Experiência de Marca

Alunos da ESPM celebram Dia do Jornalista com inovação

Todo calouro traz com ele uma certeza. Por mais que digam o contrário, não adianta, não importa: aquele iniciante na profissão segue com o brilho no olho e continua convicto de que pode mudar o mundo.

Todo calouro traz com ele uma certeza. Por mais que digam o contrário, não adianta, não importa: aquele iniciante na profissão segue com o brilho no olho e continua convicto de que pode mudar o mundo. E ele pode mesmo.

Dia 07/04 é Dia do Jornalista. Para celebrar pela primeira vez a sua data, no último dia 06/04, os alunos da turma inaugural do curso de Jornalismo da ESPM-Sul abordaram uma notícia pouco animadora sob um ângulo mais otimista.

É sabido que o sistema de saúde oferecido pelo Estado está longe da perfeição. Porém, raros são aqueles que levam o desconforto pelo fato além das soluções teóricas, ou além do “pois é, que horror”, geralmente comentado após a leitura de uma notícia sobre o assunto no jornal.

Para quebrar um pouco essa dinâmica, os futuros jornalistas dedicaram um pouco do seu tempo e muito da sua vontade para auxiliar as pessoas que aguardavam atendimento no Hospital Cristo Redentor, na Zona Norte de Porto Alegre.

Os pacientes, que não são chamados assim por acaso, receberam do grupo afeto, revistas, atenção, achocolatados, companhia e dois ouvidos. Se não foi possível terminar com a dor da espera, eles puderam pelo menos fazer o tempo passar mais rápido. Se não foi possível acabar com as enfermidades dos que aguardavam atendimento, eles puderam, mesmo que por um breve período, fazer com que a doença fosse esquecida.

Joyce de Castro, uma das estreantes do Jornalismo da ESPM-Sul, era só empolgação ao comentar a atividade. Tanto que não poupou a repetição das palavras “importante” e “experiência” no decorrer do seu depoimento. Mas não foi assim quando chegou ao Hospital, por volta das 08h da manhã: “Estava um pouco constrangida, meio sem saber como abordar as pessoas”, confessa. A recepção calorosa oferecida pelos pacientes e o cenário pouco parecido com o caos que se vê retratado diariamente pela imprensa, porém, fizeram com que o tal constrangimento logo desaparecesse.

Pouco tempo depois da chegada, Joyce e os outros alunos já transpareciam a consciência da real importância do que estava sendo feito ali, provavelmente após ouvirem dos pacientes respostas do tipo “é ótimo quando nos sentimos queridos por alguém”, como afirmou a aposentada Maria Dullius, que veio do Interior do Estado e aguardava atendimento no Hospital.

Além da função social, Joyce ainda deixou claro a importância pedagógica da ação, que foi além das suas expectativas sob dois pontos de vista: primeiro, porque se viu diante dos reais desafios de fazer uma entrevista, como o momento em que perguntou a uma simpática idosa de Cruzeiro do Sul a sua idade, e ouviu como resposta “sim, tenho pressão alta!”. E, segundo, porque “não foi só fazer uma matéria”.

Joyce, que foi em busca de uma notícia, acabou se tornando a própria notícia em função da iniciativa, e foi também entrevistada por repórteres profissionais que vieram cobrir a façanha do grupo. “É muito mais fácil fazer perguntas do que responder”, conta ela, que recém completou o primeiro mês de vivência do Jornalismo.

Quem igualmente não conseguia esconder a satisfação era Janine Passini Lucht, diretora do Jornalismo da ESPM-Sul. Ela ressalta que o diferencial do curso é a formação de um “profissional multiplataforma”, exigência que o mercado impôs por consequência das constantes inovações que a tecnologia agregou à comunicação, mas que nem por isso o curso se apoia apenas em bases técnicas. O aspecto humano, essencial a quem exerce a profissão, também é, e será bastante trabalhado ao longo do curso, e a ação do Dia do Jornalista ilustra bem a postura que se espera de um diplomado pela ESPM. “Quisemos fazer uma coisa diferente. Já que a questão da saúde é caótica, tentamos fazer com que eles enxergassem algo positivo”, conta Janine.

A iniciativa traz à tona, mais uma vez, a questão da saúde pública, pauta frequente nos mais diversos veículos durante os últimos meses. O que difere a interpretação que o grupo de futuros profissionais fez do fato é o foco (exatamente o oposto daquele negativo que costuma ser atribuído) e o propósito (que não é chocar ninguém, mas sim gerar uma reflexão).

Logo após a visita dos alunos, Elisabeth Collares, gerente de Internação do Cristo Redentor, comentou que “esta ação nos dá a esperança de formar jornalistas com um novo olhar para os problemas da saúde, sem sensacionalismo.” Joyce de Castro, entusiasta da profissão recém citada aqui, reparou que todos os pacientes abordados se mostraram bastante satisfeitos com os serviços prestados pela unidade do SUS, inclusive aqueles que não tinham condições de custear o transporte entre cidades do interior e a capital.

Os alunos têm consciência de que o Sistema Único de Saúde necessita de reparos urgentes. Mas hoje, pelo menos hoje, no Dia do Jornalista, eles se empenharam na busca e na exposição de uma boa notícia, que gerasse reflexão, que lembrasse que nem tudo está perdido, que recordasse os jornalistas que boa notícia também é notícia – e que se elas não existem, com boa vontade, é sempre possível criá-las.

Este texto é dedicado a todos os jornalistas que ainda mantêm vivo em si, independente da idade, aquele calouro que queria mudar o mundo.

Diego De Carli.