Experiência de Marca

O prazer de trabalhar… por Wagner Bastos

Não pretendo ser utópico, mas precisamos de mais prazer e sastifação no trabalho, senão teremos dinheiro no bolso e nenhuma disposição para transformá-lo em realização dos nossos sonhos...

Wagner Bastos*

Quando chega a segunda-feira, mais uma semana desponta prometendo um ritmo acentuado de trabalho, e no caso desta época, significa também o fim de merecidas férias acadêmicas… E no meu planejamento semanal: a promessa de entregar um artigo sobre o mercado, foi então que resolvi me aprofundar um pouco justamente sobre a situação em si, sobre o prazer de trabalhar.

Escrever essas linhas como primeira atividade para um início de semana não significa pra mim um trabalho e sim, um enorme prazer. Estou desenvolvendo um trabalho para o qual me preparei a vida toda e para o qual meu talento tendia.  Assim começo a semana feliz, fazendo o que gosto.

No mundo do marketing nos deparamos com clientes, produtos e situações diversos e diferentes todos os dias. Todos com o mesmo objetivo: ganhar dinheiro. Não se engane, todos estão no mercado pra isso, independente da finalidade para a qual o ganho será destinado. E nós, profissionais de marketing, procuramos cumprir nosso papel de indicar os melhores caminhos para a consecução desses resultados. Contudo, dia desses, tive uma ideia interessante para um cliente de varejo na internet e fui questionado imediatamente por ele sobre quais resultados efetivos a estratégia traria.

Perguntou ele: qual será minha taxa de conversão no primeiro mês, quanto vou ganhar com isso? Ora, não se tratava necessariamente de algo que trouxesse resultados a curto prazo, e sim uma ideia que buscava diferenciá-lo dos concorrentes, torná-lo pioneiro em algo, fazê-lo sair na frente e intensificar o relacionamento com sua comunidade de clientes. Algo que valorizaria a imagem da empresa, para resultados futuros, e ele me disse que preferia investir em estratégias imediatistas, embora o investimento fosse pequeno.

Assim, convido-os para a reflexão sobre a possibilidade de estarmos transformando nosso dia-a-dia numa grande caixa registradora. Não há mais prazer no relacionamento profissional, apenas interesses financeiros?

Nas diversas escolas que tive, aprendi que o dinheiro é consequência de um trabalho bem feito, do reconhecimento pelo que construímos no decorrer do tempo. Pensar tão somente no resultado financeiro imediato me parece pouco inteligente, pois os investimentos terão de se repetir ou aumentar todos os dias, ao contrário de uma empresa que reserva uma parte de seus recursos de marketing para a construção de sua imagem, minimizando esforços futuros.

Além disso, precisamos ter satisfação no ambiente em que passamos a maior parte do nosso tempo. Oferecer um brinde a um cliente, reformar um ambiente, reconhecer um funcionário, criar um novo produto, convidar um cliente para almoçar, ter um ideia…isso tudo é o que nos faz gostar mais do que fazemos e, consequentemente, conseguirmos bons resultados.

A miopia que limita enxergar cada cliente como um grande cifrão com braços e pernas, em vez de perceber primeiro seu sorriso no rosto e sua capacidade de dicernimento, é a alavanca para a competição acirrada que destroi pequenos e médios competidores, sem chances de reação. Iniciativas que prestem serviço e sejam percebidas pelos clientes é o que costumo chamar de Marketing Branco, o marketing do bem.

Um exemplo é a Rede Frango Assado de postos de serviços, cujos recepcionistas limpam as fichas de controle dos clientes com álcool a cada entrega e expõe uma papeleta nas paredes dos banheiros mostrando a periodicidade diária da limpeza dos mesmos. Certamente não seria cobrada por isso, mas essas pequenas iniciativas fazem toda a diferença em relação ao seu principal concorrente, porque demonstra preocupação com higiene e qualidade dos seus produtos, imprescindível para o seu mercado. Qual o custo disso? Apenas boa vontade. E talvez por isso, seu movimento também seja visivelmente maior.

Não pretendo ser utópico, mas precisamos de mais prazer e sastifação no trabalho, senão teremos dinheiro no bolso e nenhuma disposição para transformá-lo em realização dos nossos sonhos…

Wagner Bastos é especialista em marketing promocional e merchandisinG, palestrante, professor da PUC-Campinas e consultor de marketing.