Mídia

Globo reduz qualidade de vídeos para minimizar lentidão

Em seu comunicado empresa fala em colapso. Especialistas avaliam impacto

A pandemia do Covid-19 segue surpreendendo a todos e mostrando a sua extensão e potência. Afinal, quem imaginaria que a internet poderia chegar a um colapso?

A Globo anunciou no domingo (22/03), a limitação na entrega de dados a partir desta segunda-feira (23). A medida tem como objetivo gerar um perfil de consumo de tráfego mais conservador para evitar um possível colapso da infraestrutura de troca de tráfego público e também garantir uma experiência de qualidade em todas as plataformas.

A decisão foi tomada após a observação de um grande crescimento nas curvas de consumo da internet brasileira, como consequência do isolamento das famílias em suas residências. Medidas semelhantes já foram tomadas na Europa pela Netflix, Amazon e YouTube. 

Colapso?

Mas será que tanta gente sentada na frente da Globoplay, Netflix ou fazendo reuniões por videoconferência é capaz de levar nossa internet entrar ao colapso? A resposta curta é: .. Não!

“Eu não acredito que vá haver colapso, mas há grande risco de ter lentidão. Não interessa se os dados das empresas estão em um superdata center, que tenha a maior redundância do mundo. O caminho que essa informação percorria era do data center para o escritório, muito mais controlado e com capacidade de rede mais alta. Agora, o caminho será do data center para escritório e de lá para a casa da pessoa. E aí vai depender da conexão que a pessoa tem em sua casa.”, diz Tadeu Viana, diretor de vendas da Corning, que fornece fibra ótica para as operadoras.

Nelson Simões, diretor-geral da Rede Nacional de Pesquisa, responsável por conectar universidades, concorda. “Nas redes domésticas, há grandes chances de lentidão no que chamamos de última milha: nos períodos de maior uso, que talvez agora passe a ser o horário comercial”, explica. 

Isso, no entanto, está longe de significar um colapso da rede. A infraestrutura da internet é construída de modo a oferecer muito mais capacidade do que os consumidores precisam, diz. “Quando as empresas fazem uma rede, elas mensuram qual é o tráfego normal, digamos de [capacidade] 10. Eles não botam um cano de 10, mas um de 20. Elas dimensionam uma rede com a condição de que vá sobrar demanda”

Diante de toda a apreensão, a Anatel vai monitorar os planos de contingência das grandes operadoras, como Claro, Vivo, TIM e Oi. O Grupo de Gestão de Riscos e Acompanhamento do Desempenho das Redes de Telecomunicações (GGRR), da Anatel, vai analisar os relatórios diários de congestionamento das redes, interrupções de serviço e se as ações colocadas em prática serão efetivas caso a rede atinja certo grau de uso. 

Oportunidade para as teles

O que já dá para perceber é que, diferentemente do que ocorre com companhias de outros segmentos, as teles querem aproveitar esse momento para reforçar as vendas. Viana, da Corning, diz que algumas empresas têm questionado se é possível ampliar a oferta de fibra ótica. “Seja por trabalho ou por lazer, quando ficam em casa, os consumidores consomem mais banda. E, para a operadora, isso é oportunidade.

Entenda a redução da Globo

Os perfis de resoluções mais altas como 4K e Full HD (1080p) serão temporariamente suprimidos. A maior resolução para conteúdos ao vivo e em VOD será a HD (720p). A taxa de bitrate praticada na resolução Full HD, de 5,8 Mbps, cairá para 2,8 Mbps na transmissão HD. Um capítulo de novela com 60 minutos de conteúdo em Full HD, que consumia 2,5 Gb, passará a requerer 1,2 Gb, uma economia de dados de 52%. A mudança nos perfis também alcança os produtos G1, Globoesporte.com, GShow e Globosat Play. 

A medida só afeta o tráfego de dados, não havendo limites para a quantidade de vídeos nem para o total de horas consumidas.