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Captações de grande porte

A capital paulista está entre as 20 maiores cidades do mundo que recebem grandes eventos internacionais. Nos bastidores, duas executivas fazem o meio de campo para incrementar os negócios e o mercado de consumo

Elisabete Sorrentino, jornalista e Elenice Zaparolli, bacharel em turismo respectivamente,  gerente de captação internacional e gerente de captação nacional  do São Paulo Convention Bureau (SPCVB) – fundação sem fins lucrativos, que congrega mais de 550 associados, mantenedores do trade turístico paulistano – trabalham uma média de 10 horas por dia. Isso quando não estão dando palestras ou acompanhando algum evento. A missão de ambas é fazer com que a capital seja a sede de eventos que chegam a ter 40 mil participantes, a exemplo das convenções do Rotary.

Elisabeth Sorrentino e

A atuação das executivas foi decisiva para o apoio e a captação de cerca de 390 eventos de negócios na capital paulista em 2010 – 40% a mais do que em 2008. A maratona diária de trabalho, explicam, envolve não só o apoio à realização de um congresso ou feira. “Estamos em linha direta com entidades de classe nacionais e internacionais, e órgãos governamentais. Produzimos dossiês completos sobre a cidade, mapeando serviços, atrações turísticas e culturais, a fim de defender São Paulo nos comitês internacionais”, diz Elisabete.

Considerada a capital sul-americana de feiras e negócios, São Paulo realiza 90 mil eventos por ano, 1 a cada 6 minutos. Só no ano passado, a cidade recebeu 11,3 milhões de visitantes a trabalho e/ou lazer. Do total de turistas, 56,1% vêm a negócios; 22,4%, para participar de eventos; 10,9%, a lazer, entre outros interesses. Somente os eventos e feiras movimentam R$ 2,9 bilhões ao ano. Coração financeiro do País, polo gastronômico com mais de 50 tipos de culinária e referência cultural, a metrópole em nada perde para as capitais mundiais – Londres, Tóquio, Nova York, Madri e Paris. Para atrair mais visitantes na cidade com objetivo de turbinar os negócios e o mercado de consumo, é preciso trabalhar – e muito.

Elenice e Elisabete estão sempre conectadas, checando, com antecedência de três a quatro anos, possíveis datas de realização de congressos, seminários, feiras e outros eventos. Segundo as executivas, a área de saúde é a mais concorrida, afinal, são muitas as especialidades médicas, garantindo um calendário cheio durante o ano todo, como explica Elenice:

– Contando com laboratórios e médicos, o segmento responde por 330 eventos dos mais de 1200 cadastrados na agenda da entidade, atraindo 900 mil pessoas a São Paulo, sendo 50 mil estrangeiros. A metrópole tem a maior e mais moderna infraestrutura médica e hospitalar da América Latina, o que a credencia para a realização de grandes eventos.

Lembram que outros acontecimentos (culturais, esportivos e de negócios) também mobilizam a cadeia turística e de serviços da capital. Em número de público, tanto a Virada Cultural como a Parada GLBT batem recorde (cada evento atraiu 4 milhões de pessoas este ano). Já em valores movimentados por turistas e lotação de hotéis, o Grande Prêmio de Formula 1 destaca-se com R$ 260 milhões e 100% de ocupação da rede hoteleira.

O SPCVB não cobra pelos serviços e dá todo o suporte para a realização do evento, da logística às opções de lazer para os participantes e seus acompanhantes. Também fornece um banco de dados com prestadores de serviços associados, além de material promocional sobre a cidade. “Quando há disponibilidade de tempo, levamos os visitantes estrangeiros para um city tour rápido, mostrando o circuito da Vila Madalena, o Mercado Municipal, o centro, e eles se encantam ao conhecerem um outro lado da cidade”, fala Elisabete.

Segundo ela, o trabalho é contínuo, pois, depois da realização do evento, é importante fidelizá-lo. “O sucesso de um congresso regional pode nos levar a organizar posteriormente um congresso brasileiro, continental ou até mundial”, reforça Elenice.

Concorrência. Quem olha a grandiosidade da metrópole acredita que ela se promove por si só.

Porém, apesar de toda a infraestrutura – mais de 400 hotéis, cerca de 13 mil restaurantes, 80 shopping centers, 4 aeroportos, 500 voos diários a 25 países – e do fato de concentrar os principais centros educacionais, tecnológicos e de pesquisas, não é tarefa simples convencer os dirigentes a candidatarem São Paulo para sediar seus eventos, afinal, outros países também entram na disputa.

“No âmbito nacional, as praias do Nordeste são sempre cobiçadas. Os profissionais alegam que querem justamente sair da cidade! Nosso argumento são os destinos turísticos parceiros da entidade, como Ilhabela, Brotas e Abrolhos, que podem ser desfrutados antes e depois do evento”, diz Elisabete.

Nesse tipo de trabalho, alegam, as oportunidades podem surgir em um momento político ou econômico desfavorável. “Um congresso internacional de radiologia estava marcado para 2012 em Dubai e para 2014 em São Paulo, mas teve as datas invertidas em função da crise”, comenta Elisabete. Segundo Elenice, faz parte do trabalho de captação perder num dia e ganhar num outro.

Elenice é casada, tem dois filhos adultos e trabalhou por mais de 20 anos em uma companhia aérea, assim como Elisabete, que veio do mesmo setor. Já a colega é solteira e, igualmente workaholic, ama o que faz.

Estadão