Experiência de Marca

<!--:pt-->Pesquisa retrata a Geração Y no Brasil<!--:-->

Valores que permeiam a geração que nasceu entre 1978 e 1990 são velocidade, liberdade, consumo, individualidade e tecnologia. O livro Millennial Make-over, escrito por Morley Winograd e Michael Hais sustenta que, desde 1828, a história americana tem sido atingida por transformações profundas a cada quarenta anos, o equivalente à uma geração.

Valores que permeiam a geração que nasceu entre 1978 e 1990 são velocidade, liberdade, consumo, individualidade e tecnologia. O livro Millennial Make-over, escrito por Morley Winograd e Michael Hais sustenta que, desde 1828, a história americana tem sido atingida por transformações profundas a cada quarenta anos, o equivalente à uma geração.

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Segundo os autores, ao término de um ciclo geracional, surge uma geração dinâmica, com características opostas às da anterior. Nesse papel, se revezariam as gerações “idealistas” (assim chamadas por serem radicais e contestadoras), e as gerações “cívicas” (mais conservadoras, flexíveis e pragmáticas).

Cada geração é distinguida por um nome específico. Por exemplo: a geração baby-boom. Este termo é utilizado para descrever as pessoas nascidas após a Segunda Guerra Mundial (1946-1964), devido ao grande salto nas taxas de natalidade dessa época. Os baby boomers foram a primeira geração que cresceu em frente à TV. Eles puderam compartilhar eventos culturais e marcos com todas as pessoas no seu grupo de idade, independentemente de onde elas estavam.

Esses momentos compartilhados ajudaram a estabelecer um vínculo de geração sem precedentes. Outro elemento cultural que distinguiu os boomers dos seus pais foi o rock and roll. Artistas como Elvis Presley e, posteriormente, Bob Dylan, Beatles e Rolling Stones tomaram conta das ondas sonoras e deram aos boomers a identidade de uma geração.

Outro exemplo é a geração coca-cola, cujo nome inspirou um dos maiores sucessos da Legião Urbana. Era a geração dos seriados enlatados, made in USA. Uma geração que perdeu o idealismo dos que a precederam, tornando-se cínica e desesperançosa. Cazuza foi uma das vozes que cantou a desesperança de sua geração. Em uma de suas canções, ele dizia: “Meus heróis morreram de overdose. Meus inimigos estão no poder.” Aqueles que foram os ícones da geração anterior, ou tiveram morte trágica, ou simplesmente se adequaram ao status quo. Por essas e outras, a geração coca-cola não tinha em quem se inspirar para lutar pela transformação do seu mundo. Era uma geração órfã de referenciais.

Agora, entra em cena a chamada “geração do milênio”, também chamada de Geração Y, formada pelos nascidos entre 1982 e 2003. É uma geração segura, com boa auto-estima, criada por pais atenciosos, que foram os primeiros a colocar no carro o adesivo ‘cuidado: bebê a bordo‘. É uma geração que cresceu amiga dos pais”, diz Michael Hais. Entre as suas peculiaridades, destacamos: é a mais numerosa da história, a mais miscigenada e a primeira a ter quantidade igual de homens e mulheres formados na universidade.

Mas sem dúvida, de todas as marcas da atual geração, a mais decisiva é a tecnologia. A geração do milênio é a primeira a crescer no mundo da internet – e isso está na base da mudança que está emergindo. Primeiro, porque a atual geração, graças à internet, é a que mais tem contato com os amigos, a que mais compartilha informação (pelo Orkut, por exemplo) e, por causa disso, desenvolveu um sentimento coletivo sem precedentes na História recente da civilização. Segundo, porque a internet está mudando as relações de poder na sociedade ao descentralizar a informação.

Terceiro, porque toda guinada na história recente só acontece quando se dá a combinação de uma geração dinâmica com uma novidade na tecnologia da comunicação.

Em 1860, foi a maravilha do telégrafo que ajudou a divulgar as ideias abolicionistas. Em 1896, o telégrafo se juntou à novidade do telefone, e os republicanos derrotaram a aristocracia agrária, inaugurando a era industrial e urbana. Em 1932, o rádio, que chegou a ser conhecido como “telégrafo sem fio”, parecia feito sob encomenda para a voz de veludo do democrata Franklin Roosevelt, que faria história com seu New Deal, tirando os Estados Unidos de sua maior crise econômica. Em 1968, quase 57 milhões de lares americanos já tinham uma TV, o que ajudou a criar a identidade da geração baby-boom. Não resta dúvida que é a internet que vai impulsionar as mudanças aspiradas pela geração emergente.

A eleição de Barack Obama, cuja campanha foi feita tendo como carro-chefe a internet, comprova a guinada profetizada pelos autores de Millennial Make-over. Foi o comparecimento em massa da geração do Milênio às urnas, que garantiu a eleição do primeiro presidente negro da história americana.

