no horizonte de um sol de maio incandescente, estarei, calmamente, num introspectivo chimarrear solito. Logicamente, com uma caneca de água de melissa ao alcance da mão para acalentar esse coração colorado.

Athos Ronaldo Miralha da Cunha/Bancário
twitter.com/athosronaldo