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Acre celebra protagonismo feminino na Rio+20

A mesa-redonda integrada pela ex ministra do Meio Ambiente Marina Silva reconheceu os desafios superados pelo Estado e apontou estratégias futuras para alcançar o desenvolvimento sustentável com a participação ainda mais ativa das mulheres.

No mês em que comemora 50 anos de emancipação político-administrativa, o Estado do Acre encerrou sua participação na Rio+20 celebrando o protagonismo feminino na construção de políticas socioambientais na Amazônia.

No início da noite da última sexta-feira (22/06), no Parque dos Atletas, a mesa-redonda integrada pela ex ministra do Meio Ambiente Marina Silva reconheceu os desafios superados pelo Acre e apontou estratégias futuras para alcançar o desenvolvimento sustentável com a participação ainda mais ativa das mulheres.

Rio Branco, capital do Acre.

Marina Silva, que atualmente preside o Instituto Marina Silva, começou citando o legado de ideias e práticas socioambientais deixado por Chico Mendes, “Um homem de alma feminina”, como definiu.

“Chico Mendes possuía uma capacidade extraordinária de ouvir os demais e, a partir disso, formar suas próprias opiniões. Essa característica de buscar a conversão de ideias dentro da divergência é uma característica marcante das mulheres”, disse ela, ressaltando que o sociambientalismo é uma criação brasileira que nasceu na Amazônia, quando se começou a buscar a integração efetiva do homem com seu território.

Floresta Amazônica.

Segundo Marina Silva, a criação das Reservas Extrativistas representa o melhor exemplo de que economia e ecologia podem coexistir numa mesma equação.

“As Reservas Extrativistas demonstraram que é possível ter desenvolvimento sem desmatamento. Com a maior parte de seu território preenchido por florestas, o Acre mostra que é possível ter uma floresta habitada, conservada e produtiva. Para isso, basta que haja comprometimento em desenvolver políticas públicas de Estado verdadeiramente sustentáveis, e, nisso o Acre é referência”, completou, citando a instituição do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Acre.

“Este documento tem se destacado como uma das principais ferramentas utilizadas para orientar as políticas públicas da Amazônia, definindo as potencialidades e fragilidades do território”, ela disse. A ex-ministra concluiu lembrando que tudo que vem sendo feito no Acre deve servir de base para que, nos projetos financiados, o governo brasileiro solicite contrapartida socioambiental.

A primeira-dama do Acre, Marlúcia Cândida, destacou que o Estado é hoje um exemplo de boas práticas ambientais no país: “Procuramos agregar a isso o cuidado social, com a melhoria da qualidade de vida e a erradicação da pobreza. O processo de construção de respeitabilidade e referência nesta área passou por mãos femininas que nem sempre aparecem como protagonistas”, ela destacou.

A abertura do evento contou com a apresentação de índias da etnia Yawanawa, que entoaram um canto típico de momentos de celebração na aldeia. Lideradas pela pajé Putany, a primeira mulher a ocupar esta posição num tribo indígena brasileira, é um exemplo de protagonismo na luta pelo rompimento de uma tradição.

“Na aldeia, lutamos pelo rompimento de uma tradição . E acredito que todas nós, onde quer que estejamos, temos condições de unir corações e mentes numa mesma energia para conquistarmos nosso espaço e igualdade de direitos, em busca de um mundo mais justo”, destacou Putany.

Raimunda Putany, primeira índia a se tornar pajé.

Além da participação da ex ministra Marina Silva e da primeira-dama do Acre, Marlúcia Cândida, participaram da mesa-redonda a Assessora da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Vera Reis, e a Secretária de Políticas para as Mulheres do Acre, Concita Maia.

“Nosso objetivo principal durante a Rio+20 foi trazer elementos concretos do protagonismo das mulheres do Acre. Acreditamos que é possível construirmos uma Amazônia mais humana, mais saudável, mais harmoniosa, mais justa e igualitária”, disse Concita Maia.