Experiência de Marca

E quando inovação não quer dizer o que é novo?

Inovação deixou de ser uma palavra chave e passou a ser obrigação. A questão é: qual o significado que a palavra assume, a partir do momento que não mais significa o “novo”, o surpreendente, mas o obrigatório?

Vivemos numa época de transição na Comunicação, onde, certamente, o live marketing é um balizador de novos tempos.

Inovação deixou de ser uma palavra chave e passou a ser obrigação. A questão é: qual o significado que a palavra assume, a partir do momento que não mais significa o “novo”, o surpreendente, mas o obrigatório? Afinal, o novo não pode ser uma obrigação, mas uma desejo. Ou não?

Estava eu a pensar na Brazil Promotion do Rio, antes de apresentar as duas palestras da Ampro, quando a luz me veio.

Enquanto Rodrigo Rivelino, em sua palestra, mostrou que sua empresa, a akutellmix, tem como norma de conduta responder às necessidades do cliente com pertinência, inovação e eficiência, sempre surpreendendo e transformando ações em cases. Portanto, efetivando o slogan “Juntos num só ritmo”, criado pela agência para Copa do Mundo no Brasil para a Fifa, como frase de conduta e postura de sua galera.

Rafael Liporace, da AVERA!, insistiu em colocar a ideia como mola propulsora do processo de comunicação, a coragem como combustível da ação, o planejamento como lenha que vai fazer a fogueira queimar bonito e a produção como máquina que vai levar a ideia à sua melhor parada, sem problema ou surpresa, numa sinergia lógica, concluindo que encantar o cliente e surpreendê-lo é obrigação de uma agência que queira se firmar num novo mercado muito mais competitivo.

Foto: Forma Promocional.
Brazil Promotion 2014.
Brazil Promotion 2014.

Pois é. Eu acredito nos dois.

Por isso, no Curso de Formação de Profissionais para Live Marketing, nesta edição de abril, os nossos alunos têm como tarefa criar e executar uma ativação da marca do curso que, ao seu final, convirja para o digital, onde deve terminar e/ou continuar.

Fizemos isso porque percebemos que as duas ferramentas vêm sendo usadas de maneira leviana e até boba, como já aconteceu com o flash mob, a promoção e os eventos em geral, tirando dessas ferramentas sua grandeza e eficiência, uma vez que usá-las sem sentido, adequação e pertinência é matar sua efetividade.

O que aconteceu, a meu ver, é que com tanta agência meia boca, de segunda mesmo, no mercado, sem nenhuma qualificação técnica ou conhecimento de nossas atividades ou ferramentas, basta cobrar barato e entregar qualquer coisa, para clientes, também cada vez mais desqualificados em separar joio do trigo ou avaliar quem é quem, que surge a frase: Ah!, mas eles entregam!

Lembrando frases catastróficas tipo: a comida do restaurante é horrível, mas os garçons são umas graças e tão atenciosos.

Tem dúvida de quem são elas? Peça a sua agência ao invés de uma festa ou convenção a solução para um problema específico de comunicação que tenha. Se ela te oferecer a festa e a convenção que ela sempre faz, tenha duas certezas: ela não inova nada e não sabe o que faz.

E elas entregam e entregaram mesmo. Entregaram o mercado nas mãos de amadores, de gente desqualificada, que não podia ter, nem ser, agência. Entregaram ao cliente a convicção de que não somos estratégicos, de que só servimos para colocar de pé tendas, palcos e embelezar lugares – não que isso não seja importante, mas a comida do restaurante tem que ser boa também. Ou não?

A entrega, a qual se referiam os clientes “geniais”, e da qual se gabam algumas agências, não é mais do que obrigação.

No entanto, devia trazer em si a solução de um problema de comunicação, a potencialização de uma marca, de seus valores, a efetivação de objetivos e de metas, o congraçamento e a comemoração de um ano de sucesso, sempre colocando em evidência a empresa e seus valores.

Observe que aqui falo dos eventos corporativos, os mais relevantes ao nosso mercado de Comunicação – não os mais importantes – uma vez que são esses os clientes que mais o sustentam. Portanto, podem ser excluídos, em parte, os shows e as festas pessoais ou com outros motes, quase sempre feitos por agências que são especializadas neles.

Sim, porque se uma empresa contrata uma agência apenas para fazer festa, ou está jogando dinheiro fora, ou está usando a ferramenta incorreta de comunicação para resolver seu problema, ou seus profissionais de Comunicação e Marketing não mandam nada ou são muito ruins.

Como as agências tendem, no novo mercado que surge, a serem múltiplas, mais que full – eita palavra mentirosa, caberá ao cliente entender quem melhor suprirá as suas necessidades de comunicação.

Quem melhor responderá e apresentará a solução exata para seu problema, propondo, mais que eventos e ações, uma maneira simples, eficaz, pertinente, com custo adequado ao cliente, entregando, sem erro, e com muita criatividade.

Creio que, quem sabe, inovação posa vir a ser então explicada pela última frase a cima: a ideia-solução-de-comunicação que resolve o problema de comunicação de maneira simples, eficaz, pertinente, com custo adequado ao cliente, entregue seu erro e com muita criatividade.

Taí uma pergunta cuja resposta eu quero ver saindo da boca de um cliente.

E você? O que é inovação para você? Sua agência é inovadora? Conhece quem seja?

Acabo de colocar uma cereja bem em cima do bolo de um cliente. Bolo bonito, com recheio, grande, barato, bem do jeito que o cliente pediu. Agora um glacê colorido aqui, outro ali. Ahhh. O quê?

Chega aqui a notícia que o cliente não quer mais o bolo. Ele quer algo inovador. Bolo já deu.

Tive uma ideia!! Cada convidado ao entrar na festa vai ganhar alguma coisa relevante, que tenha a ver com ele e com a empresa. Aí, num lugar determinado, ele, a qualquer tempo, vai colocá-lo num mocape que vai formar a logo e vai virar um bolo*.

Não para comer, claro, mas para mostrar que o grupo, junto, constrói a empresa e consolida o aniversário dela que eles são importantes, que a parte de cada um gera o todo e que participar e agir são valores que a empresa espera dos seus colaboradores.

Pronto. O bolo.

E a cereja? A inovação?

Não precisa.

O cliente aprovou!

PS* A ideia foi usada pela Conceito para um cliente. Mas se quiser usar, ok. É só dar algum crédito ao texto ou à Conceito. Ah!, e esse texto não tem nada de inovador. Risos!

Foto: Blog Lidinéia Santos.

cereja no bolo1