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Morre o jornalista Gilberto Dimenstein, aos 63 anos

Intelectual, ganhou maior prêmio de literatura do país e discutiu problemas sociais em suas obras


Gilberto Dimenstein 

Nascido em São Paulo em 28 de agosto de 1956, Gilberto Dimenstein, que morreu nesta sexta-feira (29) aos 63 anos, foi, além de jornalista, escritor. Ele ganhou as principais premiações brasileiras de jornalismo, o prêmio Esso, em mais de uma ocasião, e de literatura, o Jabuti. Foi reconhecido pelo seu trabalho ao abordar problemas sociais.

Dimenstein se formou na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, e começou a atuar no jornalismo em 1977, na revista Shalon (SP), da Comunidade Judaica do Brasil. Ao longo de sua carreira, publicou mais de dez livros (leia mais abaixo).

Ele foi colunista da Folha de S.Paulo, comentarista da Rádio CBN e criador do portal “Catraca Livre”. Na Folha de S.Paulo, foi diretor na sucursal de Brasília e correspondente em Nova York. Ele também passou pela redação dos jornais “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “Correio Braziliense”, “Última Hora” e das revistas “Educação”, “Visão” e “Veja”.

Dimenstein foi o fundador da organização não governamental (ONG) Cidade Escola Aprendiz, criada a partir de um projeto experimental de comunicação e educação com alunos do ensino médio em 1997. O projeto “Bairro-escola”, da organização, foi reconhecido pela Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância] como modelo em educação a ser replicado mundialmente.

Ele também foi um dos fundadores da ONG Agência Nacional de Direitos da Infância (Andi), que busca ampliar e aprimorar a abordagem do tema da infância e da adolescência na grande imprensa.

Dimenstein ganhou, ainda, o Prêmio Nacional de Direitos Humanos junto com Paulo de Evaristo Arns, e o Prêmio Criança e Paz, do Unicef, tendo recebido menção honrosa do Prêmio Maria Moors Cabot, da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova York.

‘Cidadão de papel’ e prêmio Jabuti

Em 1993, publicou “O Cidadão de Papel”, que ganhou o prêmio Jabuti de melhor livro de não ficção daquele ano. Na obra, o autor busca mostrar o desrespeito aos direitos humanos na nossa sociedade e apresenta uma rede que une o assassinato de crianças, a violência, a fome e a falta de escola com o desenvolvimento da economia, a crise da educação, a falta de emprego.

O livro discute o papel dos jovens como cidadãos de deveres e direitos, analisa o funcionamento das instituições do país e trata de questões sociais como a má distribuição de renda e a desigualdade social. A obra também traz reflexões sobre documentos como a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”.

Dimenstein também escreveu livros como “Aprendiz do Futuro – Cidadania Hoje e Amanhã” (2005), “Meninas da Noite” (1992) e “Quebra-Cabeça Brasil – Temas de Cidadania na História do Brasil” (2003).

A atenção dada por Dimenstein à temática social se intensificou no início da década de 1990, após receber uma bolsa de estudos da MacArthur Foundation para investigar a violência e a prostituição de crianças na Amazônia. As investigações resultaram na obra “Meninas da Noite”.