Experiência de Marca

Nosso mercado e o Brasil vão dar em pizza

A economia “porca” começa a afetar quem não devia. Quanto cliente despreparado quase colocando em risco a ideia fantástica por querer aparecer ou para baixar custo bobo, como o de alimentação para o pessoal da produção, por exemplo.

Não tenho razão nenhuma para escrever um bom texto hoje.

Enquanto no País se avizinha mais uma vergonha, com o STF fazendo a pizza mais prevista, mais sem graça, mais desonesta e espúria, com a justificativa de que tem que se dar uma “chance” aos mensaleiros, porque cabe recurso – mas eu pensei que o Supremo fosse a última e decisiva corte do País -, no nosso mercado, os clientes covardes vão de mal a muito pior, fazendo a pizza mais indigesta que nós vamos comer.

Agora, eles fazem e entregam a arte (são criativos), levam as TVs, excluem recepcionistas, fazem a comida – ainda vou ver o dia que eles vão, literalmente para a cozinha, escolhem a atração dentre os amigos, são os MCs e DJs – ou seja, são fornecedores, e, não raro, mandam nos produtores, como produtores executivos.

Ah!, eles ainda continuam a NÃO PAGAR nada antes do trabalho e nem em 30 dias, do seu PRÓPRIO EVENTO, mas, se a gente for bonzinho, até pagam em uns… 60, 90 dias, rapidinho, né? Mas se cobrar ou reclamar, aí eles pagam nos 120 diazinhos mesmo. Ai, ai, ai!

Mandam pra “caçamba”, como se entendessem, transformando cerca de 60% dos eventos, cujos projetos agências e profissionais qualificados apresentam tecnicamente corretos e depois são sucateados por cortes cada vez mais sem nenhum sentido, em umas porcarias que, certamente, darão problemas sem fim, e, depois do evento, creditarão todos os erros e problemas, decorrentes desses cortes e ordens, à incompetência da agência e dos produtores.

Vai dizer que nunca aconteceu desse calhordas culparem as agências e os produtores com os quais trabalharam em eventos anteriores pelos inúmeros erros e “emes” que deram neles, quando você ganha a concorrência deles? Ah!, espero que você não tenha dado uma de bobão, como fazem tantas agenciazinhas, dando toda razão a eles, esquecendo que o próximo a ser malhado é você.

Isso mesmo. Estamos favorecendo a mediocridade dos clientes covardes e despreparados com nossa covardia e falta de profissionalismo. Na ânsia de ganhar a concorrência a qualquer custo, estamos perdendo o mercado.

Aí ganham as agências de comunicação “faz tudo”, que apostam na nossa incompetência em nos posicionar; a percepção errônea, plantada por gente medíocre, de que qualquer um faz evento; os caras de Compras e Suprimentos e RH do cliente que, não entendendo, por falta de inteligência ou formação, o que é marketing e comunicação, impõem suas posições, transformando marcas e produtos em coisa de segundo plano – será que alguém consegue pôr na cabeça deles que sem as marcas valoradas e os produtos vendidos seus empreguinhos não existiriam? Acho que não.

Estive no Rock in Rio e achei muito do ‘kct’ as ativações de marca, os espaços e a grandeza da organização do evento. Legal ver a competência da galera da M|Checom, da Infoview, da Mix Brand Experience, da Dream Factory e de outras tantas agências live. Mas, meus Deus, quanta gente desqualificada “funcionando” como produtor.

Detalhe do espaço da SKY, desenvolvido pela Mix Brand Experience, que recebe equipamentos e materiais aos cuidados da equipe da M.Checon (Foto: by Instagram M.Checon).

A economia “porca” começa a afetar quem não devia. Quanto cliente despreparado quase colocando em risco a ideia fantástica por querer aparecer ou para baixar custo bobo, como o de alimentação para o pessoal da produção, por exemplo. Não sei aonde vamos chegar desse jeito. Sei que não vou parar de falar quando vir algo que me incomoda.

Queria muito, mas muito mesmo, dar nomes aos bois. Mas aí, seria injusto, especialmente com as agências, fornecedores e produtores que fizeram um excepcional trabalho, e, de fato, deram a grandeza ao evento, que seriam atingidos. Fico, então, por enquanto, no genérico, mas a galera que esteve lá sabe de quem falo.

Aceitamos as pizzas do nosso País calados por muito tempo. Até saímos às ruas recentemente para mostrar a indignação. Mas, de nada adianta a passividade em momentos que o grito conjunto joga a pizza na cara dos pizzaiolos, como o que se avizinha com a decisão do Supremos. Se calarmos, os caras vão fazer pior.

O que serve em macro para o Brasil tem que servir em micro para nós. Precisamos dizer, registrar, ponderar e questionar o cliente quando ele, escrotamente, nos apresentar pedidos, posições ou determinações que ponham em risco o nosso trabalho, as pessoas envolvidas, o público, a marca, o nosso ganha pão.

Vivemos do Live, somos Live, é isso que sabemos fazer, eles estão empresas. A maioria dos que nos prejudica hoje está de passagem por elas, você não conversará com eles no ano que vem, pois estarão em outro lugar ou em outra empresa. Hoje, são gerentes, assistentes, diretores que nos usam para ganhar cartaz com o “boss”. Amanhã, Deus sabe onde estarão. E idiotas são as agências que os contratam querendo ganhar o cliente.

Não estão nem aí se o evento vai funcionar corretamente. NÃO ENTENDEM DE EVENTOS. NÃO ENTENDEM DE LIVE MARKETING. Pois se entendessem, estariam nas agências. Não são nossos amigos, e ponto, são nossos clientes. Devemos dar-lhes o melhor de nossa expertise, ganhar sua admiração por isso. Quem se faz amigo para ganhar trabalho é incompetente como profissional e como pessoa.

Reajam aos pizzaiolos dos clientes. Registrem suas ordens e determinações “cacas” em e-mails e contratos, onde der. Não os deixem manchar suas carreiras, acabar com o que garante a sua vida. A cada vacilo seu, um emprego a menos no nosso mercado, uma agência a menos para te contratar.

Assim como a criação está acabando em pizza, por culpa de donos de agência que fazem de tudo pra ter cliente e criativos omissos, vão acabar com os produtores que, em breve eles quererão tirar do orçamento para se colocarem ou colocarem amigos que fazem festa no lugar. E aí, onde você vai trabalhar? No cliente?

O próximo passo será, por óbvio, o fim da sua agência e do nosso mercado.

Se você gosta de pizza, meu amigo, vai comer uma bem amarga. E pode ser a última. Quem vai apagar a luz?