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Obras no Galeão podem demorar mais que o previsto

O subsecretário de Transportes do Estado, Delmo Pinho, duvida, por exemplo, da capacidade prevista - 44 milhões de passageiros - e também não acredita que os novos estacionamentos ficarão prontos para a Copa de 14.

Poucos carros na entrada do estacionamento do Terminal 1 do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, que apresenta certo ar de abandono. Só uma ou duas cabines de acesso estão em funcionamento.

Dentro, a surpresa: as 1.266 vagas estão ocupadas e, além disso, muitos carros parados estão em cima das calçadas. A dificuldade é grande para conseguir uma vaga, embora dentro do terminal não haja sinais de grande movimentação de passageiros. O preço da diária – R$ 29,00 nas primeiras 24 horas – estimula o uso como garagem pelos viajantes.

O estacionamento é somente um dos muitos problemas que tornaram lugar comum, no Rio de Janeiro, falar mal do Galeão, aeroporto inaugurado em 1977 (o terminal 1), durante o regime militar, com o objetivo de tornar-se o hub (concentrador) de voos internacionais para o Brasil, condição que manteve até a inauguração do aeroporto de Guarulhos (SP), em 1985.

Em 2010, o Galeão teve o pior índice de eficiência entre os principais aeroportos do País (categoria 1), com piora de 6% em relação a 2009, segundo relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O indicador é baseado em uma fórmula internacional que leva em conta o total de embarque e desembarque, volume de cargas, receitas, custos, número de funcionários e outros dados.

Agora, ante o ceticismo de especialistas e do governo do Estado, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) promete entregar em 2014 um aeroporto renovado, com capacidade anual de movimentação de passageiros ampliada de 17 milhões para 44 milhões e com modernos edifícios garagens, totalizando 6,5 mil vagas.

“Posso garantir que o Galeão estará pronto para receber o público (da Copa do Mundo)”, diz o presidente da Infraero, Gustavo do Vale. Segundo ele, a Infraero não tem programação específica de obras visando a Olimpíada de 16. “Com essas reformas (que estão em andamento), nosso foco é investir no Galeão para que venha a ser um grande hub nacional.”

A transformação do aeroporto carioca em um grande hub nacional é um dos sonhos do Governo do Estado, que, contudo, duvida da sua concretização sob os auspícios da Infraero e torce para que a prometida inclusão do terminal no programa de concessões do setor, deixado pelo governo para uma segunda etapa da programação, não caia no esquecimento.

O subsecretário de Transportes do Estado, Delmo Pinho, 16 anos de Infraero, considerado um dos maiores especialistas brasileiros em assuntos aeroportuários, duvida, por exemplo, da capacidade prevista – 44 milhões de passageiros – e também não acredita que os novos estacionamentos ficarão prontos para a Copa de 14.

Segundo Pinho, a capacidade operacional do aeroporto deverá estar em 20 milhões de passageiros quando as obras em andamento estiverem concluídas. Em relação aos estacionamentos, que terão dois edifícios-garagem, de cinco andares cada, o subsecretário diz que não estão sequer licitados, o que, na avaliação dele, praticamente inviabiliza a execução das obras até 2014.

A Infraero informa que “ainda este ano” será lançada a licitação para a escolha da empresa que fará o estudo de viabilidade econômica para a construção do novo estacionamento.

A partir desse estudo, uma nova licitação será lançada para escolher a empresa que fará as obras e que será também responsável pela “exploração comercial dos estacionamentos dos dois terminais do aeroporto”.

Segundo o superintendente do Galeão, Abibe Ferreira Júnior, no cargo há cinco meses, será construído um prédio novo de cinco andares para ser o estacionamento do Terminal 1. No Terminal 2, que já tem um prédio-garagem de três andares, serão construídos dois andares adicionais.

A Infraero estima que quando estiverem prontos os dois edifícios-garagem, o número de vagas no Terminal 1 passará de 1.266 para 1.896, e no Terminal 2, de 1.476 para 2.486.

Esses números, somados às 1.568 vagas já existentes em um estacionamento alternativo na área entre os dois terminais – o uso da área exige esquema especial de transporte das pessoas até os terminais -, e a outras 600 vagas, que deverão ser criadas, elevarão a capacidade total de estacionamento do Galeão para 6.550 vagas.

Fonte: Valor Econômico.