Experiência de Marca

O gift do gift – por Marina Pechlivanis

Para presentear clientes e conquistar prospects, premiar funcionários e homenagear colaboradores, além de encantar o consumidor final, o gifting sempre teve, em sua longa trajetória no mundo dos protocolos corporativos, soluções que marcaram época e fizeram moda.

Marina Pechlivanis*

Negócios são movidos por tendências, e no mundo do gift não é diferente.

Para presentear clientes e conquistar prospects, premiar funcionários e homenagear colaboradores, além de encantar o consumidor final, o gifting sempre teve, em sua longa trajetória no mundo dos protocolos corporativos, soluções que marcaram época e fizeram moda.

Sejamos mais recentes, de uns 20 anos para cá.

Foi o tempo dos bonés — ai da empresa que não tivesse o seu — estilo australiano, pescador, em tactel … Sem contar as viseiras!

Camisetas? Tiveram seu glamour: regatas, manga longa, baby look, para duas pessoas, com purpurina, que brilha no escuro, pisca-pisca com leds

Canetas são um clássico: de clic-clic, com clip que prende no bolso, corpo emborrachado, quatro cores, pointer para apresentações, ponteira para palm

E os porta-canetas? De plástico, de couro, em acrílico colorido. E com bloquinho de anotações para ficar ao lado do telefone e porta-clips!

Canecas! Quadradas, com pires, estilo bowl para cereais, pintada à mão com decalque, decorada por artistas famosos, que fala, que muda de cor…

Agenda: quem não usa uma? De mesa, presa por uma argola; de bolso; diária, semanal, mensal, caderno-agenda, virtual em formato de APP…

Mochilas: emborrachadas, de nylon, a prova d’água, para a escola, para a academia… E malas de viagem? Em couro, sintéticas, em lona…

Necessaires: com espelhinho, porta-batom, zíper, ímã, velcro, de metal, feminina, masculina, kids, importada, de patchwork, trouxinha porta-bijus…

Mouse pads! Mania: todo mundo necessitava de um. Quadrados depois redondos, antiderrapantes, com água dentro, com apoio para as mãos…

Guloseimas, hum! Chocolates, trufas, balinhas personalizadas, mentinhas, minibolinhos, docinhos de patisserie, cookies, bem-casados, cupcakes

Bebidas? Vinho, uísque, rum, vodka, ai! champanhe com duas taças!, cachaça com copinhos de shot (objeto de desejo nacional!), café com blends

Ecobags? Uma avalanche! Em feiras, eventos, lojas, supermercados, universidades… em tecido, PET reciclado, assinadas por estilistas…

E a era dos pendrives? De 500Mb, depois com 2Gb, 4Gb, 8Gb, em formato de cartão de visitas, de chaveiro, chique de prata com cristal austríaco…

Tecnologia? Radinhos! TV portátil! MP3, MP4, palms, câmeras digitais, webcams, pods, pads e phones, laptops, caixas amplificadoras, wiis

Virtualidades? Códigos com realidade aumentada no cupom fiscal, em anúncio de revista ou panfleto ou folheto contendo acesso a entretenimento…

E as sensações? Viagem de balão, day SPA com pedras quentes e massagem tailandesa, resorts, NY, Marrocos, Dubai, África, shows…

Não podemos nos esquecer dos acessos: camarote do cantor preferido, ingresso para jogo do time, um curso, brunch com o presidente da firma…

Ontem, hoje, sempre. Incrível como estas ideias coexistem e estão em prática, das old fashions às mais descoladas, e a boa prova está na recente feira da NRF/NY, em janeiro de 2011. O tema? Tecnologia, mobile, acessibilidade no varejo. Os maiores players do cenário hightech expuseram suas marcas em uma complexa feira e em inúmeras interações conceituais com palestras e workshops.

A expectativa? Receber gifts virtuais: widgets para computadores, tablets e celulares que pudessem servir de modelo para revolucionar o relacionamento com os clientes no ponto de venda. O fato? Em meio à mesmice camiseta-caneta-sacola, desponta uma nova tendência: o gift do gift.

Como funciona? É um gift, às vezes mais lúdico, mais concreto, mais foto-legenda, que vem com outro gift, em forma de código para acesso virtual a conteúdos, descontos, vantagens exclusivas… Junta o mundo real (que não é nenhuma novidade) com o virtual (que já está ficando manjado), oferecendo benefícios nos dois planos.

Contextualizando com um exemplo real: um par de luvas para atrair o visitante da feira (lá estava frio demais) com uma etiqueta contendo benefícios da empresa para acesso virtual. Novamente, precisa saber como fazer para que as pessoas não arranquem a etiqueta e esquentem suas mãos com as luvas que nem sabem quem deu (ups! Quem era mesmo?).

Planejado com estratégia, este modelo pode trazer bons resultados.

A interação aumenta, o storytelling se alonga, e as funções de cada etapa ficam mais claras: em uma fase, envolver; predispor para o acesso da marca no universo particular do consumidor. Em outra, gerada a simpatia e o encantamento, efetivar a oferta de conteúdo e, quem sabe, a venda.

Moda é moda, e essa também deve pegar. Já imaginou fazer isso em três, quatro, cinco etapas?

É… Nada como um gift após o outro!

Marina Pechlivanis
Marina Pechlivanis é Mestre em Comunicação e Consumo pela ESPM e integrante do GEA (Grupo de Estudos Acadêmicos) da Ampro. Palestrou no Festival de Cannes/Promo Lions 2008 lançando o conceito “Gifting”, e é coautora do livro “Gifting” (Campus Elsevier/2009).