Uma força-tarefa da Polícia Federal, do Ministério Público Estadual do RS e do Ministério Público de Contas investiga possíveis desvios de recursos da área de marketing que teriam causado prejuízo ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul — Banrisul. A suposta organização criminosa, integrada por alto funcionário do Banco, diretores de agências de publicidade e prestadores de serviços pode ter causado prejuízo de mais de R$ 10 milhões nos últimos 18 meses.

A investigação dá conta de que as ações de marketing do Banco, contratadas junto a agências publicitárias, seriam superfaturadas. De acordo com a PF, as campanhas eram terceirizadas a empresas que, por sua vez, subcontratavam os reais executores dos serviços. Estes, segundo a PF, cobravam preços muito menores do que aqueles pagos pelo Banco.
Pelo menos duas agências estão sendo investigadas na capital gaúcha. Na manhã do dia 02/09, uma pessoa que seria testemunha-chave no caso destacou que “pessoas recebiam propina” e que era apresentado um “orçamento definitivo”. Na hora da cobrança, “os valores eram superiores ao dito pela pessoa”. — Um projeto que seria em torno de R$ 350 mil foi faturado em R$ 546 mil — disse a testemunha em entrevista ao Jornal do Almoço.

Segundo a Polícia Federal, a Justiça Estadual, acionada pelo Ministério Público Estadual, autorizou o compartilhamento de informações com o Ministério Público de Contas, que requereu ao Tribunal de Contas do Estado inspeção especial no Banrisul — já determinada —, bem como com a Polícia Federal. Os supostos crimes apontados seriam evasão de divisas, ocultação de bens e valores e sonegação fiscal. A operação recebeu o nome de Mercari.

Ao todo, foram expedidos 11 mandados de busca e apreensão, sendo dez deles na Capital e um em Gravataí. Participaram da ação cerca de 76 policiais. A Polícia Federal no Rio Grande do Sul prendeu o superintendente de marketing do Banrisul, Walney Fehlberg, Gilson Stork, da agência SL&M, do Grupo Ogilvy e Armando D’Elia Neto diretor da DCS, do grupo WPP. Os três foram presos em flagrante por peculato e lavagem de dinheiro porque durante as buscas em residências e empresas a PF apreendeu dinheiro sem origem identificada. Até o momento, foi recolhido cerca de R$ 3 milhões em moeda nacional, dólares, euros e libra esterlina em poder dos três. Depois de homologar os flagrantes, a Justiça decretou a prisão preventiva dos envolvidos.

Governadora do Rio Grande do Sul se manifesta sobre o caso pelo Twitter
Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, pelo seu Twitter, avaliou que a força-tarefa, integrada pela Polícia Federal, Ministério Público e Ministério Público de Contas, deveria ter sido realizada pela Polícia Civil: “Leio as manchetes e vejo a confusão: a manchete poderia ser ‘operação da polícia civil…’ como foi ontem, onde nossa Civil, em operação rotineira, pois é muito eficiente em investigar e agir, prendeu mais de 370 pessoas, mais de sete mil pedras de crack, flagelo social”.
Yeda considera que foi “vetada” a participação da polícia estadual. “Por que foi vetada na operação do MPE? Por que não agiram como sempre em operações conjuntas dentro do Banrisul?”
“Defendo um patrimônio importantíssimo do Estado. A serviço do Estado, agora, acompanho o trabalho das autoridades”, disse. “Gostaria da polícia estadual junto. Banrisul não foi avisado, a polícia estadual não foi avisada, que estranho”, ressaltou.
A governadora também disse que será exigida investigação e transparência no caso.
Da redação com informações do Correio do Povo e Zero Hora.