Experiência de Marca

Pediu pra parar, parou. E agora?

O mercado está parado! É a frase que mais ouvi nos últimos dias de profissionais de Comunicação do Rio de Janeiro e de outros Estados do País.

O mercado está parado! É a frase que mais ouvi nos últimos dias de profissionais de Comunicação do Rio de Janeiro e de outros Estados do País.

Isso mesmo. Não apenas os profissionais de Live, mas o pessoal de Publicidade, do Digital, de Agências de Comunicação (total ou não) e até, assustei-me, de gente de grandes grupos e holdings.

Verdade que o grosso das reclamações vêm das maiores praças, em especial as que foram sedes na Copa. Quem esperou se dar bem com a Copa se ‘FIFOU’ – verbo que criei para dizer que quem com FIFA fere com FIFA será ferido.

Foto: Divulgação.

parar_mercado parado_tony coelho

São Paulo parece sentir menos que o resto do País. Talvez por ter um mercado mais profissional, mais qualificado e mais próximo ao cliente que decide, além de já existir por lá a cultura do cliente de conta, assumindo o perfil estratégico do Live. Ou seja, o cliente já tem eventos comprometidos ao longo dos meses.

Ainda assim, tenho relatos do pessoal de lá que muita coisa foi suspensa, verba reduzida ou data modificada.

Sabe o que isso significa? Bom. Contrariando o Tadeu Schimidt, no nosso caso, muita coisa.

O País vem reduzindo sua velocidade de crescimento e não é segredo para ninguém que isso é fruto da má condução da política econômica e de um governo que não se encontra em meio ao caos das denúncias e gente desqualificada em posição chave, por conta de politicagem.

Isso, por si só já bastaria para explicar o quadro, mas, some-se a isso, uma Copa na mão de uma entidade duvidosa e de gente também desqualificada a geri-la. Acrescente gestores de estado despreocupados com um mínimo legado social, cultural ou esportivo para cidades e Estados…

Agora, melhore o problema com eleições que vêm em seguida, quando a escolha se mostra difícil entre o caos, um futuro neoliberal e uma nova opção ganha com contornos trágicos de uma terceira via surpresa.

Imagine os investidores internacionais na economia globalizada assistindo a isso no País membro dos Brics que menos cresce, e uma Argentina sinalizando para o ponto a que chega um governo populista que não zela por seu promissor futuro e…

Taí o que você não queria. Todo mundo parado na expectativa do que virá de um País com um PIB de 1% e uma inflação crescente de 7% ao ano.

Não sou economista. Não vou declarar meu voto. Acho que, de um modo geral, o brasileiro tem o governo que merece. Afinal, como li num texto no Face: ser roubado pode não ser um escolha se um bandido escolhe você na rua dentre tantos outros, mas escolher o político corrupto é escolha de roubo anunciada, onde você, além de idiota, também é a vítima. Então, que cada um aja de acordo com suas convicções.

Meu texto refere-se ao mercado, ao meu mercado, ao meu ganha pão. A questão é que o quadro apresentado agrava os crônicos problemas dele (cliente pueril e despreparado, cliente desonesto que paga num prazo extorsivo, concorrências desleais, agências fantasmas e levianas com profissionais rasteiros, qualquer um se dizendo profissional de nossa área – todo mundo faz Live marketing… Enfim!) E é preciso uma reflexão rápida sobre o assunto ou sucumbiremos mesmo.

O que está acontecendo já mostra o que falo. No Rio, mais seis agências, algumas de porte e conhecidas, fecharam ou sumiram nos últimos três meses. Clientes antes fomentadores do mercado carioca, como a Petrobras, por exemplo, reduziram seus eventos o que agrava o processo de concorrência com todo mundo abrindo as pernas, outros – não vou citar nomes mas quem é daqui conhece – criaram normas de seleção estranhas que deixam de fora grandes agências, sob o argumento de falta de estrutura, mas entregam seus eventos a agências que nem sede tem. Vai entender.

Num momento como esse, samba de crioulo doido é hit.

Quadro pintado. Restam como opção para quem tem cocada pra vender as fusões, isso, como disse, para quem é competente para quem precisa e valoriza competência. Ou a redução de quadro ao mínimo possível para reduzir custos ao mínimo seguro. Ou o aceite de trabalhos antes negados para sobreviver à espera do fim da tempestade em outubro… ou novembro…dezembro ou…

Mas acrescento a isso uma opção nova. Será que os grandes centros e empresas merecem, e querem, uma comunicação de qualidade potencializadora de resultados? Será que os júniores e executivos de gaveta, sem coragem e conhecimento para mudanças, nem cacife de decisão merecem o seu trabalho árduo? Você quer continuar a fazer as refações sem fim, e sem custo, que eles solicitam por incompetência, desorganização, burrice, ou por que não pagam nada mesmo?

Não seria interessante você  voltar seus olhos para outros mercados supostamente menores, onde a expertise e a qualidade têm valor, e, portanto, preço justo?

O Sul, o Norte e o Nordeste, as cidades do Interior do Rio e de São Paulo ganharam espaço com marcas e produtos. Por quê?

Me peguei pensando nisso nos últimos tempos e tenho percebido que, por exemplo, mercados outrora deixados em segundo plano demonstram grandeza e crescem transformando cidades, marcas e elevando seus produtos.

O meu Curso, por exemplo, tem tido mais procura e receptividade de grandes, ex pequenas, cidades que têm sua grandeza na gestão correta e enxuta, em empresas com visão que pagam o justo – não adianta vir com absurdos – e onde ainda se fala com quem decide, os egos são menos inflados e o conhecimento é compreendido como algo pode mudar e alavancar o futuro.

Acho, inclusive, que o futuro está neles.

Enquanto isso, pense em quem vai votar, em como vai agir com os clientes no desespero de ganhar qualquer coisa, em como vai se comportar em relação aos fornecedores, parceiros e outras agências. Pense muito bem, porque a tendência nesses momentos é o diabinho tentar colocar na sua cabeça que ser o esperto, o dissimulado, o traíra se justifica.

O poço existe para todos, mas o fundo eterno é de quem se isola no afã de se tornar único num mercado que vive e depende de gente. Porque tem gente que sabe nadar, tem corda, conhece as pedras do poço ou simplesmente tem sorte. Mas essas pessoas só ajudam a sair do poço aqueles em quem confia, gosta ou respeita.

Você, pense, foi um dos que pediu para parar? Foi? Pois é. Parou! Mas a fila anda.