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TikTok vai permitir que especialistas acessem seu algoritmo

A briga maior da rede social da ByteDance é com o Facebook, óbvio, mas não apenas porque este vem buscado copiar o formato do TikTok.

Além das críticas bastante severas sobre a concorrência, o CEO Kevin Mayer aproveitou uma publicação no blog oficial do TikTok na quarta (29) para anunciar algumas medidas que buscam aumentar a transparência da plataforma. 

Isso inclui a decisão surpreendente da plataforma de abrir ainda mais o acesso a seu algoritmo e a permissão a especialistas de observar “Em tempo real as políticas de moderação”, nas palavras do executivo.

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No post, Mayer não apenas desafia a concorrência a seguir os passos como afirma que a rede social acredita que “Todas as empresas deveriam abrir o acesso de seus algoritmos, políticas de moderação e fluxo de dados a reguladores” e que o TikTok “Não vai esperar a regulação chegar”, e, sim, dar o primeiro passo para a formação do que ele chama de “Central de Transparência e Responsabilidade” da plataforma.

As-declarações do executivo não apenas são corroboradas por medidas anunciadas pela rede social já em março sobre a abertura de especialistas externos – que incluía aliás a criação da tal central – mas também estão cronometradas com o início dos testemunhos de alguns dos principais executivos do Vale do Silício no judiciário estadunidense. 

A partir de agora, os CEOs do Facebook, Google, Apple e Amazon devem começar a prestar contas a membros do Congresso dos EUA durante um painel antitruste que vai definir se estas empresas devem continuar livres de qualquer escrutínio do mercado, e o TikTok deve ser bastante mencionado nas sessões conforme o aplicativo de origem chinesa se tornou exemplo do tipo de “competição ideológica” que estes conglomerados enfrentam atualmente.

A briga maior da rede social da ByteDance é com o Facebook, óbvio, mas não apenas porque este vem buscado copiar o formato do TikTok. 

O CEO Mark Zuckerberg em diversas ocasiões fez a defesa da plataforma como ambiente de liberdade de expressão apontando a rival chinesa como inimigo a ser enfrentado, uma posição que muito provavelmente deve ser repetida na audiência no Congresso.

“Nós acreditamos em valores – democracia, competição, inclusão e liberdade de expressão – que a economia norte-americana foi construída em cima.” escreve Zuckerberg em um discurso inicial publicado na terça (28). “Muitas outras companhias de tecnologia compartilham estes valores, mas não há garantia de que nossos valores vencerão. Por exemplo, a China construiu sua própria versão da internet focada em ideais muito diferentes, e eles estão exportando a visão deles para outros países.”, concluiu.

É justamente este tipo de discurso que leva ao post escrito por Mayer no dia 29, não à toa intitulado “Competição justa e transparência beneficiam todos nós.”

O CEO, em determinado ponto do texto, chega a definir o posicionamento do Facebook e seu líder como ataques malignos “Disfarçados de patriotismo e destinados a acabar com a nossa presença nos EUA.”, além de comentar que sem o TikTok “Os anunciantes norte-americanos estariam de novo com poucas opções.” 

“Nós não somos políticos, nós não aceitamos propaganda política e não possuímos uma agenda – nosso único objetivo é continuar uma plataforma vibrante e dinâmica para que todos aproveitem.” continua Mayer na publicação, prometendo que a rede social “Vai continuar a lutar para providenciar a creators, usuários e marcas estadunidenses um espaço de entretenimento para os próximos anos.”

O ponto de toda essa treta remonta de novo à atual posição frágil do TikTok nos EUA, cujo governo vem considerando formas de bloquear a presença chinesa pelo aplicativo no país. 

Além de uma ideia de venda a investidores estadunidenses já ter sido ventilada, a companhia também vem promovendo ações que buscam aumentar a presença do negócio no país.

Isso inclui um fundo financeiro a criadores de conteúdo, a criação de um “campus” em Los Angeles, e, óbvio, a própria escolha de Mayer – ex chefe do Disney+ e por um tempo nome cotado para suceder Bob Iger na Disney – para o cargo de CEO.