Experiência de Marca

Vem pro 'bench'!

O inovar com ineditismo é difícil, pois raramente conseguimos pensar em algo que ninguém nunca pensou.

Já no começo deste texto, imagino que a palavra do título provoque dúvida, estranhamento e até mesmo alguns narizes torcidos, afinal, por que tudo tem de ser em inglês e o que é “bench”?!

Enquanto empreendedora conectada à educação, tecnologia e inovação, desde 2014, organizo e participo de eventos e iniciativas que fomentam encontros entre pessoas de diversos segmentos para que, através da tecnologia, pensem juntas, em equipes, sobre inovação! Os termos em inglês fazem parte desse universo, e, por isso, é bom conhecê-los.

Há dois caminhos para inovar: O ineditismo e o incremento. O inovar com ineditismo é difícil, pois raramente conseguimos pensar em algo que ninguém nunca pensou. 

Podemos-dizer que hoje os últimos modelos de carros autônomos, as criptomoedas e os novos índices financeiros e ambientais como o índice de sustentabilidade empresarial (ISE), base do Green Money (dinheiro verde), são algumas das inovações inéditas mais recentes, e estas envolvem investimento de tempo, capital e recursos diversos.

As inovações por incremento são as mais comuns. Elas demandam menos tempo para serem desenvolvidas, exigem conhecimento sobre o tema a ser melhorado e um olhar atento sobre tendências. 

Devem considerar as integrações com o legado, elencar demandas não atendidas e pontos de melhoria com base em reclamações ou solicitações de mercado. 

A partir dessas referências, muitos eventos e programas abrem espaço para que grupos de pessoas empreendedoras apresentem um pitch, ou seja, uma fala da ideia inovadora para algum produto ou serviço em 30 segundos, 3 minutos, entre outros tempos, dependendo do quanto precisam aprofundar sua proposta.

A “banca”, formada por um grupo de pessoas investidoras e/ou técnicas, analisa a viabilidade da proposta, sua capacidade de impacto, e se esta é passível de investimento.

Aqui, um ponto crítico é como o grupo consegue contextualizar seu diferencial frente ao mercado e principalmente à concorrência, para mostrar em que está inovando, e, nessa hora, é importante ter feito corretamente o exercício do benchmarking: Um estudo sobre a concorrência, sobre quem está liderando o mercado por meio de boas práticas, o que gera de efetividade (porque o mercado está validando na prática); reduz custos inclusive de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); aumenta o potencial da produtividade e da ampliação na margem de lucro, entre outros benefícios, que justificam um aporte de investimento.

E por que usamos tão pouco essa prática, mesmo em eventos de inovação? Porque há um grande receio de se expor ao olhar da concorrência, já que trocas exigem o exercício contínuo de se mostrar, de se assumir vulnerável. É preciso sair da zona de conforto.

As atividades de benchmarking são pouco usadas pelas empresas no Brasil, pois ainda há um grande preconceito sobre compartilhar conhecimento, algo fundamental para que a atividade seja efetiva. 

Se pensarmos nas condutas norteadas pela ESG, no benchmarking, todas as letras são atendidas quando se realiza esta etapa em colaboração. Pensar em melhorias dentro das empresas, geralmente com o foco em superar a concorrência, promove a competição, e a parte do “bench”/banco – repositório que pode acolher as diversas ideias e propostas –, que deveria servir para melhoria contínua de todos os envolvidos, vira um fator no aumento na disputa para saber quem sabe fazer melhor, afinal ser líder é considerado um diferencial competitivo. 

O “como atingir a excelência e manter-se no oceano azul” do segmento em que se atua é um trunfo para atrair talentos e investimentos.

Vamos pensar no mundo do desenvolvimento humano nas empresas: há grupos de profissionais do RH que promovem encontros para falar de boas práticas, e, mesmo neste ambiente mais voltado ao desenvolvimento de talentos, temas como plano de carreira, desenvolvimento de competências e premiações por desempenho são pouco compartilhados, gerando mais discussões do que trocas. 

Outros fóruns falam sobre tendências, no entanto muitas das estratégias inovadoras que funcionam não são divulgadas, porque acontecem em regiões com realidades diferenciadas e poucas vezes podem ser escaladas ou são consideradas estratégicas e têm sua divulgação vetada por regras rígidas de sigilo.

Durante o isolamento social, uma das áreas que mais compartilharam boas práticas foi a da Educação. Surgiram muitas comunidades e diversas pessoas que atuam com metodologias ativas na educação compartilharam conhecimento, tanto de forma gratuita quanto paga. 

Para acompanhar o crescimento do segmento, basta buscar os conteúdos diversos, disponíveis para consumo nas plataformas como Udemy, Hotmart, Coursera, entre outras, até mesmo o YouTube virou um grande portal de conteúdos diversificados de uso prático. 

Experimente dar uma busca rápida no Google por “YouTube Google Classroom”, a sala de aula mais usada pela Rede Municipal Brasileira durante a pandemia: temos aproximadamente 358.000.000 resultados em 0,62 segundos.

Essas ações ajudaram muitas pessoas conectadas à educação na recuperação de sua sanidade e qualidade de vida, visto que antes, a grande maioria atuava apenas de forma presencial, sem grande uso de tecnologias integradas às aulas. 

A pesquisa “A situação dos professores no Brasil durante a pandemia”, realizada pelo site Nova Escola com mais de 8,1 mil respondentes da Educação Básica, destacou que 72% dos educadores tiveram a saúde mental afetada durante a pandemia do novo Coronavírus. 

Muitas pesquisas verificaram que há lacunas não atendidas, e, no desejo de suprir estas demandas, diversas empresas, entidades, ONGs e até mesmo as unidades educacionais, têm desenvolvido tutoriais, materiais de orientação, fóruns, atraindo educadores para o uso de novos métodos com seus estudantes, gerando menos desgaste para lidar com as demandas das aulas à distância ou híbridas.

Um bom processo de benchmarking faz este exercício: Entende as dores, observa as brechas de oportunidades e busca soluções com foco em melhorias contínuas.

Uma empresa adepta à cultura inclusiva atua com metas, é consciente de seu papel social, exercita sua equipe para antecipar problemas, observar tendências, busca por brechas de oportunidades e melhorias contínuas, e valoriza os talentos que a compõem. São estas visões diversas e vivências plurais que somam aos processos de inovação e decisão estratégica. 

Atuar em rede para exercitar o benchmarking é fundamental para garantir que todos os stakeholders envolvidos se beneficiem, cocriando um ambiente mais sustentável e colaborativo. O Green Money virou selo de excelência. Vai ficar de fora? Vem pro “bench”!

 

Foto: Reprodução.