Experiência de Marca

O tempo das coisas que você quiser

Li dias atrás vários textos que me inspiraram. E alguns, cá entre nós, nos colocavam muito para baixo. Acredito sim que as coisas mudam o homem, mas acreditam mais ainda que os homens, e só eles, podem mudar as coisas.

E, pela manhã, o Sol, ou pingos de chuva na janela, ou ainda um frio cinzento vai te despertar.

E a vida vai seguir assim por todo tempo. Dias de luz e chamadas à alegria, dias de chuva que vão te desafiar a encontrar caminhos para não se molhar, dias cinzentos que vão te dar vontade de ficar na cama e não levantar.

Mas sempre virá o sol. Tímido ou forte, “caliente” ou ameno, até revigorar seu dia e fazê-lo pensar melhor. Isso porque não há tempestade que dure para sempre e mesmo o Apocalipse não manda aviso.

Li dias atrás vários textos que me inspiraram. E alguns, cá entre nós, nos colocavam muito para baixo. Acredito sim que as coisas mudam o homem, mas acreditam mais ainda que os homens, e só eles, podem mudar as coisas.

Por mais que tentem me colocar contra parede na insana vontade de me fazer desistir do mundo e das pessoas, eu me recuso a fazê-lo. Sei bem que num mundo como o nosso há quem privilegie a imagem ao conteúdo, que repita, irrefletidamente, o que lê pelas redes, terra de ninguém, como disse a mocinha na TV, terra de muitos, como digo eu.

Aprender a lidar com o Digital Mundo é tão difícil quanto aprender a lidar com a Gramática e os textos da Literatura Clássica de Machado de Assis ou de José de Alencar. Se, por um lado, existem os que defendem transformar o texto dos fantásticos escritores em obras comezinhas de leitura, há os que propugnam limites para o meio digital como forma de censura.

Nenhuma nem outra coisa. É preciso aprender a conviver com o difícil, com o que é novo para nós. Tanto quanto exercitar a leitura e o resgate dos termos difíceis de Machado, para melhor compreender o contexto do tempo e a vida de sua obra, quanto saber lidar com as mensagens apócrifas e seus textos sem dono que pululam as redes sociais.

É a nossa consciência e decisão, nosso foco e nossa percepção que nos levarão ao conhecimento. É tão bom conhecer nossos grandes escritores quanto o mundo das Redes Humanas, os games e a infinidade de opções de conteúdo que nos reserva a web.

Não existe, de fato, o politicamente certo. São ilusórias as brigas que colocam o capitalismo de um lado e o comunismo do outro, por exemplo.

Vejam que os países mais comunistas do mundo se renderam ao capitalismo que outrora combatiam. O tempo é o senhor da razão e a humanidade vai sempre encontrar palavras novas para vestir ideologias com o único fito de justificá-las e entendê-las, porque somos humanos e é isso que fazemos: História.

Cada um de nós, nas crises sem Sol, vai sucumbir e ressurgir de acordo com nossa vontade, crença e motivação. Cada um de nós, se, ao invés de darmos ouvidos aos trovões e relâmpagos dos apólogos da catástrofe, partíssemos para cima, com ações e atitudes, porque com palavras apenas deixamos textos no Face, haveriam mudanças.

Não podemos dormir um ou dois anos para acordar e ver no que deu. As “coisas” são nossas, os amores são nossos, as vidas são nossas.

Devemos acordar cedo e fazer de cada dia uma nova canção composta com acordes e sonoridade que nós mesmos fizemos. Chega de ouvir e ler o canto de sereias que afundam navios. Chega de tocarem o nosso violão.

Dois belos textos mexeram com minha vida. Um, que a Internet tratou de mudar o autor, mas que, de fato, é de Ricardo Gondim, “O Tempo que foge.”

Nele, em certa parte, diz o autor: ”Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.”

É isso. Vamos, com calma, saborear a vida, porque o tempo não nos avisa do tempo. Seguindo, ele diz:

“Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: – Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.”

Viva sua vida, viva o que gosta, sonhe os seus sonhos e siga em frente. Você terá mais chances de acertar do que se ficar ouvindo e lendo gurus idiotas.

O outro texto me resume. E é, talvez, a razão deste texto aqui. Chama-se “Cântico Negro” e é de autoria de José Régio, grande poeta português.

Régio, me fez mudar a escolha de Universidade. Ao lê-lo, percebi que nem a Medicina que minha queria para minha vida, nem o Direito que meu pai propugnava para segui-lo em seu escritório eram escolhas minhas. Não queria ser Doutor, queria ser eu.

Aí, quando li:

“… Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde.
Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…”

Tudo mudou. Daí, não fui. Segui meus próprios passos. Agi de acordo com minhas crenças e estou aqui para dizer NÃO aos que acreditam que não podem seguir seu próprio caminho, suas escolhas.

O tempo das coisas é o tempo que você quiser. Mas, boas ou más, elas precisam ser suas escolhas e não a que outros te deram.

Acorde amanhã e olhe pela janela de sua alma. Se estiver nublado, enfrente; se estiver chovendo, ponha capa ou use o guarda-chuva; se o Sol lá estiver, saia sem medo. Porque em qualquer das hipóteses, você vai mudar ou fazer o seu tempo, porque enfrentou o tempo.

E se alguém lhe disser: Venha por aqui! Responda, como José Régio:

“…Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”