Experiência de Marca

<!--:pt-->Eu não saio da moda. A moda é...<!--:-->

Em um dia Geyse Arruda virou notícia com seu microvestido rosa. Dia seguinte, virou polêmica agitando as opiniões éticas e estéticas quanto à cor e comprimento da roupa, além da adequação à ocasião. No fim de semana, virou moda: minis pink começaram a invadir as vitrines - e as baladas. E, semanas depois, virou tendência: "Rosa Geyse é o novo pretinho básico".

* Marina Pechlivanis

Eu não saio da moda. A moda é que sai de mim

A moda é uma forma de feiúra tão intolerável

que precisamos alterá-la a cada seis meses. (Oscar Wilde).

Em um dia Geyse Arruda virou notícia com seu microvestido rosa. Dia seguinte, virou polêmica agitando as opiniões éticas e estéticas quanto à cor e comprimento da roupa, além da adequação à ocasião. No fim de semana, virou moda: minis pink começaram a invadir as vitrines – e as baladas. E, semanas depois, virou tendência: “Rosa Geyse é o novo pretinho básico”.

Quem endossa? Para a mídia – que imediatamente se aproveitou da circunstância para gerar ainda mais notícia -, quem usou pink em algum momento da vida: Juliana Paes, Kristem Bell, Tais Araújo, Adriane Galisteu, Ana Furtado, Brook Shields, Jéssica Biel, Megan Fox, Victoria Beckham e até Michelle Obama. Está também na coleção da Renner e da Fórum… Confira os modelitos em http://www.fashionbubbles.com/2009/vestidos-pink-o-que-geyse-arruda-juliana-paes-tais-araujo-e-adriane-galisteu-tem-em-comum/)

Como é que pode? Well, não é de hoje que a vida imita a arte. Especialmente na cultura fast-shopping contemporânea, potente remexedora de conceitos qual flash mobs, mobilizando muitas pessoas em tempo recorde (diga-se nesta passagem, sem questionar a real utilidade da mobilização…).

A sensação fast modifica temporalidades e reestrutura hábitos com velocidade nunca vista: o mercado lança novidades incessantemente; que circulam instantaneamente na mídia convencional (televisão, revista, rádio, jornal, outdoor…) e nas novas mídias (celular, blogs, e-mails, youtubes…); que mobilizam on-line os consumidores; que desejam imediatamente a ideia da posse de determinado produto ou serviço; que os adquirem instantaneamente e divulgam suas aquisições; que deixam de ter sentido com outras novidades que se tornam o happening do momento; e tudo se repete num moto-contínuo que movimenta um mercado universal e bilionário e que localiza e situa bilhões de pessoas que aprenderam a viver dessa forma.

Uma das grandes escolas desta cultura é o shopping center, espaço em que sentidos valem mais que os significados e onde novos hábitos e novos costumes são construídos a cada instante, sem referência às tradições do passado urbano, como se só o presente existisse. O shopping center ensina o que deve ser visto, como deve ser observado e por quem, no ritmo dos modismos neoculturais do mercado; e quem nunca experimentou aprende todo este know-how com uma única visita, apenas “estando” no shopping. “Não por acaso fica fácil se localizar, e cada um se encontra de acordo com os próprios referenciais, reconstruindo percursos de observação e espaços de visitação de acordo com os próprios interesses e necessidades, pois os pontos cardeais são universais: logomarcas, siglas, letras, etiquetas não requerem que seus intérpretes estejam enraizados em nenhuma cultura anterior, ou distinta da cultura de mercado” (Beatriz Sarlo).

Mediados por esta linguagem do mercado, os visitantes do shopping center, seja qual for a classe social ou status cultural, compartilham os mesmos sonhos de consumo e os mesmos desejos pelo novo e pelo transitório, com prazo de validade sabido, incessantemente divulgados pelos veículos de comunicação no ponto de venda e transformados em sonhos do imaginário coletivo. Sonhos de longevidade, de beleza, de estilo de vida, de prestígio, de felicidade. E, é claro, colocados à venda em lojas e quiosques, reais ou virtuais, com lindos embrulhos de laço de fita com tag “de, para”. Uma liberdade planejada, este consumo, pois se pode escolher o que quiser dentre as opções disponíveis em determinada coleção, lote de importação ou temporada.

Então? Precisando de um up date?

Um lifting de contemporaneidade para renovar o guarda-roupas e se preparar para o ano-novo – com novas reuniões, contratos, clientes?

Vá ao shopping!

E lembre-se da célebre Coco Chanel, que não perdoa: “Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher”.

Vale para todos: seja você homem, mulher ou o que quiser – você é aquilo que você consome.

E quem planta vento, já sabe o que colhe!

Marina Pechlivanis é socia-diretora da Umbigo do Mundo, Mestre em Comunicação e Consumo pela ESPM e integante do GEA (Grupo de Estudos Acadêmicos) da AMPRO. Palestrou no Festival de Cannes/Promo Lions 2008 lançando o conceito “Gifting”, e é coautora do livro “Gifting” (Campus Elsevier/2009).
Marina Pechlivanis é socia-diretora da Umbigo do Mundo, Mestre em Comunicação e Consumo pela ESPM e integante do GEA (Grupo de Estudos Acadêmicos) da Ampro. Palestrou no Festival de Cannes/Promo Lions 2008 lançando o conceito “Gifting”, e é coautora do livro “Gifting” (Campus Elsevier/2009).