Experiência de Marca

O mercado promocional gaúcho na visão de Patrícia Corrêa

No Rio Grande do Sul, mesmo que a passos pequenos e cuidados, o setor tem começando a demonstrar sinais de expansão. Para falar um pouco mais sobre esse crescimento, Promoview conversou com Patricia Corrêa, diretora da UP Time.

A Região Sul tem apresentando grande crescimento no mercado de live marketing. O Paraná é o principal mercado, com dezenas de agências localizadas em Curitiba, algumas inclusive com atuação nacional; Porto Alegre vem logo em seguida com um número interessante de agências promocionais e coligadas, atendendo demandas do centro do País.

No Rio Grande do Sul, mesmo que a passos pequenos e cuidados, o setor tem começando a demonstrar sinais de expansão. A cada ano, novas agências especializadas em marketing promocional surgem no Estado gaúcho, fomentando o mercado e abrindo espaço para ativações de grande porte.

Dentro desse cenário, destacam-se os profissionais que apostaram no Estado quando o conceito de live marketing ainda era pouco conhecido. Para falar um pouco mais sobre essa região que está crescendo a cada ano, Promoview conversou com Patrícia Corrêa, diretora da UP Time e que, neste ano, levou mais uma vez o Prêmio As Mais Influentes. Confira!!!

PATRICIA CORREA

Promoview: Discorra sobre a trajetória do mercado gaúcho desde que você tem lembranças. Talvez antes de 1995, o que você sabe? Você poderia citar nomes importantes dessa atividade do mercado gaúcho e o que eles realizaram?

Patrícia Corrêa: Acredito que a década de 70/80 começava a amadurecer o olhar dos consumidores quanto consumo mais consciente. Com isto todas as empresas precisaram mudar sua visão e sua atuação. Chamada a melhor época, todos os empresários investiam seus esforços na propaganda (mídia eletrônica, rádio e TV). Bastava anunciar e seu retorno estava garantido.

Nos anos 90, acredito ter dado o início da grande virada, pois não bastava mais falar somente na propaganda, precisava-se pensar em produto. Os consumidores precisavam de algo a mais. Foi aí que entendemos e discutíamos com nossos clientes que além do marketing era necessário promover e viver o produto. Anos difíceis com mudanças fortes, mas com perspectivas de uma nova forma de venda.

O marketing com promoção e vivência de produto. Já nos anos 2000 começaram a crescer as ações de marketing promocional, e as agências de publicidade perderam espaço para empresas especializadas nessas atividades, pois já não garantia venda suas marcas estarem somente na mídia tradicional.

A facilidade em medir o retorno do investimento feito em ações de marketing promocional também é outro fator decisivo para o desenvolvimento do segmento seja no Rio Grande do Sul ou em todo País. Enfrentamos resistências ainda, seja por sermos um Estado crítico, sem ousadia ou mesmo por nossas verbas serem infinitamente menores que o centro do País os estão localizados os grandes marketing e trade.

Lembro até hoje de vivências com a Vonpar com o Avancini. Cia Zaffari com Gilton Frizina, na Net com Antonio Gornatti ente tantos que acreditavam que marketing promocional era o caminho.

Depois seguimos com experiências inesquecíveis nos anos 2000 com Deise Dorneles quando veio Kuat, Coca Lemom, Kapo, Bavaria entre outras. Na entrada das telefonias começava de vez guerra promocional que segue até os dias de hoje. E que temos a grato prazer de conviver com cabeças como Agustin e Krieger que apostam em nosso mercado.

Nosso mercado ainda é tímido e com pouca ousadia aos meus olhos, mas apresentamos um crescimento de 5% em 2013, então vamos acreditar que ainda podemos mais.

Promoview: Qual é o tamanho do mercado promo no Rio Grande do Sul em faturamento?

Patrícia Corrêa: Bom, a Região Sul tem se destacado no setor, Porto Alegre, por exemplo, é a segunda principal cidade no mercado promocional do Sul do País.

Os últimos anos têm sido de grande desafio para o Estado, mas acredito que os gaúchos tem se saído muito bem. Em 2013, o mercado de live marketing nacional movimentou US$ 21,8 bilhões no Brasil.

O Rio Grande do Sul representa 8,48% desse setor, então acredito que fomos responsáveis por uma boa parte desse montante.

Promoview: O mercado promo fica ressentido por algumas questões, como trabalho Job a Job e longos prazos de pagamentos. Descreva essa rotina atualmente no Rio Grande do Sul e como você vê essa situação.

Patrícia Corrêa: Sim, no Rio Grande do Sul a proporção de agências que detém conta promocional dos clientes é rara, este privilégio fica para o centro do País. O Job a Job – concorrência custa caro para as agências, e, na maioria, os resultados são de baixa qualidade para o cliente, pois não se tem tempo de aprendizado daquela marca ou vivência com a mesma.

O tempo é curto, e a meu ver há uma visão errônea de que, ao fazer concorrência a cada job, a empresa ganha em receber mais ideias e propostas. Todas as empresas estão com seus departamentos mais enxutos. Então, para ser viável trabalhar fazendo concorrências, o profissional acaba brifando de maneira superficial. A empresa recebe várias propostas, mas todas muito mais superficiais, pois só com conhecimento profundo seremos assertivos. Atualmente, aqui no Estado somos o caixa do cliente, o que vem quebrando muitas agências.

Promoview: Patrícia, como você vê o futuro deste mercado de eventos e ações promocionais e por consequência das agências especializadas em ativações no mercado gaúcho?

Patrícia Corrêa: No Rio Grande do Sul, como disse anteriormente, seguimos buscando o crescimento, mas enfrentamos na maioria das vezes o problema do entendimento sobre o que e quem faz o quê. Todo mundo está conectado para entender aonde vão os caminhos da comunicação promocional.

Vivemos um momento de mudanças on-line e off-line, fora isto, temos a carência de inovação por falta de verbas dos clientes. Amo este mercado e vou lutar para que tenhamos futuro no Estado, mas não operamos sozinhos, precisamos que a cabeça do gaúcho mude e que a economia responda.

Promoview: Sabemos que não existe um mercado ideal, entretanto queríamos saber que atitudes você considera que seriam positivas para o mercado se fossem adotadas.

Patrícia Corrêa: Orientação e divulgação de nossos negócios para a área de suprimentos das empresas, para que saibam o que estão cotando. Mudança de comportamento nas concorrências, como a análise do objeto social, análise tributária e empresas concorrentes do mesmo porte, só assim teremos concorrência competitiva de verdade. Além do crescimento acadêmico do live marketing, para que tenhamos jovens preparados.

Promoview: Patricia, conte-nos alguma história curiosa que você tenha participado ou que tenha acontecido com a sua agência nestes anos de atuação no live marketing.

Patrícia Corrêa: Esta tem muitos anos, mas é válida, pois ainda temos casos semelhantes acontecendo. Fomos chamados para ativação de um produto na Serra Gaúcha nos meses de julho e agosto, meses de extremo frio na região, com temperaturas entre cinco a dez graus.

O produto a ser ativado era um suco de fruta tipicamente nordestino. Qual chance de sucesso desta ativação no inverno? O tamanho de nosso País e as diferentes temperaturas, nos obrigam a estarmos atentos às diferenças climáticas e características regionais, antes de mais nada.