Esta semana foi divulgado o estudo atualizado que detalhou os hábitos desta “Geração Y”, realizado pela Bridge Research.

O estudo – baseado em entrevistas pessoais com uma amostra de 672 pessoas na Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro e Grande Porto Alegre, universo estimado em cerca de oito milhões de indivíduos, sendo 48% de homens e 52% de mulheres das classes A, B e C com idades entre 18 e 30 anos – analisa itens como comportamento, visão do mundo, padrão e estrutura de gastos, e perfil de consumo.

Segundo Renato Trindade, presidente da Bridge Research, a Geração Y possui uma nova forma de ver e atuar no mundo; novos valores e comportamentos desenvolvidos a partir da integração da tecnologia ao cotidiano, uma vez que cresceram jogando videogame e ouvindo música na internet. São eles os autores da maioria dos blogs e gestores de comunidades nas redes sociais existentes hoje.

O executivo detalha que a idade também é um divisor de águas. Os nascidos entre 1978 e 1980 apresentam mais responsabilidade, maior estrutura de gastos, dão maior valor à visão da família e aos estudos. Os que nasceram entre 1990 e 1995 estão mais atrelados aos valores da Geração Y, têm menor estrutura de gastos e maior envolvimento com tecnologia e inovação.

A análise do nível escolar aponta que 84% dos entrevistados possuem alta escolaridade e 16% têm primário e ginásio (completo ou incompleto). Cerca de 48% só trabalham e 7% trabalham e estudam. Há, ainda, um contingente de 7% que declarou não trabalhar nem estudar. Com relação à renda pessoal, 36% ganham de R$ 862 a R$ 1.317, enquanto 3% têm renda entre R$ 3.944 e R$ 7.556 – nessa categoria, 3% residem em São Paulo. No estudo predominam os jovens com idade entre 18 anos e 22 anos (42%) e entre 23 anos e 26 anos (25%); 23% têm idade entre 27 anos e 31 anos; 76% dos entrevistados são solteiros contra 21% de casados ou que moram com parceiros.

Os valores que permeiam a Geração Y como um todo são velocidade, liberdade, consumo, individualidade e tecnologia. “Esses valores se confundem com a própria pós-modernidade desses jovens, que são impulsivos, têm baixa reflexão e são incansáveis na busca por inovação”, afirma Trindade, acrescentando que se trata de uma geração repleta de oposições – valorizam a liberdade, mas buscam e testam limites; são liberais para o consumo e novidades, mas conservadores sociais; pensam em trabalho como meio de ganhar dinheiro, mas desconhecem planos de carreira; trabalho é remuneração, mas buscam o reconhecimento rápido; pensam no aqui e no agora, mas querem oportunidades futuras; amam a internet e a tecnologia, mas não gostam da impessoalidade do atendimento eletrônico ou via e-mail.

No que diz respeito ao consumo, a máxima corrente é a que consumir é melhor do que ostentar marcas. “Talvez por estarem fortemente ligados ao consumo, os Y´s acabam por se relacionar de um modo menos ostensivo com as marcas em geral. Não fogem necessariamente de modismo, mas as marcas assumem uma função de qualificadoras do produto e não de quem os usa”, afirma Trindade, acrescentando que em roupas, o importante é vestir bem e ser de boa qualidade.

Em eletroeletrônicos, o principal é ter uma boa experiência anterior com a marca, os celulares têm que ter alta tecnologia e serem bonitos, os televisores têm que ser de uma marca já conhecida. Nos carros, é mais importante uma boa relação entre custo e benefício; a marca, nesse caso, é mais importante e remete à qualidade. A resposta à questão “2010 será melhor, pior ou igual?” mostrou que os jovens da Geração Y, da classe C, são mais otimistas:  59% responderam que vai melhorar, contra 56% de São Paulo. A média total foi de 46% de otimistas, 32% de pessoas que acham que vai ficar igual e 19% de pessimistas.

Frases que Demonstram o Pensamento da Geração Y:

“Sinceramente, eu prefiro mil vezes ir para a academia e cuidar de mim do que ir para o teatro, aquela coisa mais parada….”

“Faço várias coisas das quais falei, mas o que eu não deixo de fazer é ir à igreja…”

“Trabalho é necessário. Nenhum ser humano consegue ficar sem fazer nada, sem produzir…”

Politíca: “Não sei se não gosto porque não entendo, ou porque não me forço a entender…”

“Se a internet me dá mais opções e praticidade, por que ler jornal? É um gasto a mais…”

“Quando quero ficar mais feliz me dou de presente uma roupinha. Vou ao shopping e compro mesmo com o meu cartão…” (Y da classe C)