Experiência de Marca

A indústria de eventos – em que negócio estamos realmente?

Eu penso muito sobre o fato de que o setor de convenções e eventos é disfuncional, de muitas formas. Nossos desafios são muitos. Talvez a maior é que estamos confusos sobre o negócio em que realmente atuamos.

Por Gary Grimmer.

Eu penso muito sobre o fato de que o setor de convenções e eventos é disfuncional, de muitas formas. Nossos desafios são muitos. Talvez a maior é que estamos confusos sobre o negócio em que realmente atuamos.

Vamos começar falando sobre alguns dos desafios menores, como: somos seriamente desafiados a definir e medir nossas unidades de produção. No nível micro, se estamos no negócio de consumo de quartos de hotel, não podemos finalmente saber quantos quartos uma determinada convenção efetivamente utilizou, já que muitos não utilizam a agência oficial, hóspedes migram para outros hotéis e as informações são desencontradas.

Em contrapartida, na indústria de TI, como um exemplo, existe uma contabilidade clara sobre sua produção – a Apple sabe exatamente quantos iPhones rolaram em suas linhas de montagem e foram distribuídos todos os dias.

E quanto às questões macro de exportação e comércio? A Apple não só sabe quantos iPhones foram vendidos em todos os mercados globais e a que valores foram comercializados, como também eles possuem detalhes sobre montantes consumidos no processo de fabricação.

Em nosso setor, as exportações que geramos incluem milhares de produtos – alimentos, energia, bens de varejo, eletrônicos, materiais de construção, etc. – e também a exportação de centenas de serviços – entretenimento, design, construção, decoração, limpeza, segurança, frete, voos, transporte terrestre, e a lista continua…

Podemos tomar como exemplo qualquer destino e falar sobre como convenções e eventos estimulam as exportações e o comércio, mas, não podemos quantificar (e garantir a veracidade e precisão de) quaisquer dados significativos.

Em última instância, isso porque quando se trata de entrega do produto não enviamos nossos produtos para os consumidores, são os consumidores que se dirigem até os nossos produtos. E então o seu consumo se perde no éter.

Por muito tempo, como uma indústria, temos dito que estamos em turismo. Mas, para dizer que é a análise dos resultados do turismo como quartos de hotel e refeições em restaurantes, que novamente somente abrange as microeconomias da nossa indústria, ou parte dela, deixando nossos dados estatísticos míopes. Apenas esta parte da economia da nossa indústria é certamente um fio minúsculo em comparação com os impactos macro, totais, do que produzimos.

Os impactos macro da nossa indústria são exportações, desenvolvimento de conhecimentos, capacitação, branding de região e nação, desenvolvimento e aprimoramento de capital intelectual, atração de investimentos, formação de capital tecnológico e cultural, desenvolvimento de infraestrutura e comércio, links de pesquisa e mercado, entre outros.

Para mim, isso tudo é um conjunto muito mais emocionante e importante do que a receita cambial, o retorno para a economia local, que é do que mais se fala. Sem dúvida, gastos diretos que a nossa indústria gera são quase ridiculamente insignificante comparado aos impactos mais amplos da nossa indústria. Nosso problema é que não podemos, ou não conseguimos decifrar e representar adequadamente estes itens. E isso inclui do material grande ao insignificante.

Uma coisa que eu sei é que nós definitivamente não estamos na indústria do turismo (existe um artigo EdgyThinking sobre como convenções e turismo não têm nada em comum, por exemplo). Então, em que indústria estamos?

As pessoas da Nike diriam que eles não estão no negócio de venda de calçados, mas que estão no negócio de vender sonhos. Seguindo essa mesma lógica, os destinos e locais para eventos poderiam dizer que eles não estão no negócio de venda de espaços e regiões, eles estão no negócio de fornecer experiências e realizações. Pelo menos esse seria o caso se fossem da indústria do turismo. Mas, eles não são.

Enquanto a indústria do turismo pode ser uma parte do nosso meio, a educação e conscientização é a nossa mensagem. Então, eu não acho que estamos na indústria do turismo, acho que estamos na indústria do conhecimento.

Em um mundo de rápidas mudanças, a educação continuada é a diferença entre o conhecimento passado (o que temos por meio da aprendizagem institucional) e conhecimentos atuais (o que temos por ser os alunos ao longo da vida.) É por isso que as comunidades e associações são mundialmente tão importantes, porque associações profissionais e comerciais fornecem educação continuada pós-graduação a uma maioria.

De certa forma, o setor de educação formal e nós temos muito em comum. Nós dois estamos muito centrados no conhecimento (ou deveria ser assim). E ninguém ainda descobriu exatamente como colocar um preço no conhecimento.

Mas, as sociedades bem-sucedidas colocam um valor enorme no conhecimento, e é por isso que todos nós precisamos parar de pensar que estamos na indústria do turismo, se o que nós ajudamos a construir é, ao final das contas, conhecimento.