De festa de rua a uma indústria que fatura milhões e atrai turistas de todo o país. Assim pode ser descrita a mudança que foi sentida nos últimos anos nas festas de São João no Nordeste e que teve sequencia na temporada que terminou na última semana. Apesar do momento econômico no país, os festejos juninos surpreendem com suas estruturas grandiosas, patrocínios de grandes empresas do país e hotéis com boa ocupação de turistas.
O resultado dessa combinação, ao ritmo do forró, é uma movimentação cada vez maior nas cidades-pólo dos festejos. As duas cidades que disputam o posto de maior festa são Caruaru (PE) e Campina Grande (PB). Juntas, as duas promoveram festas durante todo o mês de junho e receberam no total, público superior a 3 milhões de pessoas, principalmente das regiões próximas.
Os dois municípios lideraram uma movimentação financeira de cerca de R$ 300 milhões que abrange outros pólos como Aracajú, no estado de Sergipe. As festas criaram até 15 mil empregos temporários, diretos e indiretos, segundo estimativas dos organizadores, o que é uma ótima noticia para os tempos atuais.
“Já faz tempo que o São João deixou de ser uma simples festa para atrair grandes empresas e marcas, que aproveitam a ocasião para distribuir brindes e realizar ações de marketing cada vez mais elaboradas”, observa Manoel Fonseca, diretor de Criação da IOIO, agência de Recife que coordenou as principais ações de live marketing na última temporada junina.
Grandes redes de restaurantes também montam unidades temporárias no meio da festa, em busca do público das classes A e B que visita os locais. Para atrair os turistas, os organizadores abrem mão da exclusividade do forró e contratam nomes consagrados como o sertanejo Michel Teló e a banda baiana Chiclete com Banana.
Só em Campina (a 132 km de João Pessoa) forma 2 milhões de pessoas festejando nos 31 dias de festa, movimentando entre R$ 110 milhões e R$ 115 milhões neste ano. Realizado em uma área de 42 mil metros quadrados (equivalente a seis campos de futebol), no Parque do Povo, o São João de Campina Grande reúne grandes patrocinadores, como grupo Pão de Açúcar, Montilla, Sky, Havaianas, Oi, Bradesco e Hyundai. Segundo Manoel Fonseca, o São João no Nordeste se torna algo cada vez mais profissional, com crescimento na movimentação financeira ano a ano.
A festa em Caruaru (a 130 km de Recife) reúne gigantes da propaganda nacional no pátio de Eventos Luiz "Lua" Gonzaga, em uma área total de festejos estimada em 100 mil metros quadrados (equivalente a cerca de 14 campos de futebol). Em 2017 o São João de Caruaru injetou R$ 130 milhões na economia local, com a passagem de 1 milhão de pessoas nos 30 dias de festa. Já é tradição em Caruaru os 17 hotéis (e seus 696 leitos) ficarem lotados durante os fins de semana do mês de junho. No fim de semana de abertura dos festejos a ocupação hoteleira chegou a 80%.
Nos demais, a rede ficou lotada. Por conta da quantidade de leitos insuficiente para a demanda, é comum moradores próximos ao Pátio do Forró alugarem suas casas para turistas. Os preços chegam a R$ 4.000 por fim de semana, dependendo da localização do imóvel. O gasto médio individual diário de quem visitou a cidade foi de R$ 315. Boa parte do movimento e da grande circulação de dinheiro deve-se ao perfil comercial da cidade, que se tornou referência do polo de confecções do agreste pernambucano. Segundo a prefeitura, os festejos juninos geram aproximadamente 10 mil empregos temporários.
"O mês de junho é o segundo melhor mês do ano na cidade. Só o comércio gera 2.500 postos de emprego temporários, sendo que cerca de 20% sempre são efetivados. O São João é fundamental para o comércio não só da cidade, pois aqui é um polo. Além dos turistas que compram, com a economia aquecida, os pernambucanos também gastam mais", destaca Manoel. "De maneira geral o Nordeste só tem a comemorar os festejos juninos em 2017, quebrando record de público e de indicadores econômicos acima do esperado. O São João voltou com tudo, muitas ativações de marca e muito engajamento, deixando os patrocinadores muito satisfeitos. E 2018 promete ainda mais com a provável melhoria da crise do país”, finaliza o diretor de criação da IOIO.
