Feiras

CES encerra com sucesso e mostra que é viável grandes feiras em meio a Covid

Apesar da desistência da participação de algumas grandes empresas, evento sinaliza a possibilidade dos encontros da indústria sob protocolos de segurança

Esqueça as grandes TVs e os aparelhos da moda. A capacidade de adaptação do CES, seus expositores, apresentadores e participantes foi a atração mais impactante da mostra deste ano.

A edição de 2022 da Costumer Electronic Show  trouxe um aviso para o circuito de eventos deste ano, indicando que é viável e seguro realizar grandes feiras de negócios ou qualquer outro evento presencial mesmo diante do quadro mundial da Covid. 

A realização da maior feira de eletrônicos do mundo foi viabilizada por conta de um grande esforço da indústria M.I.C.E americana que não podia mais ficar parada e fez as coisas acontecerem, orientando expositores, trabalhando rigorosamente dentro dos protocolos e enfrentando a desistência de última hora das grandes marcas. 

Foi sem dúvida uma vitória para classe de promotores de eventos e venues americana com reflexos em todo o mundo.

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Aqui no Brasil o setor ainda não encontrou meios para reagir. E é importante considerar que não houve nenhum caso de Covid registrado no ambiente das feiras de negócios já realizadas por aqui. Mesmo assim a confusão feita pelas autoridades brasileiras nos critérios como o do passaporte da vacina, atrapalha o planejamento de promotores e expositores.

Lá fora, apesar de um momento desfavorável em NY com restaurantes e a Broadway fechada, o Javits Center de Nova York, que foi hospital de campanha em 2020, será palco entre os dias 16 e 18 de janeiro da National Retail Federation (NRF) a grande mostra do varejo. 

NRF-acontece no Jarvis Center em NY

Com mais de 800 expositores, até o momento a mostra não anunciou nenhuma nova restrição. O programa exigirá comprovante de vacinação e máscara e disponibilizará testes rápidos no local. Os participantes são aconselhados a fazer um teste antes de viajar para assistir ao show, mas o teste não é obrigatório.

Em um e-mail  enviado aos palestrantes do “Big Show”, a NRF disse que, enquanto os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do Estado de Nova York e Manhattan considerarem o evento seguro, ele ocorrerá conforme planejado.

“Não temos planos neste momento de nos tornarmos virtuais, mas se essa decisão for tomada, é provável que demore devido à complexidade desse pivô”, disse a NRF por e-mail.

Apesar dos problemas, como a desistência de grandes marcas veja aqui a CES também mostrou ao mundo que este tipo de evento pode acontecer, com os participantes fazendo uso de máscaras e completamente vacinados e com os promotores e organizações investindo em testes de Covid. 

Inclusive deve ajudar na argumentação e nas negociações aqui no Brasil que seguem travadas e cercada de dúvidas.

A APAS marcou a realização do seu show para Maio após dois cancelamentos. Mas ainda não confirmou a participação de nenhuma grande marca, o que sinaliza a dificuldade para convencimento dos expositores nas reuniões que estão acontecendo nos bastidores.

O exemplo da CES mostra que uma grande redução no tamanho de uma feira negócios nem sempre prejudica a imagem do empreendimento. Em Las Vegas o público da CES deste ano ficou em dezenas de milhares de pessoas (e não centenas de milhares, como nas edições anteriores). Mesmo assim foi um dos maiores encontros da indústria desde o início da pandemia.

“Esses eventos podem acontecer de forma responsável e a CES mostrou isso. As pessoas estavam usando máscara. Eles têm sido muito diligentes com os protocolos. Tudo estava muito organizado”, disse Roxy Fata, chief operating officer da Infinite Objects.

Geralmente, cerca de 170 mil pessoas comparecem à CES. No ano passado, o evento aconteceu apenas no ambiente virtual, por conta da pandemia. A Consumer Technology Association irá divulgar os números da edição de 2022 nos próximos dias, mas, pela percepção de quem esteve no evento, as filas eram menores e os saguões dos hotéis estavam menos lotados do que de costume.

Fata foi a única membro da empresa a comparecer a CES, depois de a companhia ter desistido de comparecer presencialmente ao evento. A profissional fez uma palestra em um simpósio da programação e permaneceu por cerca de 23 horas na cidade. Segundo ela, sua estadia no hotel custou a metade das taxas habituais. “Valeu a pena, com certeza”, declarou.

CES superou trauma da Covid e mostrou a viabilidade da realização de feiras mesmo em meio a Covid 19

Ainda que muitas empresas mantenham os cuidados extras de não pressionar seus funcionários a participarem de conferências presenciais, há outras empresas que estão se preparando para quebrar a quarentena. Marcas e profissionais de marketing participam de eventos ao vivo, como a CES, para fazer networking e também para acompanhar as mais recentes inovações. 

Durante a pandemia, as companhias tiveram de se adaptar; agora, com a retomada dos eventos ao vivo, elas devem também estar prontas para ter uma alternativa virtual caso os planos mudem de repente, de acordo com Laura Mignott, CEO da D-Flash, agência sediada em Nova York.

A profissional diz que as empresas tem que avaliar os riscos que pretende correr e planeja estar no Cannes Lions em junho, um dos principais eventos para a indústria de publicidade. “Nossos clientes não estão se esquivando. Mas também estamos procurando coisas que fazem sentido, que se alinhem com marcas que entendem o que acontecem nos últimos dois anos e meio”, declarou.

Os líderes das áreas de marketing e eventos já estão de olho em Cannes, em junho. E há, também, eventos novos que vêm despertando o interesse da indústria, como a NFT.NYC, que fez sucesso entre os criptoempreendedores no ano passado.

Ainda nos Estados Unidos outro grande evento que extrapola os corredores de pavilhões também confirmou a realização.

O South by Southwest, um dos festivais mais importantes da indústria da mídia e tecnologia, realizado em Austin, divulgou um comunicado de que manterá a versão presencial do evento, junto com um conteúdo digital, em março. Enquanto isso, marcas que desistiram de comparecer presencialmente em Las Vegas, ainda tem planos de enviar equipe para a Kitchen and Bath Industry Show em Orlando, em fevereiro.

Os organizadores do SxSw esperam que os shows atraia as pessoas para a cidade em março, já que o festival é um dos principais motores econômicos e culturais para a comunidade criativa.

 “O SxSw está avançando para um evento presencial com opções adicionais de participação e experiências”, declarou um porta-voz do evento, em comunicado divulgado esta semana. “Reconhecendo que o cenário da Covid-19 muda rapidamente, o melhor que temos a fazer é continuar trabalhando em parceria com a cidade de Austin e as autoridades de saúde da cidade para definir os próximos passos”, declarou a organização.