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Historia da internet no Brasil

Tudo começou quando a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu a idéia de estabelecer contato com instituições de outros países para compartilhar dados por meio de uma rede de computadores. Assim, chegou ao Brasil a Bitnet (Because is Time to Network).

A rede conectava a Fapesp ao Fermilab, laboratório de Física de Altas Energias de Chicago (EUA), por meio de retirada de arquivos e correio eletrônico. O serviço foi inaugurado oficialmente em 1989.

Em 1991, o acesso ao sistema, já chamado Internet, foi liberado para instituições educacionais e de pesquisa e a órgãos do governo. Nessa época ocorriam fóruns de debates, acesso a bases de dados nacionais e internacionais e a supercomputadores de outros países, além da transferência arquivos e softwares. No entanto, tudo estava reservado a um seleto grupo de pessoas.

Em 1992, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) assinou um convênio com a Associação para o Progresso das Comunicações (APC) liberando o uso da Internet para ONGs. No mesmo ano, o Ministério da Ciência e Tecnologia inaugurou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e organizou o acesso à rede por meio de um “backbone” (tronco principal da rede).

“O problema da internet em relação às outras é que é uma rede interativa. A característica velocidade dessa tecnologia gerava demanda superior à então comportada pelos fios telefônicos de cobre. Então houve uma corrida para expandir as linhas, e isso era antes da web [um dos protocolos de troca de dados da internet, que é usado pelos sites e navegadores]. Quando apareceu a web, então, falaram ‘agora é que vai atolar de vez’.

Foi apenas em 1993 que ocorreu a primeira conexão de 64 kbps à longa distância, estabelecida entre São Paulo e Porto Alegre. Em 1994, estudantes da USP criaram centenas de páginas na Internet.

O ano de 1995 foi um marco. 

Bem-vindo a 1º de maio de 1995. Você não entrou no Facebook nem viu mensagens no WhatsApp ou tirou dúvidas no Google. Nada disso é possível, já que esses serviços só serão lançados ao longo dos próximos 20 anos. Mas já dá para, ao menos, acessar a internet e mandar um e-mail. Isso porquê os Ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia criaram, por portaria, a figura do provedor de acesso privado à Internet e liberaram a operação comercial no Brasil.

Naquele 1º de Maio começou a ser oferecida no Brasil a conexão comercial à rede mundial de computadores, abrindo para pessoas comuns as possibilidades já disponíveis para acadêmicos e pesquisadores. No ano seguinte, muitos provedores começaram a vender assinaturas de acesso à rede.

O limite das conexões discadas, também conhecidas pelo seu nome em inglês, dial-up, era de 56 kbps, suficiente para baixar uma imagem de 100 kbytes em 14 segundos; uma canção de 5 Mbytes em 12 minutos; e um filme de 700 Mbytes em um dia e quatro horas. Pagando por minuto.

Você entrava num site e um banner [anúncio superior] começava a carregar. Dava tempo de ir tomar banho, pegar um café, voltar e ainda não tinha aparecido. Houve gargalos – e pode-se argumentar que ainda há-, mas também vieram investimentos, a fibra ótica, a exploração econômica da rede, a telefonia móvel.

Usuários, acessos e domínios
Quando implementada, a velocidade de acesso à Internet era de 4.800 bits por segundo (bps). Uma conexão discada hoje pode ser 15 vezes mais rápida ou mais. Hoje o internauta pode perder a paciência quando um site demora 30 segundos para abrir. Mas, há dez anos, era comum uma única página demorar de 15 a 20 minutos para surgir na tela. As linhas de transmissão eram limitadas e nem se pensava em conexões via fibra óptica.

Os primeiros sites brasileiros surgidos eram de notícias. Depois, surgiram os de compras, entretenimento e pesquisa. Assim, a rede nacional começou a crescer. Para o público médio, e-mail e as salas de bate-papo (chats) foram dois dos principais carros-chefe para a popularização da Internet. A forma de comunicação entre as pessoas mudou tanto no ambiente de trabalho quando na vida particular. Nesse campo, aliás, os chats permitiram uma inovação nos relacionamentos: o namoro e o sexo virtual. As pessoas passaram a se conhecer pela Internet para, depois, marcar encontros na vida real.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Bill Gates sonhava com um computador que custasse menos de US$ 1.000 (R$ 917 à época, que por sua vez seriam R$ 3.550 corrigidos pela inflação oficial). “Esse é um dos desafios da indústria”, disse, à ocasião do lançamento do Windows 95, que requeria no mínimo um processador 386 e 4 Mbytes de memória RAM.

