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Campo Grande aposta no turismo de eventos

O segmento representa 70% da demanda hoteleira local que se expande na esperança de que obras como a do Aquário do Pantanal possibilitem maior permanência do turista na Capital do Mato Grosso do Sul.

Mesmo sem praias ou grandes atrativos naturais, Campo Grande se consolida no cenário de turismo de eventos. O segmento representa 70% da demanda hoteleira local que se expande na esperança de que obras como a do Aquário do Pantanal possibilitem maior permanência do turista na Capital, e, em contrapartida, ainda buscam soluções para a carência de mão de obra qualificada.

Dados da Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) apontam que, desde 2011, o segmento evoluiu 29,53% na oferta de leitos no município, ao ampliar de 4.567 para 5.916 a oferta de acomodações. No período, quatro empreendimentos foram inaugurados: Hotel Ipê, Grand Park, Mohad e Ibis Budget. A projeção para os próximos anos é de que mais de 1.851 leitos serão criados.

Foto: Marcelo Victor.
A rede hoteleira está em crescimento na cidade.
A rede hoteleira está em crescimento na cidade.

O presidente do Campo Grande Convention & Visitors Bureau, Marcelo Silva de Oliveira, avalia que a demanda ainda não acompanhou a expansão do setor e reflete em taxas de ocupação de 55% nos meios de hospedagem. Nesse sentido, manter o turista transitando em Campo Grande é a alternativa para reverter o cenário.

“Apostamos no Aquário do Pantanal por ser um grande equipamento turístico que terá que funcionar bem para atrair mais turistas para a cidade. Se não aumentarmos o fluxo de pessoas teremos, em 2016, média de 45% de ocupação de leitos.”, analisa Marcelo Silva, que também atua como empresário do setor.

Foto: Marcelo Victor.
Aquário do Panatanal.
Aquário do Panatanal.

Com inauguração prevista até o fim do ano, a obra do Governo do Estado deve consumir mais de R$ 120 milhões para se tornar o maior aquário de água doce do mundo, além de ser dedicado a pesquisas sobre a fauna pantaneira e ter pretensão de atrair 150 mil visitantes por ano.

De acordo com o titular da Semac (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia), Carlos Alberto Negreiros, o empreendimento se tornará o principal indutor da permanência do turista ao incentivar ainda o turismo científico, com intercâmbio entre pesquisadores e universidades. Tal mudança de perfil, no entanto, deve ser associada a uma melhor atenção ao turista com a especialização da mão de obra.

Carência de Pessoal

O empresário Jair Pandolfo coordena um “império” de cinco hotéis na Capital e confessa dificuldade de encontrar profissionais qualificados, em especial no que tange ao domínio de outros idiomas. Para ele, este é um dos entraves, inclusive, que o impedem de construir mais uma unidade para somar à rede hoteleira composta por Grand Park, Internacional, Metropolitan, Nacional e Colonial.

“A cidade está crescendo, mas falta pessoal preparado para trabalhar, que tenha cursos no setor e idiomas. Todo dia temos pessoas entrando e saindo, além de ter dez funcionários a mais para cobrir possíveis falhas.”, conta Jair, que iniciou no ramo em 1982 e reside em um de seus hotéis administrados por familiares.

Foto: Marcelo Victor.
Jair Pandolfo.
Jair Pandolfo.

Se há carência de pessoal, sobram cursos de especialização em áreas correlatas a hotelaria. Um dos polos formadores é o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) que também tem constatado baixa demanda de interessados em ingressar ou mudar para o setor, que tem salários iniciais entre R$ 724 e R$ 5 mil.

“Para a demanda hoteleira não há profissionais porque, muitas vezes, as pessoas não veem o turismo como uma profissão em que possam crescer. É preciso, também, sensibilização dos órgãos públicos e empresários para compreender a importância crescente do turismo no Estado”, pontua a analista de educação profissional de turismo, hospitalidade e lazer do Senac Campo Grande, Fabrizia Valle da Costa.

Projetos Integrados

Segundo a analista do Senac, investir em projetos integrados de turismo não beneficia apenas hotéis e restaurantes, mas todo o setor de serviços ao aquecer o comércio local.

Na Capital, estão em estudo na Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio) propostas para instalação de clube de águas termais, além de incentivos fiscais para novos empreendimentos.

Por Kleber Clajus/Campo Grande News.