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Uber desiste de patrocinar Carnaval do Rio e revolta presidente da Riotur

Decisão afeta os desfiles do grupo Especial, que já sofreu com o fim do contrato com o Guanabara, e da Intendente Magalhães; prisão de Chiquinho da Mangueira motivou a saída da empresa americana, diz Marcelo Alves<br />  

A três meses do Carnaval, a folia carioca sofreu mais uma baixa entre os seus patrocinadores. Na noite desta quarta-feira, a Uber comunicou à direção da Riotur que não apoiará mais os desfiles do Grupo Especial em 2019. A decisão também afetará os desfiles da Intendente Magalhães. 

A empresa, que já havia patrocinado os desfiles do Grupo Especial em 2018 e tinha acertado a verba para 2019, tinha um contrato de R$ 500 mil para cada uma das 14 escolas de samba e mais de R$ 2 milhões destinados à Intendente, de acordo com Marcelo Alves, presidente da Riotur. 

Segundo Marcelo, a alegação da Uber é a prisão do deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PSC) e também presidente da agremiação Verde Rosa. O parlamentar foi preso durante a Operação Furna da Onça, suspeito de integrar um esquema criminoso que usava a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) a serviço do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), em troca de propina mensal, chamada de “mensalinho”. As investigações apontam que Chiquinho recebeu mais de R$ 3 milhões. 

Para o presidente da Riotur, a alegação da empresa americana não é um motivo para a baixa. “Eles estão desistindo do maior evento de entretenimento do Rio de Janeiro, a dias do evento. É um desrespeito com a cidade, com o evento e com os profissionais envolvidos”, ressalta Marcelo. 

“Eles (Uber) não podem prejudicar todas as 14 escolas por causa de uma única pessoa e ele já foi desligado da diretoria da escola. Tem também com a Intendente Magalhães, o que ela tem a ver com isso?”, indaga. Para ele, a medida é uma atitude equivocada e radical. “Se é uma regra interna deles, que eles tivessem dito isso há oito meses e não a dias do Carnaval”, completa. 

O contrato entre a Riotur e a Uber prevê uma multa, Marcelo não comenta o valor, mas afirma que a penalidade não vai suprir o que a folia carioca precisa. Ele diz que a companhia já está tomando as medidas jurídicas cabíveis. 

“Nós estamos em um ano de muita crise em diversos setores e nós, que trabalhamos no turismo, estamos nos desdobrando para suprir essa falta de verba pública. As escolas já fazem o seu planejamento contando com esse recurso”, comenta. “Como a gente vai suprir isso? Se fosse há uma decisão há oito meses a gente teria alternativas, mas agora, a um mês e meio do Carnaval. É uma ação desastrosa”, finaliza. 

À noite, a Estação Primeira de Mangueira informou, por um post no Facebook, que cancelaria seus ensaios na quadra da escola nas quatro primeiros sábados de dezembro, retornando no dia 29 para o pré-Réveillon. “Em busca de soluções práticas para tornar viável o desfile de 2019, se adequando a dura realidade imposta às escolas de samba pela falta de compromisso no repasse de verbas da Prefeitura do Rio e do acordo firmado com a empresa UBER, a instituição informa que realizará uma série de cortes na equipe de trabalho, assim como estão cancelados os ensaios na Quadra nos dias 01, 08, 15 e 22 de dezembro, retornando suas atividades no Palácio do Samba no dia 29, com seu já tradicional pré-réveillon”, diz trecho do comunicado. 

O anúncio da Uber é a segunda desistência de patrocínio em pouco mais de uma semana. O colunista Leo Dias havia noticiado que a rede de supermercados Guanabara tinha desistido de financiar a folia na Marquês de Sapucaí. Por conta da saída, o tradicional camarote Guanabara também está fora do Carnaval 2019. Procurada pelo DIA, a Uber confirmou que não patrocinará o Carnaval do Rio em 2019. 

No entanto, não informou sobre o motivo da desistência. A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) não foi encontrada para comentar os impactos na folia do próximo ano. A Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil (Liesb) responsável pelos desfile na Intendente Magalhães disse que ainda não foi notificada pela Riotur sobre a desistência da Uber. 

Em nota, o Guanabara disse que o Carnaval do Rio é um evento pelo qual a rede tem profunda admiração e respeito. Mas em 2019 os investimentos que eram destinados à festa serão direcionados a outros eventos ao longo de todo o ano, além de uma parte ser revertida em mais ofertas para os clientes.