A mesma edição tinha um anúncio do computador Mythus 450 d2, vendido a R$ 1.999 (R$ 7.750 corrigidos).

Em 1999, o número de internautas era superior a 2,5 milhões. Segundo o Ibope, o país contava com 7,68 milhões usuários de Internet em 2002.

A virada da inclusão digital aconteceu em 2004, quando apenas 28 milhões de brasileiros com mais de 16 anos já haviam utilizado a rede ao menos uma vez). Milhões passaram a cessar o Orkut em milhares de lan-houses, antes disso restritas aos amantes dos games.

“A explosão da internet [no Brasil] se deu com o Orkut. As pessoas passaram a ir a lan-houses para navegar, e não mais só para jogar. E foi nesse momento que as classes A e B deixaram de ser dominantes”, conta Calazans.

O fenômeno dessa rede social, pertencente ao Google, foi tão grande que criou-se a expressão “orkutizar”, que representava tudo que passou a ser popular na internet. Essa segunda fase, com o predomínio das lan-houses, das redes sociais e sem o acesso à internet restrito a uma classe social específica que durou até 2007.

No início de 2008 aconteceu outra alteração no cenário brasileiro e, dessa vez, foi uma mudança econômica, o chamado “fenômeno da classe C”. Como as pessoas passaram a ter um maior poder aquisitivo, comprar um computador não era mais uma coisa impossível — e, nesse momento, o uso da internet cresceu muito no país e o acesso em casa predominava.

Em Dezembro de 2009, eram 64,8 milhões de internautas segundo o Ibope Nielsen Online, um aumento de 2,5 milhões de pessoas em relação ao mês anterior. Em junho de 2008, o Ibope/NetRatings contabilizava 41,5 milhões, mas não contabilizava os acessos públicos (LAN houses, bibliotecas, escolas e telecentros), que agora passou a somar aos acessos do trabalho e de casa. O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à Internet.
Nas áreas urbanas, 44% da população está conectada à internet. 97% das empresase 23,8% dos domicílios brasileiros estão conectados à internet.

Internautas ativos
28,4 milhões acessam regularmente a Internet de casa, número que sobe para 36,4 milhões se considerados também os acesso do trabalho (jul/2009). 38% das pessoas acessam à web diariamente; 10% de quatro a seis vezes por semana; 21% de duas a três vezes por semana; 18% uma vez por semana. Somando, 87% dos internautas brasileiros entram na internet semanalmente.

Alexandre Sanches Magalhães, gerente de análise do Ibope//NetRatings, declarou em 2009 que o ritmo de crescimento da internet brasileira é intenso.
A entrada da classe C para o clube dos internautas deve continuar a manter esse mesmo compasso forte de aumento no número de usuários residenciais.

Em 2010, aconteceu outra mudança, só que dessa vez foi estrutural, dos aparelhos, com o surgimento dos smartphones, que vivem um momento aquecido nas vendas no país, mas já dão sinais de desaceleração.

O número de usuários de computador vai dobrar até 2016, chegando a 3 bilhões. A cada dia, 500 mil pessoas entram pela primeira vez na Internet, a cada minuto são disponibilizadas 20 horas de vídeo no YouTube e cada segundo um novo blog é criado. 70% das pessoas consideram a internet indispensável. Em 1982 havia 315 sites na Internet. Hoje existem 174 milhões.

VEJA TAMBÉM. ONDE ESTÁ SEU SITE NO MAPA DA INTERNET?

São 60 milhões de computadores em uso, segundo a FGV, devendo chegar a 100 milhões em 2012. 95% das empresas brasileiras possuem computador.

Principais acontecimentos relacionados a internet neste período

Em 2009, Bing e Wave (buscador da Microsoft e comunicador do Google, respectivamente) eram palavras desconhecidas até mesmo para “habitués” do noticiário de tecnologia. Já Twiter, Chrome e Facebook, longe de serem novidades, foram citados muitas vezes no decorrer do ano.
Por outro lado, nos próximos meses algumas plataformas podem ser sepultadas de vez da rotina da web: caso do Second Life e do MySpace, ambos em declínio.

Relembre abaixo os fatos que marcaram o ano da tecnologia, do afastamento de Steve Jobs às panes da Telefônica, da guerra de direitos autorais na web à chegada do Kindle no Brasil.

Dezembro
Após um ano de ascensão, o serviço de microblogs Twitter fecha 2009 com tráfego estagnado, segundo um levantamento da comScore. O número de visitantes únicos no site para outubro foi estimado em 58,3 milhões, o que representa leve queda em relação aos 58,4 milhões de setembro.

