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Boto inflável alerta sobre matança da espécie

O movimento busca assinaturas para uma petição que quer pressionar o governo federal a antecipar uma moratória que proíbe a pesca da piracatinga por cinco anos na Amazônia. Botos da região são usados como isca para a pesca do peixe.

Uma associação promove, em Manaus, uma campanha de conscientização contra a matança de botos na Amazônia. Com o objetivo de aproximar a população da causa, o grupo colocou um boto inflável na Praia da Ponta Negra, na Zona Oeste, no dia 26/07.

O movimento busca assinaturas para uma petição que quer pressionar o governo federal a antecipar uma moratória que proíbe a pesca da piracatinga por cinco anos na Amazônia. Botos da região são usados como isca para a pesca do peixe.

Segundo ambientalistas, o uso de botos como isca pode dizimar a espécie em até 30 anos. Uma instrução normativa interministerial publicada no dia 18 deste mês pelo ministro de Pesca e Aquicultura, Eduardo Lopes, e pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, estabelece a moratória que prevê a proibição da pesca e comercialização da piracatinga  em todo o território nacional pelo prazo de cinco anos, a contar de 1º/01/15.

Fotos: Marcos Dantas.

boto inflavel_foto_marcos Dantas

Neste período fica proibida a pesca, retenção a bordo, transbordo, desembarque, armazenamento, transporte, beneficiamento e a comercialização da piracatinga, ficando os dois ministérios responsáveis pela avaliação dos efeitos da moratória para a recuperação das espécies de botos e jacarés, utilizados como iscas. A proibição só não vale para casos de captura com fins de pesquisa científica.

Para os pesquisadores, o problema é que o prazo para que a moratória entre em vigor ainda está distante. Segundo eles, até 2015, muitos botos podem ser mortos na caça ilegal.

Ainda segundo os pesquisadores, no segundo semestre do ano, várias espécies de peixe entram no período do defeso – período de proibição da pesca – o que motiva muitos pescadores a recorrer para a pesca da piracatinga.

Ainda segundo a Ampa, até o momento a petição que ocorre na internet desde a última semana, já recebeu mais de 30 mil assinaturas. A expectativa é que em duas semanas o objetivo seja alcançado, com o recebimento de 100 mil assinaturas.

A ação na Ponta Negra envolve 20 voluntários que apresentam o trabalho da Ampa para os populares, pedindo em seguida a assinatura para a petição. Um boto inflável de 12 metros foi posto na praia para chamar a atenção dos banhistas.

“Outro objetivo nosso  é mostrar que é muito mais vantajoso o boto vivo. Temos aqui em Manaus a bototerapia, que ajuda muita gente. Ver essa espécie desaparecer seria um péssimo negócio para todos”, afirma a Ampa.

boto inflavel_foto_marcos Dantas 1Em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a Ampa desenvolve estudos que buscam iscas alternativas para a pesca da piracatinga, peixe muito consumido na região amazônica, e que também é conhecido como urubu d’água e douradinha. No site da campanha ‘Alerta Vermelho’, é possível conhecer um pouco do trabalho da associação com os botos na Amazônia. Segundo a Ampa, anualmente 2,5 mil botos são mortos, em uma contagem subestimada, que abrange apenas determinadas áreas da Amazônia.

Depois de Manaus, a campanha passará Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo colhendo assinaturas para a petição.