Experiência de Marca

Estão acabando com a Criação. Por quê?

Criatividade não tem preço, tem valor. Criativo preparado e ousado gera marcas e produtos fortes e desejados, com vida. Enganam-se os que acham que as marcas surgem, emergem, ganham valores e vendem por si só.

Quando o sonho sumir, o que restará será a aridez. Não há como encantar sem o sonho, não há como chegar às pessoas esfregando-lhes no rosto marcas, seus produtos ou verdades. Quem casa com alguém só porque o outro é bonito, forte, grande, útil etc.?

Claro que não é assim. As pessoas nos encantam pelo sonho. Pelos sonhos que temos com elas, por imaginá-las despidas do estereótipos – às vezes, das roupas mesmo. Elas nos encantam os sentimentos, nos marcam porque nos fazem sonhar.

Marcas também são assim. Agências também deviam ser. Mas vivemos num mundo de gente seca, formada em escolas tolas, que pregam que o custo é que define os sonhos.

Se é verdade o que dizem, será que sem sonhos existiriam o telefone, o avião, o celular, o computador, o flashmob, os apps, o Face, o Twitter… e por aí vai. A resposta é não!

O que mudou o mundo, o mercado, as marcas – as próprias pessoas, o que deu solução aos impasses, o que resolveu os problemas, o que fez diferença sempre foi o sonho de gente, ideias novas que fervilharam mentes.

Gente especial, corajosa, obstinada, vanguardista e destemida que não se conteve ante os departamentos de compras e suprimentos da vida, ante os clientes despreparados que só viam presente, onde eles viam futuro. Gente que não se acovardou diante dos colegas medíocres e defendeu até o fim seus pontos de vista.

“Inovação se distingue entre um líder e um seguidor”. – Steve Jobs.

Taxados como egocêntricos, estrelas, grossos e individualistas, foi gente criativa (não necessariamente criativos, gente de criação. Há produtores, atendimentos, cantores, físicos, etc. cheios de criatividade) que fez história enquanto seus detratores sumiram no tempo ou mudaram de profissão.

Atraíram a ira e a inveja justamente porque faziam, e fazem, o que a grande maioria detesta fazer: trabalham incessantemente, sem horários e limites na direção de suas ideias. Não recuam. Morrem ou conquistam.

Antigamente, a criação das agências era assim. Cheia de gente talentosa, criativa e inovadora. Formada por profissionais de criação de alto nível, mestres que sabiam mais que as teorias. Aí, as universidades mediocrizaram-se na busca da grana, chamaram mestres da academia, gente que nunca fez, portanto, igualmente medíocres (aqui uso a palavra medíocre na sua acepção imediata – medianos, na média.), e eles trataram de formar, e aprovar, claro, criativos medíocres para um mercado medíocre que se formava.

Alguns tentam, ainda hoje, insanamente, formar gente criativa de verdade como o Marcos Silveira no seu maravilhoso IP – Instituto da Propaganda, para o pessoal de Publicidade, e eu com o novo Curso de Formação de Criativos para Live Marketing. Mas, pasmem, o que encheu foi a turma de Produção – nada contra, mas há dez anos, encheria a de Criação. A turma de Criação só tem cinco inscritos… Frustração! Os medíocres estão vencendo.

Os clientes do custo baixo, as agências enganadoras e as universidades de terceira estão ganhando. No Rio de Janeiro, as agências criativas estão minguando ou fechando, os criativos, perdendo o emprego. Em São Paulo, idem.

Não admito ver profissionais como Karine Dantas, Cesar “Lobo”, Marcio Formiga, Felipe De Marco, Vela, Fernanda Gusmão, Alexandre Simas, Debora Tenca, Leo Pontes, Dil Motta e tantos outros tendo que esconder sua criatividade, ganhando menos do que deviam, ou mesmo fora de agências, por conta desses pulhas disfarçados de criativos, que garantem ao cliente uma criação que eles fazem ser inovadora, quando a ideia que mandam já foi usada por alguém antes, ou é uma tremenda ”chupada”, ou algo sem consistência de logística ou aplicação. Pra cliente ruim ou desonesto tanto faz, mas para os criativos é uma m…

Como o cliente é ruim, como disse, passa. O que não passa é a frustração, é o evento, ação ou campanha frustrada e sem resultado, a verba mal empregada numa porcaria sem nenhum impacto, é o sonho da marca perdido.

Criatividade não tem preço, tem valor. Criativo preparado e ousado gera marcas e produtos fortes e desejados, com vida. Enganam-se os que acham que as marcas surgem, emergem, ganham valores e vendem por si só. Só idiotas que não conhecem o poder da Comunicação imaginam isso.

Estão acabando com os sonhos em todo lugar. Algum bobão deu uma palestra na sua empresa dizendo que devemos sonhar acordados? Que o Planejamento e o pragmatismo são tudo? Cuidado!

Ele pode ser um robô disfarçado, um espião tecnológico querendo acabar com o lado humano de sua empresa ou agência? Quem sabe ele não é alguém da concorrência que está disposto a dizer que sonhos nada constroem, que criatividade é besteira? Porque se suas teorias são exatas, ele não deveria estar falando, porque palestra é um sonho, devia estar ensinando ou fazendo.

Todos querem inovação, criatividade, diferencial, mas sem imaginação? Mas como fazer isso se algo novo não está pronto, não foi criado?

Criativos estão virando planners (nome bonito que quer dizer “Criativo disfarçado”, criado para se justificar ao cliente a rubrica no orçamento). Criação está virando finalização, ideia está virando cópia e criatividade está virando pó.

Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade. Já dizia Raul.

Eu sonho, como criativo, em formar novos criativos no meu curso que começa no sábado, mesmo se tiver que dar bolsas quase integrais para ter gente lá, porque quando sonho, acredito no futuro. Se você quer estudar, pode me mandar e-mail ([email protected]) ou ligar que a gente vê.

Sonho com criativos respeitados e remunerados com dignidade, sonho com criativos que honrem suas atividades e aprendam a dizer não aos idiotas (quando der, claro.). Sonho! E realizo. Transformo sonhos em verdades. Simples assim.

Foi assim que conquistei tudo que tenho. Meus empregos, prêmios, amigos e alegrias. Esse texto é, ao mesmo tempo, desabafo e homenagem ao Marcio Formiga e ao Dil Motta, amigos, criativos fora de série, que sonham, como eu, e fazem a diferença.

O sonho não acabou! Aguardem!