O IBGE revela que 80,3% da população brasileira que acessou a internet em domicílio em 2008 o fez por banda larga. LAN houses e residências superam locais de trabalho no acesso à web no Brasil, devido ao aumento de renda. Ainda segundo o instituto, 86 milhões de pessoas, ou 53,8% dos brasileiros, tinham telefone celular no mesmo período.

Brasil atinge o posto de “rei do spam” na internet, responsável por 7,7 trilhões de mensagens de e-mail indesejados até novembro, segundo pesquisa da empresa Cisco. É quase o triplo da produção do país no ano passado.

O aplicativo Farmville se firma como uma das febres do ano na rede, batendo o popular BuddyPoke. o mecanismo de recompensa rápida do jogo –a fazenda cresce, o fazendeiro ganha moedas– é um dos motivos pelos quais seus jogadores ficam tão viciados. 

Novembro
“Call of Duty: Modern Warfare 2″ supera o “Grand Theft Auto 4″ com venda recorde de US$ 550 milhões nos primeiros cinco dias. No game, o jogador é um soldado de elite caçando alvos em locais que variam da América do Sul ao Afeganistão. 
Cenário paradisíaco do Rio de Janeiro é palco para combates de novo “Call of Duty”

Líder no mercado global de navegadores, o Internet Explorer, da Microsoft, continua sua trajetória de queda. Microsoft vê (ainda de cima), seus principais concorrentes –Firefox, da Mozilla; Chrome, do Google; Safari, da Apple; e Opera– ascenderem.

Outubro
O magnata Rupert Murdoch, presidente do grupo de mídia News Corporation, informa que planeja em remover o conteúdo de seus jornais da busca do Google. Desta forma, ele tenta promover conteúdo on-line pago.

O Google lança a nova versão do Orkut, rede social mais utilizada do país. Redesenhada, a plataforma exige mais do navegador de desagrada boa parte dos internautas.

O Yahoo! anuncia o encerramento de um dos sites precursores de páginas pessoais (uma espécie de protoblog), voltado ao armazenamento e criação de páginas de internet: o GeoCities.

Chega às lojas do mundo inteiro o Windows 7, o novo sistema operacional da Microsoft, cuja principal missão é redimir o fiasco do antecessor, o Vista.

Kindle, o leitor de livros digitais da Amazon, desembarca no Brasil ao preço de 34 best-sellers. Liminar concedida pela Justiça Federal em São Paulo em dezembro diz que leitor digital não deve pagar imposto de eletrônicos.

Executivo-chefe da Amazon, Jeff Bezos, segura o Kindle, que chegou ao Brasil

Setembro
A indústria fonográfica brasileira consegue, no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, a primeira condenação contra uma empresa no país por disponibilizar software P2P –sistema descentralizado de compartilhamento de arquivos na internet.
O Procon-SP decide autuar a Telefônica por panes na telefonia fixa e no serviço de banda larga Speedy. A empresa responde a cinco processos administrativos.

A potiguar Fernanda Paiva Diniz, 23, é eleita a “Miss Orkut”. A vencedora do concurso de beleza Garota Social teve total de 13.679 votos.

Agosto
O site The Pirate Bay volta ao ar declarando guerra às gravadoras, dois dias depois da decisão de uma corte de Estocolmo, na Suécia, que derrubou a página de torrents. Além de ser conhecida por facilitar o download para mais de 22 milhões de usuários em todo o mundo, a plataforma também é famosa pela irreverência de seus fundadores.

O programador Vinicius Camacho Pinto, 28, mais conhecido entre os internautas como K-Max, é indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por invadir o site da Telefônica.

O serviço de microblogs Twitter sai do ar no mundo inteiro após um ataque virtual de negação de serviços, deixando seus usuários órfãos por horas.

Julho
O Google, líder na área de buscas na internet, anuncia que vai lançar o próprio sistema operacional para computadores, acirrando a disputa contra a Microsoft.

Junho
O executivo-chefe da Apple, Steve Jobs, retorna ao trabalho após seis meses de licença para tratamento médico. Jobs passou por um transplante de fígado. Seu afastamento e os poucos detalhes divulgados sobre a doença geraram especulações e preocupação entre investidores. 

Coqueluche em 2007, o Second Life desmorona, vítima de um imbróglio entre os responsáveis pelo projeto no Brasil e pela própria incapacidade do Second Life de se manter popular.

A Anatel decide proibir a Telefônica de vender o Speedy. A suspensão se deve à sucessão de falhas no serviço ocorridas entre 2008 e 2009.

Maio
Microsoft anuncia uma ferramenta de buscas chamada Bing, com a promessa de difundir a tecnologia de web semântica.

