Experiência de Marca

O ano que não começou

O mais difícil é manter a autoestima, a vontade de trabalhar e olhar para a frente, pensando e se preparando para a volta, que será uma volta pela metade.

É um paradoxo. Embora o isolamento social para quem pode praticá-lo pareça ser um desacelerador do tempo, pois a quantidade de microtarefas que são feitas em casa e que antes não eram feitas ou não contavam como tarefas nos dá a impressão que o dia rende muito. 

Porém, já estamos há quase dois meses nesse ritmo e me dou conta de que o ano está indo embora… A perda de dinheiro é rápida, a de tempo em si, parece lenta.

Embora,-pessoalmente, como já disse aqui, tenho facilidade em estabelecer rotinas, e essa é a chave para conseguir passar bem por toda crise, a empatia, mais do que nunca, tem que ser praticada, e me coloco no lugar dos donos dos ‘butecos’, os pequenos negócios com os quais o meu pequeno negócio tem mais proximidade. 

O delivery/take a away é um paliativo, pois em média tem gerado apenas cerca de 20% do faturamento de um mês “normal”. 

Há exceções, mas muito poucas mesmo. Viver com  20% de um faturamento que já não era bom, pois sofre desde 2014 com a recessão, e, mesmo antes da pandemia, não dava sinais de recuperação. 

Renegociar ou suspender pagamento de aluguel, dispensar equipe, reduzir cardápio aos itens mais fáceis de transportar e mais baratos. Do ponto de vista pessoal, reduzir despesas ao mínimo, poupar se for possível e ter muita, muita paciência.

E o mais difícil, manter a autoestima, a vontade  de trabalhar e olhar para a frente, pensando e se preparando para a volta, que será uma volta pela metade. 

O movimento de pessoas será menor, a capacidade dos estabelecimentos será reduzida à metade pelo distanciamento das mesas, muito mais processos de higiene serão necessários e uso de EPI. Ou seja, menos faturamento e mais custos. 

Temos que nos acostumar com essa realidade e trabalhar para que ela possa melhorar ao longo do tempo. E não perder a lucidez, pois as notícias trazidas pela imprensa e redes insociais não ajudam. 

Manter o foco, o equilíbrio, o bom humor sempre que possível e a noção do que é mais importante: respeito ao próximo e abstrair das decisões que o desgoverno aprofunda.

Tenho tentado praticar isso acompanhando a melhor forma de voltar, com segurança, e retroceder se necessário, pois o essencial é a saúde física e mental de todos.

Enquanto isso, muita leitura, filmes, séries dos mais variados temas e estilos.

Vai passar… tanto a crise como 2020…