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Copa do Catar 2022 e posicionamento de empresas e patrocinadoras

Com o acontecimento da Copa do Mundo 2022, há muito mais além das 32 seleções e uma bola rolando em campo

person holding gold trophy

Fonte: Unsplash

Um misto de ansiedade por mais uma Copa do Mundo bate de frente com as expectativas sobre posicionamento de empresas para esta edição. Afinal, antes mesmo de começar, a Copa do Catar já causou polêmicas e muitas discussões mundo afora.

A Copa do Mundo é um evento global, que envolve muito mais do que 32 seleções e uma bola rolando nos estádios-sede. Empresas de todo o mundo aproveitam o evento para se ligar de alguma forma ao que acontece, especialmente as que têm envolvimento com esportes, com as casas de apostas. 

A casa de jogos Betsbola aposta, por exemplo, dedica uma seção de seu site à competição mesmo anos antes do apito inicial, com apostas de longo prazo em quem será o campeão e, depois de definidos os jogos, vários mercados para cada partida.

Geralmente, as patrocinadoras oficiais fazem campanhas e sorteios para levar clientes, entre outras estratégias de marketing. Mas diante de discursos que preocupam tópicos que ferem os direitos humanos, a reação das empresas poderá ser diferente.

Polêmicas em torno da Copa do Mundo 2022

Antes de falar sobre o posicionamento de patrocinadoras, é essencial colocar tudo sob o contexto em que isso está acontecendo. Além disso, é importante lembrar que o Catar é um país predominante muçulmano e considerado rígido em termos de lei.

Há proibições relativamente leves, como a proibição de bebidas alcoólicas nos estádios, que por si só já causam problemas, inclusive, com patrocinadores da Copa. Mas muitas delas ferem os direitos humanos, como a prisão e pena de morte contra pessoas LGBTQIA+.

Nem mesmo o maior símbolo dos direitos LGBTQIA+ não poderá estar presente nos estádios: a bandeira arco-íris. Elas serão confiscadas, caso sejam localizadas, segundo a organização para “proteger” o torcedor. Cabe lembrar que no país é ilegal ser homossexual.

Além disso, pessoas que fizerem sexo fora do casamento poderão ser presas por até sete anos no país da Copa. Aliás, quaisquer tipos de demonstrações públicas de afeto devem ser evitados, independentemente da orientação sexual.

Maus tratos contra trabalhadores e migrantes

Além dos problemas que podem acontecer durante a Copa do Mundo, muitos direitos humanos já foram desrespeitados no Catar. Afinal, uma competição tão importante começa na formação de toda a estrutura do torneio.

Portanto, as construções de estádios e outras infraestruturas exigem mão-de-obra, boas condições de trabalho, bons salários e outros detalhes importantes, certo? Errado, pelo menos é o que aparenta não ter acontecido no Catar.

Apesar de ser um país rico, não faltaram queixas sobre leis trabalhistas que não favorecem o trabalhador, salários baixos e condições ruins de trabalho. Muitos trabalhadores tinham seus passaportes confiscados e não tinham meses de salários pagos por longas jornadas de trabalho.

Neste sentido, o jornal The Guardian investigou a morte de mais de 6.500 migrantes desde o período em que o Catar foi declarado sede da Copa de 2022. O número é muito diferente do declarado pelo governo catariano. Segundo a declaração, houve apenas 37 mortes durante a construção de estádios entre os anos de 2014 e 2020.

O posicionamento de seleções e patrocinadoras sobre as declarações

Muitos protestos acontecem em grandes eventos esportivos e isso já não é novidade. Por isso, podemos aguardar o mesmo quando se trata da Copa do Mundo do Catar, entre novembro e dezembro de 2022.

O País de Gales, um dos classificados para a edição deste ano, promete ser um dos responsáveis por boicote e protestos. Noel Mooney, chefe da Associação de Futebol do país, relatou que alguns funcionários da Associação de futebol do país não irão ao Catar. No entanto, considera injusto que muitos deles se privem de seus direitos por conta das declarações dos organizadores do evento.

Ainda acrescentou que os responsáveis por organizar os eventos deveriam ter cuidado ao escolher quem pode sediar torneios importantes. Afinal, com a realização de competições como uma Copa do Mundo, muitos direitos humanos podem ser deixados de lado.

Aliás, basta lembrar que declarações polêmicas também foram feitas antes da realização da Copa do Mundo da Rússia. No entanto, foi só a última edição começar que muitas questões foram colocadas debaixo do tapete e deixaram de ter a importância que deviam.

Além da seleção galesa, os patrocinadores oficiais de seleções não levarão convidados ao Catar. Este é o caso da ING e outras empresas que patrocinam a seleção holandesa – uma das favoritas para a conquista da Copa – , como Bitvavo, KPN, Nederlandse Loterij e Albert Heijn.

A Jupiler, marca de cerveja que patrocina a seleção belga ainda complementou que o esporte deve garantir inclusão e respeito a todos. Por isso, não distribuirá os ingressos que têm direito para levar convidados para a Copa do Mundo.

Restam alguns meses até a definição de muitos posicionamentos, tanto de empresas, quanto de seleções ou mesmo da organização da Copa. Mas fato é que ela provavelmente será muito diferente do que acompanhamos até aqui. É esperar para ver o que vai dar.