Experiência de Marca

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O espaço é enorme, algo como mais de 500 mil vezes o tamanho do Anhembi.<br /> Nele circula Mercedes - BMW - Ferrari - Lamborguini - Passat - Fusquinha - Bicicleta - Carrinho de mão e algumas Carroças.

João Carlos Zicard*

Fiquei um tempo sem escrever em meu blog pois estive em  dúvida sobre minha profissão, sou bananeiro ou publicitário?

Mercadão de Bananas

O espaço é enorme, algo como mais de 500 mil vezes o tamanho do Anhembi.
Nele circula Mercedes – BMW – Ferrari – Lamborguini – Passat – Fusquinha – Bicicleta – Carrinho de mão e algumas Carroças.

Nesse mercado todas as frutas são bananas – melancia é banana – maçã é banana – uvas importadas são bananas e até manga é banana, e não são tipos diferentes de bananas não, são todas iguais, bananas maçãs, bem pequeninas da mesma cor e conteúdo.

O exótico, pra não dizer surreal, é que alguns dos que entram no mercadão de bananas; clientes e afins, desde os com Ferrari até os com Carrinho de mão, exigem preço de banana, cara de banana,  jeito de banana, casca de banana mas com sabor de pêra, tangerina, pêssego importado etc. O curioso é que os bananeiros do mercadão de bananas, pensam que entregam os sabores desejados e os clientes fingem que estão satisfeitos, ou não admitem que pagaram o preço de banana por bananas.

Não importa muito a embalagem, a origem, o armazenamento, o cuidado, a safra, a aparência e o sabor, (que é o verdadeiro resultado desse negócio), o que importa mesmo é o preço, para esses alguns.

O atendimento não faz diferença, a criação das bananas (aos olhos desses) é sempre criativa, competente e adequada como se criação fosse commodities. Afinal banana é banana, não importa de onde venha ou quem crie.

Os bananeiros como eu estão concorrendo nesse enorme espaço – lembra até a República das Bananas – e todos concorrem entre si, reduzindo ainda mais o preço de banana para ganhar clientes. Reduzem tanto os seus preços que fecham as bancas pouco tempo depois, e incrível, não percebem esse prognóstico.

É a crônica da morte anunciada.

A questão é que bananas apodrecem, caem do cacho, passam do tempo ou passam o tempo tentando ter sabor de morango, elas, as bananas, e jamais conseguirão. Podem também causar uma grande dor de barriga.

Outras não! São saborosas e incrivelmente cuidadas, de altíssima qualidade, bananas de respeito, mas vendidas no mesmo preço das bananas podres e assim o fazem, os bananeiros, para poderem viver esperando que um dia o mercadão de bananas mude.

Mudança que fará  os clientes saberem escolher a banca certa, valorizar a qualidade, a ética e a legitimidade dessas bananas.

Mas assim eles não vão mudar não. Sabem por quê?  Porque não precisam, os bananeiros sempre cedem. As concorrências desrespeitosas e desequilibradas proliferam, se multiplicam, já habitam a internet em leilões.

Esse mercadão de bananas estourou há mais ou menos 6 ou 7 anos e vem caindo pedaços de teto e paredes até hoje, vem matando um, ferindo outro, desmoronando pouco a pouco como um grande, velho e podre cacho de bananas.

Criação virou banana, planejamento virou banana, produção virou banana, atendimento virou a casca da banana, o fazedor de bananas não sabe se terá ainda amanhã sua fazenda, seu sítio ou seu jardim. O jardim das bananeiras!

Penso neste momento em que entrego meu cargo de presidente do conselho da Ampro, após quatro anos,  à minha amiga ElzaTsumori, fantástica profissional diga-se de passagem, que talvez seu grande, enorme, imensurável desafio seja conseguir mostrar ao mercado a diferença entre banana e tangerina – tá aí um grande pepino.

Boa sorte Elza, talvez a certificação dos bananeiros possa fazer a diferença. E esse banana aqui estará sempre ao seu lado Elza.

Abraço a todos.

João Carlos Zicard é diretor-presidente do Grupo Zicard.
João Carlos Zicard é diretor-presidente do Grupo Zicard.