Após uma longa polêmica, que incluiu a ameaça do ministro Hélio Costa (Comunicações) de lacrar os transmissores da Cultura, o governo autoriza a emissora a transmitir três programações simultaneamente –usufruindo a multiprogramação da TV digital.

Abril
O ator Ashton Kutcher vence a disputa com a rede de TV CNN e se torna o primeiro usuário do serviço de microblogs Twitter a obter 1 milhão de seguidores.

Quatro responsáveis pelo site sueco The Pirate Bay são condenados a um ano de prisão por promover a quebra de direitos autorais, além do pagamento de 30 milhões de coroas suecas (ou R$ 7,7 milhões) a empresas da indústria de entretenimento.

Março
Quase 1 milhão de internautas amanhecem com uma comunidade a menos no seu Orkut. Após meses de queda de braço com representantes das gravadoras, a comunidade “Discografias”, a maior para troca de músicas no país, chega ao fim.

Fevereiro
A campanha ao Palácio do Planalto cai na na web. Dezenas de partidários e apoiadores de presidenciáveis começam a colocar na rede conteúdo de campanha de olho na corrida eleitoral de 2010.

Janeiro
O vírus Conficker infecta 2,5 milhões de computadores em todo o mundo usando ataques múltiplos e novas engenharias para infecção. O Brasil é o segundo país que mais registrou infecções pelo novo vírus.

O executivo-chefe da Apple, Steve Jobs, reconhece que tirará licença médica até o fim de junho. Ele informa, em uma carta, que seus problemas de saúde são mais complexos do que se pensava.
2015 – Internet completa 20 anos no Brasil

Muitos fatores conspiraram para que o Brasil se tornasse um país de conectados –não completamente, e muito menos livre de problemas nesse processo. A conexão média no Brasil hoje é de 3 Mbps, segundo o relatório do último trimestre do ano passado da Akamai, o mais completo sobre infraestrutura de internet global. Essa velocidade é 54 vezes superior à máxima de 1995, mas só suficiente para deixar o país na 89ª colocação no ranking das redes mais velozes.

O padrão 4G, que chega em 2015 a velocidades centenas de vezes superiores às da conexão discada e maiores até que a banda larga residencial, só que sem usar cabos, já é representativo no país, com 7,8 milhões de linhas ativas em janeiro último, segundo a Anatel –mas só 2,8% do total.

Exatos 20 anos após passar a ser comercializado no Brasil, o acesso à internet ainda é restrito a cerca de 60% da população, mas deixou de ser concentrado à população mais rica.

Hoje, 54% dos internautas brasileiros pertencem à classe C, contra 36% de A e B e 10% de D e E, de acordo com pesquisa do instituto Data Popular feito a pedido do Google. Há ao menos 120 milhões de brasileiros conectados, de acordo com o levantamento mais recente do instituto Nielsen Ibope, de julho de 2014 (esse número de internautas leva em conta acessos frequentes e também os esporádicos). O Brasil tinha, no mesmo mês, 202,8 milhões de habitantes, segundo o IBGE.

Alguns marcos tecnológicos e de serviços oferecidos pela rede marcam a transformação do internauta brasileiro –dos acadêmicos, técnicos de computação, pessoas de órgãos do governo e militares, os pioneiros da rede no país, à classe média emergente, que predomina agora.

A evolução pode ser dividida em quatro fases, segundo o Nielsen Ibope: de 2000 a 2004 com o predomínio das classes A e B; de 2004 a 2007, com a ascensão das lan-houses como principal forma de uso da rede; de 2007 a 2010 com acesso em casa predominando; e, por fim, de 2010 a 2014, com o acesso móvel.”

Antes de 1995 já existiam pessoas que tinham acesso, como funcionários de alguns órgãos públicos. Os computadores eram muito caros. As pessoas compravam no exterior e traziam para o Brasil”, diz José Calazans, analista de mercado da companhia. À medida que os computadores foram se tornando mais acessíveis, esse perfil foi passando para as pessoas que tinham dinheiro para comprá-los, que à época, eram das classes A e B.

Em 2014, foram vendidos 54,5 milhões de “telefones espertos”, crescimento de 55% em relação a 2013, segundo a consultoria IDC. Para este ano, contudo, a firma de pesquisa projeta incremento de só 16%, reflexo da crise econômica e do chamado “amadurecimento” do mercado.

De acordo com a pesquisa do Google, entre os internautas da nova classe média que possuem smartphones, eles são a principal forma de acesso à rede (96% dos internautas o usam, contra 92% dos desktops e 89% dos notebooks).